Do SIS até à asneira
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP tem dado dos nossos deputados a pior das imagens que se possa desejar para um Estado democrático e de direito. Aquilo parece mais um pátio alfacinha dos primeiros anos do século XX do que um lugar onde a decência e o bom senso deviam imperar. Ali é um lavar de roupa suja, procurando cada partido ser mais contundente e badalhoco do que o anterior. Por lá não se quer apurar verdade nenhuma, pelo contrário, quer-se enlamear o Governo de modo a preparar a opinião pública para um “acontecimento decisivo nacional” que faça saltar de S. Bento António Costa (a minha simpatia em relação ao homem é reduzida) e o Partido Socialista.
Mas se o lavar de roupa suja naquele pátio alfacinha já vai na roupa íntima o certo é que ao meter o Serviço de Informações de Segurança (SIS) ao barulho ultrapassa tudo o que manda o recato de um Estado que se quer digno e respeitado no concerto dos Estados do mundo.
O SIS não é uma polícia no sentido clássico do termo; é um serviço que nos garante a segurança interna contra todas as ameaças que nos possam fazer correr riscos colectivos. O SIS não prende, não tortura, não inibe a liberdade; o SIS acompanha a vida nacional em combinação com serviços similares estrangeiros para avaliar quem, onde e quando pode gerar uma ameaça à normalidade do nosso quotidiano. As informações que colhe nem sempre serão utilizadas ou divulgadas às entidades policiais ou judiciárias, porque não contêm matéria capaz de indiciar um ilícito criminal. Os seus agentes trabalham na sombra sem necessidade de publicidade. Aliás, esta constitui a maior e pior ameaça para o bom êxito daqueles serviços, daí que seja vergonhoso o espectáculo que os nossos (?) deputados estão a dar perante o mundo.
Claro que os órgãos de comunicação social acabam prestando um péssimo serviço a todos nós, dando cobertura à banalização da acção do SIS: o que está em causa é a boa ou má gestão da TAP e dos representantes do Governo nela acrescida da irresponsabilidade ou/e da falta de orientação governamental. É isto que tem de ser averiguado e não a razão de o SIS ter tido algum papel na apreensão do computador do assessor do ministro.
Ontem, num dos canais de televisão, foi entrevistado o engenheiro Ângelo Correia. Por norma, estou quase sempre em desacordo com o que diz. Desta feita ele disse o que acabo de dizer e mais aquilo que tenho andado a repetir quanto ao assunto TAP.