Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

14.11.19

Uma questão de sobrevivência?


Luís Alves de Fraga

 

O PCP, há quatro anos, alinhou com o PS na formação da dita “Geringonça”, mas, agora, recusa-se a estabelecer entendimentos com o Governo.

Vale a pena tentar perceber a razão deste “bloqueio”.

 

Em primeiro lugar, vejamos a posição perante os sindicatos.

O dos professores, com Mário Nogueira, quase entrou em ruptura com o PCP por causa de ter havido divergências na fase final do anterior mandato.

Depois, vem a CGTP, com Arménio Carlos, que se mantém intransigente perante uma política “branda” levada a cabo pelos socialistas.

Em seguida, vem a queda do eleitorado do partido, a qual pode ou não atribuir-se a uma chamada de atenção para a prática de uma política de “direita”.

 

Admito que os órgãos decisores do Partido Comunista estão a tentar, a todo o custo, evitar o desaparecimento daquela força política do panorama eleitoral português. E, segundo creio, julgam eles, só há uma forma de evitar a “derrocada”: manter a posição “revolucionária” de sempre, pois, uma vez mais, estão a ser ultrapassados pela extrema-esquerda na figura do Bloco (que ninguém tenha dúvidas, trata-se de um movimento que agrupa múltiplas tendências de esquerda radical). A táctica dos comunistas vai ser a do crocodilo: deixar que todos lhe batam na dura carapaça para, depois, quando os outros já não tiverem força, se erguer possante e capaz de prosseguir caminho. Foi o que fizeram na sequência do PREC, quando tiveram de ir a reboque da extrema esquerda e dela se desligaram logo a seguir ao 25 de Novembro de 1975.

 

Está certo ou está errado o PCP?

Na minha opinião, está certo, desde que evite, tanto quanto possível, fazer afirmações de compreensão e, até, apoio a governos de certos países onde, nominalmente, estão no poder forças comunistas, mas, na prática, tirânicas e ditatoriais. Essa “solidariedade”, só compreensível por certas áreas da “linha dura”, identifica-o com a memória do estalinismo soviético, num tempo em que havia que manter “alinhamento” com Moscovo, dentro da internacional comunista. Isso acabou e o PCP já só conta consigo mesmo e com a sua capacidade de sobrevivência. E esta passa, também, por, nacionalmente, manter o respeito de todos os que se lembram dele como única força política organizada capaz de combater a ditadura com galhardia e infinita teimosia.

 

O PCP faz falta à nossa democracia, porque a alternativa é perigosa, pois virá sempre de uma extrema esquerda inconsequente, pragmática e, por isso, difícil de lhe detectar rumos e objectivos.