Vamos entender-nos?
Terá o actual ministro da Defesa Nacional uma política de destruição das Forças Armadas?
Julgo que não! É um pau-mandado do Governo, da classe política (com raras excepções) ou/e de Bruxelas.
Comecemos pelo início.
A tutela exercida pelo Conselho da Revolução, ou seja, os militares que substituíam um tribunal constitucional e político, que não existia no momento, não foi perdoada pela classe política ‒ e aqui destaco, com bastante ênfase, o PS, o PSD e o CDS ‒ e, por trás da desculpa de sustentar a democracia por receio de uma volta à ditadura fascista ou fascizante, foram-se tomando medidas para desmantelar, pouco a pouco, pedaço a pedaço, as Forças Armadas. Chegou-se à realidade actual que, em traços largos, se traduz por os efectivos dos três ramos serem iguais ou já inferiores aos dos da GNR com os da PSP.
Neste momento, reduzir mais as Forças Armadas atinge as raias do escândalo castrense e, até, nacional.
De repente surge uma reorganização dos comandos superiores das Forças Armadas; uma reorganização que não faz sentido na realidade nacional, nem se justifica para aumentar a eficiência das nossas forças.
É aqui que entram as minhas desconfianças, as minhas hipóteses e as minhas teses não provadas, embora, parece-me, verosímeis.
Vejamos.
O que é que falta à União Europeia para ser uma unidade política federal?
Duas únicas coisas, já que a soberania dos parlamentos nacionais foi fortemente amputada pelos tratados existentes, e que são: uma política externa uniforme e umas Forças Armadas verdadeiramente europeias.
Portugal, como “bom aluno” que é nesta “escola” de união de nações, está a preparar o caminho para a entrega das suas Forças Armadas às Forças Armadas da UE, fazendo-as depender de Bruxelas e da política que ali se traça. Em troca, aumenta as forças de segurança interna, que passarão a funcionar como a polícia militar no Brasil ou como a guarda nacional nos EUA (forças dependentes dos governos federais).
Assim, na suposição da verdade desta tese, percebe-se que os Chefes dos Estados-Maiores dos ramos deixam de ter papel relevante em toda a organização das Forças Armadas da UE, bastando para isso um único general, o CEMGFA, que será o interlocutor privilegiado no seio da defesa da União.
Ora, face ao que sugiro, digam-me se os ministros da Defesa Nacional dos últimos anos têm sido inaptos ou, pelo contrário, têm sabido cumprir o “dossiê secreto” de Bruxelas? Digam-me se a duplicação de meios navais entre a nossa Marinha e a GNR não encaixa na perfeição neste projecto?
Claro que, quando o “projecto” estiver quase completo em todos os Estados da União, só faltará decretar o fim dos Ministérios dos Negócios Estrangeiros para os tornar em engrenagem de transmissão de uma política externa da União.
Pensarão os mais cépticos que eu estou a delirar ou que sou um inventor de “conspirações”, mas creiam, a carapuça não me serve. E não serve por um só motivo: desde 1982 dediquei-me ao ensino superior militar e civil e, por consequência, a “abrir todas as janelas” da minha desconfiança científica sem desprezar as mais absurdas, pois só assim podia ajudar os meus alunos a pensarem sem preconceitos, sem barreiras prévias que lhes cortassem os caminhos da verdadeira investigação. Já não lecciono, mas não me dispenso de prestar um serviço comunitário que poderá ajudar quem o quiser aproveitar.