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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

13.09.23

Comparações castrenses


Luís Alves de Fraga

 

Dada a minha formação militar inicial (comecei aos treze anos a fazer continência e a marchar ao toque de caixa) tenho uma natural tendência a, em certas circunstâncias, reduzir as grandes questões políticas a modelos militares. Hoje, por causa da conversa com um velho amigo e camarada de há sessenta e oito anos, veio-me à cabeça esta ideia simplista: vamos comparar Portugal a um dos diferentes escalões em que se organizam as forças militares terrestres.

 

Comecemos por estabelecer os efectivos de cada escalão que nos interessa: um batalhão corresponde a três companhias e um regimento a quatro batalhões, sendo que cada companhia tem, em média cento e trinta homens, daí que um batalhão tem trezentos e noventa militares, donde, um regimento terá à volta de mil quinhentos e sessenta soldados, sargentos e praças. O comando de um regimento pertence a um coronel, o de um batalhão a um tenente-coronel e o de uma companhia a um capitão.

Todos os militares, nos diferentes escalões, têm a sua função bem definida, desde o simples praça ao coronel.

 

Imaginemos, agora, que neste hipotético regimento, o coronel começa a desejar ser major-general; se tal ocorrer, terá de ter generais de brigada ‒ pelo menos, dois ‒ e isso dará origem a que os majores e capitães reclamem maiores graduações, o mesmo acontecendo com os sargentos, chegando os cabos a exigir postos mais altos. Quer dizer, desregulámos por completo o regimento inicial e criámos uma bagunça reivindicativa e pouco ou nada funcional. E porquê? Tão-somente, porque houve alguém que fez a pressão necessária para beneficiar de um posto que não devia ter. O erro está no coronel que quis se major-general? Não! O erro está em quem cede às pressões e permite a desregulação do modelo, o mesmo é dizer que vivemos condicionados pelos grupos de lobistas que para impor os seus interesses são capazes de esquecer o mundo real para o transformar num caos.

Querem saber a razão dos maus funcionamentos políticos nacionais? Procurem os grupos de interesses e de pressão… Portugal é diminuto para tanto interesse e tanta ambição.