Transcrição do “Expresso Curto” de hoje
«(…) procuradora-geral adjunta, Maria José Fernandes, pôs o dedo na ferida, num exercício crítico notável sobre o funcionamento do Ministério Público. “Acontece haver quem entenda a investigação criminal como uma extensão sobre outros poderes, sobretudo os de natureza política. Daí que sejamos surpreendidos, de vez em quando, com buscas cuja utilidade e necessidade é nenhuma”, escreveu. E ironizou: “procuradores que não hesitem em meios de recolha de prova intrusivos, humilhantes, necessários ou não, são o top da competência”.»
Está claro que o presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público reagiu e aqui cabe-me perguntar o seguinte aos nossos sindicalistas e aos nossos constitucionalistas:
Se o poder judicial é o terceiro que marca a democracia e a liberdade e tem sindicatos, qual a razão pela qual os deputados e o governo não têm sindicatos? E, já agora, qual o motivo de haver cortas nas liberdades dos militares e não as haver na dos magistrados?
Deixemos isso e passemos ao que o jornalista Miguel Prado escreveu de seguida ao que deixei transcrito em cima:
«O sindicato dos magistrados não gostou e o seu presidente, Adão Carvalho, imputou a Maria José Fernandes “claras deficiências de argumentação”, acusando-a de “profunda deslealdade”, por se pronunciar sobre processos ainda não concluídos e cujos magistrados estão sujeitos a um dever de reserva.»
E assim vai a política nacional, mostrando que todas as desconfianças, mesmo que não passem de meras hipóteses, são viáveis e legítimas.