Andava eu por aí…
Rui Rio ganhou.
‒ Mas ganhou o quê?
‒ Um partido despedaçado, sem uma ideologia dominante, sem um projecto capaz de oposição. Ganhou um partido em desconfiança permanente, um partido que se quer opor aos “chuchialistas”, mas só tem para fazer oposição esta vontade e esta crítica.
O PSD, com Passos Coelho e, quase de certeza, com Montenegro seria um partido com ideologia: a do neoliberalismo, a da entrega tudo à vontade do mercado, a do favorece o capital qualquer que ele seja. Contudo, com Rui Rio a alternativa ideológica que se vislumbra é a da estafada social-democracia “diminuída” (para a “outra”, temos o PS!).
Tudo isto é assim, porque o PPD/PSD foi um erro de casting na política nacional! Ele nasceu para ser o partido dos apoiantes envergonhados do Estado Novo, daqueles que queriam a democracia, mas uma democracia sem esquerda, em especial comunista. Foi isso que ele foi na Região Autónoma da Madeira com o Alberto João Jardim; era isso que ele queria ser no continente, mas o Marocas trocou-lhe as voltas, muito embora o ressabiado Cavaco Silva tenha tentado impor o partido como elemento director da política nacional.
Em conclusão, o PSD, tal como o CDS, o PCP e, talvez o BE, têm os dias contados, ou melhor, os anos contados, pois começam a erguer-se no horizonte partidos com novas respostas para um tempo que já não vai ser em nada igual ao dos anos 70 do século passado. Rui Rio, se não for o coveiro do PSD vai ser o cangalheiro que o leva até ao cemitério da política. Provavelmente, eu já não estarei por cá para ver isso!
Em contrapartida, Isabel dos Santos está nas bocas do mundo! Sempre esteve desde que ganhou o seu primeiro dinheiro a vender ovos ‒ ou será galinhas que punham ovos de oiro? ‒ na praia!
Engraçado, porque esta história cheira-me a plágio de uma outra. Eu conto.
Marcus Samuel, fundador da petrolífera Shell, ganhou o seu primeiro dinheiro a vender conchas aos turistas e coleccionadores, no século XIX. Não vos parece estranha tal coincidência? Adiante!
Com quarenta e sete anos de idade e mais de vinte de experiência a Isabelinha tornou-se numa gestora excepcional! E assim se justifica o seu êxito! Mas, gaita, só eu trabalhei mais de cinquenta anos e não tive a pequenina oportunidade de conseguir um décimo da fortuna da “piquena”! Há gente com muita sorte, experiência, saber e inteligência! Eu, para azar dos azares, tive um pai que só foi enfermeiro da Marinha de Guerra! E presidente, que eu saiba, só foi da Casa de Repouso da Enfermagem Portuguesa, há muitos, muitos anos.
Enfim, vou continuar a andar por aí… tal e qual como o outro!