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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

18.09.18

Prós e Contras (A Educação em Portugal)


Luís Alves de Fraga

 

Ontem à noite estive a assistir ao programa da Fátima Campos Ferreira, na TV 1. Falou-se de Educação em Portugal.

Confesso que "aprendi" muito sobre o assunto!

 

Primeiro, antes de tudo o mais, "aprendi" que se pode sonhar alto em directo, na televisão!

Sonhar alto foi o que uma série de senhores fizeram naquele tempo de programa. Falaram de um futuro que, segundo afirmaram, vivem já hoje em pleno. O senhor Secretário de Estado falou de uma "escola" que só existe e só pode existir na cabeça dele e na de mais uns quantos visionários presentes ou não presentes no programa. Uma senhora directora de uma escola experimental baralhou-se e deu de novo em ideias curriculares incapazes de serem percebidas por quem quer que fosse. Um jovem, muito jovem, dissertou sobre a "participação dos alunos no processo educativo" nas escolas, tal e qual como eu poderia alvitrar a participação dos doentes internados num hospital sobre o modo de se fazerem operações clínicas e tratamentos de enfermagem. Uns senhores, na plateia, desataram a "delirar" sobre o ensino do presente voltado para o futuro. Às duas por três, pensei que se estava a falar de um outro país e de uns outros jovens bem diferentes de Portugal e dos Portugueses. Essa foi a minha segunda "aprendizagem".

 

Caí na realidade quando a Fátima Campos Ferreira deu a palavra a uma jovem de dezoito anos, aluna de uma qualquer escola, que participou, ou liderou, um grupo de trabalho para fornecer "ideias" para o "novo método de ensino" a pôr a funcionar nos nossos estabelecimentos.

Foi um balde de água fria! A menina mal sabia falar; baralhava-se nas ideias e usava palavras em inglês para dizer coisas que se podem dizer em língua nacional. A jovem foi, de modo bastante eloquente, o "bom" retrato dos nossos maus alunos do ensino básico e secundário!

 

É tão lindo quando ouvimos falar gente que está longe da realidade!

É que a realidade situa-se na incapacidade da esmagadora maioria dos nossos jovens serem capazes de "dar uma para a caixa"; não se sabem expressar, não têm ideias consolidadas, não tem determinação nem sonhos de futuro, porque, realmente, têm um total deficit de leitura seguida e continuada... sabem ler os textos de telemóvel e pouco mais e, nesses, somente aqueles que lhes despertam algum interesse.

 

O único interveniente no painel com os "pés no chão", bem desperto para a realidade do que são a escola e os alunos em Portugal, foi o Professor Paulo Guinote. Esse falou com conhecimento de causa e sem estar a "fazer fretes" ao Governo nem ao Ministério! Esse, sem mencionar a pobreza intelectual dos alunos, mencionou a pobreza material das escolas onde querem utilizar métodos de ensino que exigem uma riqueza que não existe. Esse referiu os milagres que os professores têm de fazer para interessar alunos desinteressados dos programas de ensino e desinteressados de saber seja o que for, a não ser generalidades, que não os integram em sociedade nenhuma e, menos ainda, em trabalho qualquer.

 

Depois de Paulo Guinote a única voz lúcida naquele painel feito de sonhadores, que desejavam ficar bem na fotografia, foi a de um director de uma escola profissional. E foi lúcido, porque tem de laborar com uma "massa" especialmente orientada para o mercado de trabalho, com objectivos bem determinados. Foi lúcido, porque chamou a atenção para aquilo que dá a possibilidade de cumprir com algum êxito o ensino: a ausência de programas rígidos impostos pelo Ministério, com latitude para acrescentar mais conhecimento teórico ao conhecimento prático.

 

Mas, o que não foi dito por nenhum dos intervenientes, é que, no ensino em Portugal, tem de haver, sem complexos e sem receios, a clara distinção entre duas "velocidades": a dos alunos sem capacidades de grandes progressos cognitivos, para quem o ensino de coisas "complexas" e "esquisitas" tem de parar por volta do nono ano e a dos alunos capazes de "irem mais além" e, por isso, com aptidões para entrarem em domínios mais exigentes do saber. Temos de aceitar que a grande maioria dos nossos jovens terá de ficar de fora do ensino superior, pelo menos, enquanto não tiver maturidade para "aprender a saber o que é saber".

Não é vergonha não ser capaz de se chegar ao ensino superior! Vergonha é "fazer" um curso superior e não conseguir expressar-se por escrito ou oralmente com correcção; ficar sem competências para exercer aquilo para que, supostamente, se devia estar preparado para fazer; ter um diploma e título académico e acabar em caixa de um supermercado. Isso é que é vergonha!

Vergonha é não criar escolas profissionais capazes de habilitar para o desempenho de actividades onde se ganhe a vida sem complexos de inferioridade, porque vergonha é não trabalhar!

 

Quando é que a Fátima Campos Ferreira faz um programa sobre ensino onde os teóricos cedam o lugar aos práticos?

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