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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

08.06.23

A barragem


Luís Alves de Fraga

 

Ultrapassa tudo o que eu consigo aguentar, a forma tendenciosa como, entre nós e, de certa forma, na Europa ocidental, se comenta a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Agora, o alvo da propaganda anti-Rússia, está a ser a barragem.

Ontem suportei mal as interpretações e comentários de dois convidados de um dos canais noticiosos. Vou tentar explicar o meu ponto de vista.

 

A barragem está, sem dúvida nenhuma, no lado do território já conquistado pela Rússia. Isto quer dizer que, ao longo da margem esquerda do rio, estão estacionadas tropas russas com o respectivo material de apoio e bélico e, evidentemente, populações ou simpatizantes da causa russa ou conformadas com a mudança de autoridade política.

A questão que se discutia, na televisão, era se a Rússia tinha provocado o rebentamento da barragem para obter algum tipo de ganhos tácticos. Sejamos, no mínimo perspicazes para enquadrar e dar resposta a esta questão.

Se a Rússia fosse a autora do desastre ecológico teria feito sair do terreno todas as suas forças e bem assim todo o material bélico com a antecedência necessária para os colocar o mais atrás possível numa situação defensiva. Ora, este movimento de tropas e de armamento teria sido visível aos olhos dos satélites espiões que vigiam toda a linha da frente dos invasores. Será que estou a delirar? Não. Nem pouco mais ou menos! Estou absolutamente convicto daquilo que afirmo e qualquer dos meus leitores, se quiser ser imparcial, concorda comigo, pois se há algum movimento de tropas que é mais perceptível à observação aérea é o do recuo. Para negar a lógica do que acabo de afirmar teríamos de aceitar que Moscovo se dispunha a sacrificar a vida de algumas centenas ou milhares de soldados que lhe fazem tanta falta. Isso é inimaginável dentro do quadro de contestação interna que se vive na Rússia.

 

Afastada a hipótese anterior, como se pode justificar o rebentamento da barragem? Vamos por partes.

A qual dos lados em combate interessa o que aconteceu? A resposta é uma só: a nenhuma delas. Então, como se deve explicar o sucedido? É aqui que começa a parte mais técnica.

Estando a barragem no lado ocupado pelas tropas russas é natural que as tropas ucranianas, nomeadamente a sua artilharia, tenham vindo a bombardear as zonas próximas da infraestrutura agora reduzida a escombros. E, era do conhecimento geral, a barragem já apresentava fissuras. Fixemo-nos neste pormenor.

As fissuras não foram causadas pelo rebentamento de mísseis, nem de drones suicidas, pois, ou já existiam antes da guerra ou surgiram em consequência dela. E como?

É preciso perceber que tanto drones explosivos como mísseis têm, hoje em dia, uma precisão que o erro pode ser de dez a vinte metros ou talvez menos. Contudo, a artilharia convencional, aquela que usa granadas explosivas ou perfurantes, embora a sua precisão seja hoje muito maior do que era na 2.ª Guerra Mundial, está longe da que se obtém com mísseis e drones, o mesmo é dizer que o erro ou desvio pode ir para além dos trinta, quarenta ou cinquenta metros do alvo. Pronto, chegámos ao ponto que mais interessa.

 

Quem é que bombardeia a zona próxima da barragem? Não são os russos; são os ucranianos. Então, as explosões de granadas de boa e significativa potência podem ter estado a cair nas proximidades da barragem e, assim sendo, provocaram ondas de choque capazes de fazer vibrar o material fragilizado da represa de água. E, como diz o povo, tantas vezes o cântaro vai à fonte que numa delas deixa lá a asa.

Se a explicação, tanto do professor universitário como do oficial general, tivesse sido esta as pessoas, embora não culpando os ucranianos, perceberiam que os causadores deste acidente ambiental poderiam ter sido os disparos de artilharia convencional vindos do lado de Kiev, provocando, sem intenção, o desastre que, propagandisticamente se quer atribuir às decisões de Moscovo.

É esta ausência de imparcialidade que confunde quem nada sabe de guerra, de artilharia, de explosões e de vibrações do terreno. E confundir quando se pode tentar explicar outras visões é tão criminoso como bombardear sem levar em conta as consequências daí advenientes.

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