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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

02.05.19

Acontecimentos a pedirem historiador


Luís Alves de Fraga

 

O que aconteceu no dia 30 de Abril e 1 de Maio na Venezuela levou-me a pensar que, desde há meses a esta parte, aquele país está a carecer de um historiador impoluto, que conte e explique os factos até onde eles puderem ser contados e explicados, dada a estranha originalidade de tudo o que por lá acontece.

Vamos ver?

 

A estranha ditadura.

Tudo indica que a Venezuela entrou, desde Hugo Chávez Frias, num regime “socialista modificado”, ou seja, um socialismo apropriado a uma realidade sul-americana e a uma sociedade específica ocidental, bem distinta da russa, chinesa, norte-coreana ou mesmo cubana. Foi um socialismo que, sucessivamente e cada vez mais, foi sendo boicotado pelos Estados “defensores” da economia de mercado e do fácil acesso a determinadas matérias-primas essenciais ao “bom” rodar da “nossa” vida. Perante a radicalização do regime na Venezuela, esses mesmos Estados, muito democráticos, passaram a boicotar-lhe a economia, através de sanções cada vez mais pesadas. Em contrapartida, Estados, também interessados no petróleo venezuelano, auxiliam e apoiam a Venezuela; por acaso, são Estados com tendência “socialistas”, mas nem todos.

 

A estranha democracia

As eleições, diz-se, são manipuladas pelo governo de Nicolas Maduro, todavia, a oposição conseguiu eleger uma maioria para o parlamento. Aqui começo a interrogar-me sobre esta “ditadura socialista”. Isso já acontece na China, na Coreia do Norte, em Cuba? Se não ocorre nesses Estados é porque alguma coisa é diferente na Venezuela! Há que averiguar o quê.

Mas, há mais de cem dias, o Presidente da Assembleia Nacional proclamou-se Presidente interino da República e nada lhe aconteceu: não foi destituído, não foi preso, nem morto! Este comportamento é natural em qualquer Estado do mundo? Isto não corresponde a uma rebelião ou desobediência civil ou a um golpe de estado? E deixa-se ficar isto assim, sem qualquer tipo de reacção? Então que raio de “ditadura”, “socialista” ou não, é esta na Venezuela? Ou, até mesmo, que raio de Estado democrático é este? O que é que impede o poder – por enquanto e até ver – legítimo venezuelano de pôr ordem no país?

 

Mas olhemos a situação por outro prisma: Juan Guaidó proclama-se Presidente interino e não tem ao seu lado nada mais do que os deputados da Assembleia Nacional e a “rua” arruaceira, descontente e esfomeada. Como é possível um aventureirismo desta natureza? Que louco é este jovem? Quem lhe prometeu ajudas e falhou? Que Estado representa este jovem político? Que democracia quer ele implantar?

Pior do que tudo, foram os acontecimentos de terça-feira, que levaram todo o mundo ou quase todo o mundo a acreditar que o derrube de Maduro estava por horas e nada se alterou, para além de umas manifestações de rua mais ruidosas.

 

Tudo isto só é possível num Estado de comédia com contornos de drama, porque se morre por carência de alimentos e medicamentos. Chamem para lá o Erdogan, da Turquia, e ele ensina o Maduro ou explica a Guaidó como se faz! Porque esse, o Erdogan, é democrático! Ou será que é ditador? Socialista ou capitalista?

 

A Venezuela é, sem sombra de dúvidas, um “case study” para os politólogos e para os historiadores. Não me digam que não é!