Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

09.02.19

Expresso da Meia-Noite


Luís Alves de Fraga

 

No último programa televisivo, discutiu-se a greve dos enfermeiros e a requisição civil. O debate valeu pelo que se ficou a saber através do que não foi dito, mais do que sobre o que foi afirmado. E valeu, na minha opinião, exclusivamente pela presença de dois intervenientes: Arménio Carlos e Garcia Pereira.

 

Realmente, Garcia Pereira deixou claro que os sindicatos inorgânicos são bem acolhidos pela extrema esquerda, acabando por fazer a política mais favorável à direita.

Este causídico, excelente no uso da palavra e hábil na argumentação, pôs “knockout” a porta-voz do Partido Socialista (PS), incapaz de se fazer ouvir e de replicar à altura da retórica esquerdista de Garcia Pereira. Não soube rebater o argumento do direito à recolha de subsídios para sustentar os prejuízos dos grevistas. Ao não conseguir isso possibilitou que fosse considerada ética a aceitação de greves “encomendadas”, pois a greve cirúrgica dos enfermeiros é, claramente, encomendada.

 

Tão encomendada que Arménio Carlos teve necessidade de evidenciar o valor da correcção das greves levadas a cabo pela CGTP onde se luta, efectivamente, e com claro prejuízo monetário dos trabalhadores, por melhores condições de trabalho. Este dirigente sindical foi linear, preciso e conciso na demonstração do que são greves orgânicas – teve, todavia, o cuidado de não condenar directamente a greve actual, deixando bem evidente o seu descontentamento por esse tipo de reivindicação – para toda a gente perceber o contraste entre a greve conduzida pela CGTP e a deste sindicato, cujo comandamento foge ao conhecimento e compreensão dos Portugueses.

 

Foi perceptível que Garcia Pereira não atacou Arménio Carlos nem este aquele. Tal atitude não resultou de uma tomada de posição táctica, mas de uma estratégia bem calculada. Garcia Pereira sabia, com certeza absoluta, da disposição de Arménio Carlos o desmascarar publicamente. Bastou-lhe ouvir o que o sindicalista disse quanto ao que de mais importante era necessário defender: o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para a CGTP, estando ao lado de reivindicações justas de pessoal de saúde, é indeclinável a defesa prioritária do valor único e constitucional do SNS. Será que o braço-de-ferro dos enfermeiros tem como objectivo prioritário essa defesa? Está, cada vez mais claro, que não!

Foi desta argumentação que Garcia Pereira teve receio. Calou-se e encaixou. Ficou, para quem assistiu ao debate, a possibilidade de perceber onde está a razão, a ponderação e a verdadeira defesa do interesse nacional e onde se situa o egoísmo, o desinteresse pelas consequências e a indiferença por quem sofre de males físicos.

 

Como ponto final deste apontamento, tenho de realçar a excessiva agressividade dos representantes do “Expresso” na condução do diálogo, particularmente visível na constante interrupção daqueles que estavam no uso da palavra, impossibilitando-os de levarem até ao fim o seu raciocínio. Para tal efeito, já bastavam as provocações de Garcia Pereira.