Vamos lá perceber...
O PSD está completamente esfrangalhado. Esfrangalhado, porque Passos Coelho o levou à exaustão, puxando-o o mais possível à direita - e, ao fazê-lo, encostou-se ao CDS, que teve de ir, ainda mais para a direita - retirando-lhe a possibilidade de parecer aquilo que nunca foi: um partido social-democrata.
O PSD de Rui Rio estava a recentrar-se, a procurar um espaço fora do espaço de Passos Coelho, mas tudo se passou já fora de tempo. Este já não é o tempo de nenhum dos "velhos" militantes, dos que vêm do passado, do tempo da "memória" do 25 de Abril. Aliás, este já não é o tempo de nenhuma das direitas "tradicionais". As direitas, agora, têm de ser populistas e, talvez, nacionalistas.
A social-democracia, em Portugal, está, agora, à esquerda - veja-se como as medidas económicas preconizadas pelo BE e, em parte, pelo PCP, se podem inscrever numa matriz keynesianista - mantendo uma "equilibrada" obediência aos ditames de Bruxelas. Assim, qualquer que seja a o arranjo "geringonçal" - desde que não se encoste ao PSD, facto que me parece impossível - as soluções tenderão para a social-democracia o que coloca, no curto prazo, um grave problema aos burocratas de Bruxelas e sobre o qual me debruçarei um dia destes.
De momento, só temos de aprender a viver com uma esquerda tendencialmente social-democrata e com uma direita em fase de esvaziamento para se transformar numa outra direita.
Espero que saibamos aguentar-nos estáveis no meio das transformações que se avizinham.