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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

24.04.19

A entrevista do Presidente


Luís Alves de Fraga

 

Ontem foi dia de entrada no palácio de Belém para incluir o Presidente da República no programa “O Outro Lado”, painel habitual de debate político. Vi até ao fim e ficaram-me alguns engulhos atravessados na garganta. Vamos lá expô-los.

 

Não gostei do à-vontade do apresentador quando, por várias vezes, se dirigiu ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa com um simples “Presidente” (e a maiúscula sou eu quem a coloca) familiar e pouco educado, a meu ver. Mas disto tem culpa o próprio Presidente da República, pois banalizou o cargo e a pessoa.

É aqui que me interrogo se ele tem sido cauteloso, na gestão da sua imagem e no respeito popular da mesma. A minha dúvida não reside numa simples questão formal de delicadeza social, mas no resguardo que deve haver, julgo, do cargo do mais alto magistrado da Nação.

Esta minha observação resulta de discordar de uma certa forma trivializada de se falar do cidadão Presidente – pelo respeito que me merece o seu comportamento interventivo no dia-a-dia da sociedade portuguesa ao contrário do majestático afastamento dos seus antecessores – o qual, por vezes, se coloca a jeito para que assim aconteça. Ele não pode nem deve adoptar ou aceitar comportamentos familiares seja de quem for, porque não é o cargo que impõe o respeito, é aquele que o ocupa quem estabelece os limites do comportamento. E a Presidência da República obriga.

 

Outro aspecto que me deixou frustrado foi terem-se levado para discussão assuntos sobre os quais o Presidente não se ia comprometer, porque não governa. Marcelo Rebelo de Sousa mostrou, à saciedade, a sua extraordinária experiência docente, pois teorizou, até ao limite, tudo o que era possível para se colocar no plano das ideias e, consequentemente, fora do plano prático da governação.

No meu entender, perdeu-se uma excelente oportunidade para ouvir o Presidente da República sobre assuntos do domínio internacional, dos quais tem opinião e pode expressá-la sem se comprometer. Perceber o que ele pensa sobre a modificação do modelo democrático no mundo e, quiçá, na Europa, teria sido excelente para chegar à análise das grandes linhas para onde pode tender o tipo de governação em Portugal.

 

A prova evidente do que acabo de dizer ficou registada no momento em que o entrevistador/moderador saltou para a questão dos movimentos sindicais inorgânicos e o Presidente, com toda a tranquilidade e com verdadeiro conhecimento do panorama internacional, se referiu ao que se passa tanto na Europa como no resto do mundo. Deu uma lição e, ao invés de tentar “entalá-lo” com perguntas, visando o seu comprometimento político, o entrevistador e o público teriam ganho muito mais ouvindo lições de quem está atento e lida com dossiês nacionais e internacionais todos os dias, por força das funções desempenhadas.

É tempo de deixar de olhar para o Professor Marcelo Rebelo de Sousa como comentador televisivo, passando a vê-lo como Presidente da República. Trata-se de um exercício que todos devemos fazer.

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