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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

02.08.20

Páginas do Meu Diário - 1


Luís Alves de Fraga

 

11 de Fevereiro de 2019

Há exactamente um século o Diário de Notícias, de Lisboa, noticiava que, em S. Pedro do Sul, as tropas republicanas estabeleciam contacto com as monárquicas com vista a derrotar a, então, denominada Monarquia do Norte.

Não é preciso ser historiador para ficar a pensar no que se passou em Portugal nestes últimos cem anos. Às vezes, sinto-me esmagado pelo peso dos acontecimentos! Aconteceu tanta coisa e a memória da gente limpa, lava, pule, alisa tudo com uma imensa facilidade. É como se cada geração que nasce tivesse de aprender tudo de novo. E, na verdade, tudo poderia ser tão diferente se fossemos nascendo com a memória do passado. Quantos erros se evitariam! Quantas quase repetições se escusavam!

Mas não vale a pena falar de repetições em História, porque, malgrado o que dizem certos politólogos, a História não se repete; parece que se repete, mas nada é realmente igual ao passado. Pode ter laivos de semelhança, mas nunca se trata de uma igualdade.

Tudo isto me leva a ponderar que, dentro de pouco mais de um mês ocorre o meu aniversário natalício. Dá para pensar e reviver o passado.

Vi a luz do dia na rua Angelina Vidal, no número 36, no segundo andar do lado direito, na, então, freguesia da Graça, em Lisboa. Era, de acordo com o calendário católico, o dia dedicado a S. José. E, creio, passavam cinco minutos das sete da manhã quando fui considerado criatura viva. O mundo estava em guerra. O ano foi o de 1941.

Segundo rezam as memórias dos que lá estavam, no quarto dos meus pais, nasci de rabo ‒ parto que, para além de ser muito mais difícil, deu oportunidade à muito antiga expressão portuguesa nascer de cu virado para a Lua ‒ e foi graças à habilidade da parteira estrábica ‒ a D. Luísa ‒, que a minha mãe não sofreu muito mais dores.

Nasci no mesmo dia em que foi executado Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem dos Templários, em França, no século XIV, e na mesma data, mas do ano de 1933, em que foi plebiscitada a Constituição Política do Estado Corporativo português. Na véspera, as tropas britânicas haviam reconquistado a Somália inglesa, ocupada pelos Italianos.

 

12 de Fevereiro de 2019 (manhã)

Acordei cedo. Depois de tomar o pequeno-almoço, venho para o meu canto, no escritório, e, no computador, leio as novidades. É um hábito. Podia fumar um cigarro, contudo, abandonei esse vício no mês de Outubro de 1990. Se lá chegar, ainda poderei festejar a trintena de abstenção. Não limpei os pulmões. Nos últimos tempos fumava muito, talvez dois maços de cigarros por dia. E cá está, passados vários anos de ausência tabágica, um enfizema pulmonar a lembrar-me os erros da juventude e idade adulta!

E porquê fumar? Coisa de um namoro, uma paixão louca, que me devastou em vários aspectos, no fim dos meus dezassete anos e, para me fazer mais homem, vá de pendurar-me no cigarro! Ela, a namorada, foi-se, mas ele, o cigarro, ficou por muito tempo.

Voltando às novidades do Jornal de Notícias, fiquei impressionado com uma chamada de atenção, na primeira página, para um apontamento que vem lá dentro, mais para diante, que diz que o Estado reclama, em tribunal, lucros de prostituição em bar de alterne.

Estamos num tempo incontável! O Estado quer lucros sobre o trabalho das putas! O Estado, sem apelo nem agravo, virou chulo ou, dito de forma mais fina, proxeneta! Em boa verdade, julgo que o Estado foi sempre, nas suas mais diferentes formas e nos tempos mais distantes, um chulo dos cidadãos. Chulo, porque, em troca de algumas coisas que promete e nem sempre cumpre, nos suga o dinheiro ganho com esforço.

E é por causa do Estado que os cidadãos se vêem envolvidos em coisas estranhas, terríveis, muitas das vezes. E cá me salta a memória para tempos recuados, muito, mas mesmo muito, lá para trás, para quando nasci. E cá vou entrar por um longo solilóquio sobre o Estado noutros tempos.

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