Razões da aflição nacional
Naturalmente todos percebemos a necessidade e a urgência da retoma da actividade económica nacional. Temos familiares, amigos, conhecidos que ficaram sem emprego ou com salários muito reduzidos. Conhecemos alguém que teve de fechar a sua empresa.
Isto tem várias explicações, mas aquela de que não se fala é, na minha opinião, a mais importante de todas: o tipo de empresas existentes.
De facto, o tecido empresarial nacional é maioritariamente constituído por microempresas, mini empresas e pequenas empresas. São, por conseguinte, empresas que qualquer sopro as deita ao chão. Dão trabalho a pouca gente e não dão rendimentos significativos ao empresário. Estes não têm capital suficiente para suportar as convulsões do mercado, pois vivem nas margens do dia-a-dia.
Esta tendência caracteriza a cultura portuguesa: mais vale ser patrão do que ser empregado! Assim, há uma constante apetência para a criação de minúsculas empresas incapazes de suficiência financeira. Dependem, quase completamente, de empréstimos bancários; estão sempre com a corda na garganta.
Cabia aos poderes políticos alterar esta cultura, através da adopção de medidas tendentes à formação de quadros para trabalhos qualificados em empresas com dimensão média/grande; através de facilitar o investimento estrangeiro não em empresas de exploração de mão-de-obra de baixo custo, mas empresas capazes de absorver trabalhadores de médio/alto gabarito especializado.
Assim, em resumo muito sintético, o que sempre fez falta em Portugal foi governantes com visão estratégica capaz de estudar as conjunturas e os contextos dialécticos, gerando respostas integradas e altamente supervisionadas para determinar políticas formativas, fiscais e financeiras que contrariem hábitos velhos e frágeis num mundo de tremenda concorrência.