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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

24.07.23

Forças Armadas Portuguesas


Luís Alves de Fraga

 

Neste tempo de guerra na Europa, acho conveniente que sejamos capazes de perguntarmo-nos para que servem as nossas Forças Armadas e qual a credibilidade das mesmas em cenário de campanha.

Todos os dias, quando vou até ao Instagram, vejo referências e verdadeira propaganda às nossas Forças Armadas e, se calhar, tal como eu, muitos outros portugueses que as “seguem” naquela rede social, ficando com a sensação de que temos um aparelho militar de superior qualidade e com material, homens e mulheres suficientes.

Ora, estando afastado do serviço activo há muitos anos, mas mantendo contactos com quem ainda está nas fileiras, posso garantir que de pouco ou nada serve o que temos, se atendermos à finalidade de umas forças armadas. Comecemos por aí.

 

As forças armadas num qualquer país têm uma finalidade da qual decorre outra: garantir a soberania e defesa da nação quando sujeita a um ataque militar exterior. Para que possam exercer esta finalidade, as forças armadas devem ser credíveis através do exercício do poder de dissuasão, ou seja, de levar um possível atacante a pensar duas vezes sobre se valerá a pena o ataque.

As nossas Forças Armadas (o Exército, a Marinha e a Força Aérea) não satisfazem a nenhum destes requisitos: nem nos defendem nem dissuadem ninguém de nos atacar.

Desde que o serviço militar se tornou voluntário e profissional, o número de soldados nas fileiras é exíguo: desactivaram-se quartéis, outros estão em regime de ocupação mínima, atribuíram-se funções, antes entregues a militares, a empresas de segurança, deixaram-se envelhecer os sistemas de armas e os poucos modernos ou modernizados são insuficientes para cumprir qualquer missão de defesa ou de cooperação nas alianças a que nos obrigámos.

Sobre o número de efectivos, basta lembrar que o somatório dos elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR) com os da Polícia de Segurança Pública (PSP) é maior do que o total das nossas Forças Armadas, facto que não satisfaz aos requisitos de qualquer lógica nem se justifica, porque, traduzido em palavras, isto quer dizer que os governantes em Portugal temem mais os seus concidadãos do que qualquer outra ameaça externa.

 

Se olharmos a existência das Forças Armadas do nosso país segundo uma perspectiva estratégica percebemos que os diferentes governos, depois de 1982, optaram por entregar a defesa nacional a dois tipos de aliança: à OTAN e à União Europeia, contando com a influência da ONU onde se dirimam certos conflitos. Assim, abandonou-se o sistema de recrutamento obrigatório (SMO), obrigando a uma presença nas fileiras da ordem dos vinte e quatro meses para, depois, se reduzir, primeiro para quatro meses de serviço e, de segida, para um sistema de voluntariado, integrando homens e mulheres.

Umas Forças Armadas deste tipo, em número reduzido, servem essencialmente como “artigo” diplomático, pois, são usadas pequenas parcelas para projectar Portugal no seio de alianças com efectivos militares exíguos ao serviço da ONU, da OTAN e da UE.

Admitindo que vou ser cáustico direi que tais forças armadas correspondem ao pelintra que, no Inverno, usa andrajos por baixo de um excelente sobretudo de marca internacional… Não lhe peçam para tirar o abafo!

 

Com a exigência da NATO para um aumento da quota do PIB destinado ao rearmamento dos países integrantes da aliança eu quero perceber como é que os nossos governos (presentes e futuros) vão “descalçar a bota” e, acima de tudo, como é que vão convencer os partidos políticos da oposição (seja ela qual for) assim como os portugueses quanto à necessidade de gastar dinheiro com aquilo que, vulgarmente se designa com certo desprezo, por “tropa”.