A Discrição na Guerra
Ou eu não percebo nada de guerra, embora tenha aprendido muito com bons mestres na Academia Militar e no Instituto de Altos Estudos da Força Aérea, ou tudo o que sei está desactualizado. Vamos lá ver se me explico.
Todos os teóricos militares, pelo menos até à presente guerra na Europa, aconselham a que a surpresa é um dos mais valiosos métodos de tentar a derrota do inimigo. Todo o tipo de surpresas que lhe quebrem o moral e a vontade de combater. É por isso que há a chamada guerra de contra-informação, cuja finalidade é baralhar o oponente, de forma a que, contando com uma coisa lhe surjam várias.
Claro que, num planeta como o nosso cheio de satélites espiões a distâncias diferentes da Terra, pouco se pode ocultar, mas, por isso mesmo, cada vez mais têm de ser sofisticados os meios de dissimulação e de engodo do inimigo real ou potencial.
Ontem, em todos os jornais da Europa, vem escarrapachada a notícia de que já chegaram à Ucrânia os dezoito carros de combate cedidos pela Alemanha e os cedidos pelo Reino Unido! Dou comigo a perguntar-me se, sem me passar pela garganta qualquer pinga de álcool, estou bêbado ou se as regras do jogo chamado guerra se alteraram.
Eu sei que transportar um carro de combate de um lado para o outro não é o mesmo que meter no bolso um porta-chaves ou um isqueiro, mas vai uma tremenda diferença entre a tentativa de ocultação e o acto de publicitar em informação totalmente aberta a chegada de material de guerra. Sei, também, que dezoito ou trinta carros de combate são uma lágrima nesta guerra que já se transformou em conflito de atrição, então, fico perplexo com este novo modo de “assustar” o inimigo. Tão perplexo como os tais Wagner dizerem aos quatro ventos que estão a ficar sem munições!
Se não morresse gente e não houvesse estropiados eu diria que esta tratava-se de uma guerra de opereta em que no final todos acabavam a cantar e a abraçar-se.