Mentir por necessidade
Pablo Casado, o líder do Partido Popular espanhol, mentiu sobre as suas habilitações académicas. Mentiu descaradamente, dizendo que possuía um mestrado e cursos de pós-graduação obtidos na universidade Juan Carlos. Esta desmente categoricamente tais afirmações.
Por que mentem, com tanta falta de decoro sobre as suas habilitações académicas, os políticos, em Portugal, em Espanha e um pouco por toda a Europa e, já também, nas Américas?
Eis a questão que me coloco.
Sem qualquer estudo com base científica, mas usando a mera dedução, arrisco-me a dizer que este tipo de mentira está intimamente ligado à descredibilização da actividade política, a qual se vem desgastando com o tempo e o "efeito de consumo" no "mercado".
O que é isto?
Bom, os políticos, em todos os tempos, foram homens com a necessidade de serem aceites por aqueles sobre quem querem exercer a sua acção propondo-lhes programas e modos de vida. Para tal, têm de apresentar um perfil de responsabilidade, honorabilidade e honestidade para imporem respeito, admiração e credibilidade. No passado, o seu próprio passado, respondia por eles e dava-lhes o que careciam. Dava-lhes, porque o "mercado" político, financeiro e social não lhes desgastava tão rapidamente a imagem. Hoje, esse tal "mercado", por força da força da comunicação social, ou seja, da capacidade de ir mais longe e mais rapidamente aos mais recônditos pormenores da vida de cada um, expondo-os na praça pública, não bastam os valores de ontem para ser aceite pela sociedade, são necessário "pergaminhos" e esses vão buscar-se à instituição universitária, que ainda - não sei até quando - mantém uma imagem de seriedade e honra.
Esta é a minha explicação para a necessidade de mentir, de alguns, muitos, políticos sobre os seus graus académicos. Se assim for, acho que as universidades, para não serem arrastadas na praça pública da desonestidade, devem acautelar-se, não deixando os políticos retirarem-lhes o que os académicos levaram tantos séculos a construir.