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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

07.07.21

As manhas do Júdice


Luís Alves de Fraga

 

Vi ontem, na televisão, mais uma diatribe deste comentador de coisa nenhuma. Vejo, porque, usando a mesma expressão dele, temos de admitir que até o mais ignorante, o mais estúpido, o mais incapaz dos nossos interlocutores pode ter, por trás das suas palavras, uma estratégia de comunicação. Ora, ele não é nem ignorante, nem estúpido, nem incapaz, por isso, tem, de certeza, uma estratégia de comunicação, por isso, quando aponta erros aos governantes ou lhes faz elogios, tem um qualquer objectivo em mente.

 

Ontem, José Miguel Júdice defendeu duas ideias fundamentais: Governo, através da comunicação social, manipula a opinião pública (implicitamente está a acusar os jornalistas de estarem vendidos aos governantes) e as medidas adoptadas no combate à Covid 19 e suas variantes são erradas, tomando como base o número de mortes. O resto do que disse, pouco ou nenhum interesse tem para análise crítica.

Vejamos a questão dos números de mortes e a descarada manipulação que ele fez, perante os nossos olhos e ouvidos, para colocar em xeque o Governo e as autoridades de saúde, advogando o princípio do fim das medidas de confinamento para evitar a expansão do vírus.

 

Pegou no número total de mortes do ano passado de doenças várias e no de falecidos com Covid. Concluiu, como não podia deixar de ser, que a percentagem de mortos resultantes da pandemia era ínfima quando comparada com os de todas as outras doenças. Assim, José Miguel Júdice, de uma forma pouco explícita, mas suficientemente insidiosa, defende ser mais importante a economia do que a saúde, pois morre-se pouco em resultado da pandemia. Para ele, as medidas hesitantes, erráticas e ziguezagueantes do Governo, no que toca às soluções de combate à Covid 19, são resultado de desnorte. Para mim, como para quem sabe o que é lutar contra algo que não actua com racionalidade, os erros dos governantes resultam, precisamente, do comportamento variável e não controlável do vírus.

Júdice bateu-se, usando os argumentos da mortalidade e é aqui que está a manha, a manhosice, do advogado e proprietário da Quinta das Lágrimas, em Coimbra!

Expliquemo-nos.

 

Quando foi da segunda vaga, neste Inverno, os hospitais encheram-se de doentes com Covid, não tendo capacidade para tratar outras urgências comuns àquela época do ano, bem como de outras doenças não sazonais. É aqui que está o problema e não no número de mortos, que lamentamos!

Dando a volta como fez, José Miguel Júdice, ao colocar a tónica nas mortes retira-a dos internamentos, gerando a impressão de que a Covid 19 não tem gravidade, se pode tratar em casa e não passa de uma doença igual e de risco semelhante a uma pneumonia, uma gripe ou, até, uma constipação.

A distância entre a posição de José Miguel Júdice e a de Bolsonaro é nula, embora a forma de dar a volta à questão seja muito mais inteligente do que a do boçal capitão eleito Presidente da República brasileira.

Este causídico português ou está a perder qualidades ou menospreza os adversários, ao contrário do que começou por dizer ontem.

E dá-se palco, microfone e audiência a este antigo integrante do MDLP, ramo armado da extrema-direita portuguesa!

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