Pedido à minha Neta Joana
Há pouco telefonei para a minha neta mais velha ‒ vinte e dois anos ‒ no intuito de averiguar se ia descer a Avenida. Claro que ia. Eu tinha a certeza. Fiz-lhe um pedido: leva dois cravos na mão; um, que é o teu, e outro, que é o meu e canta a “Grândola Vila Morena” duas vezes, se puderes: uma por ti e outra por mim.
Foi à minha neta Joana que fiz o pedido, porque, de todos, é a mais velha das meninas, porque é das mulheres que vem a força para os homens fazerem tudo o que fazem, porque são elas que dão continuidade à existência do ser humano… Mas o meu filho Luís também vai à manifestação, também desce a Avenida da Liberdade em minha representação. Foi para eles ‒ os meus filhos e os meus netos ‒ que eu comecei, antes de 1974, a escrever crónicas onde, como podia e me era permitido, passava lições de política, mensagens para acordar um país adormecido, um povo anestesiado. Foi pelos meus quatro filhos e pelos meus seis netos que me tenho mantido atento em defesa da Constituição Política de 1976.
Os próximos cinquenta anos vão ser deles; que ergam a chama da Liberdade o mais alto que puderem.
25 de Abril sempre!