O obscurantismo
Dizia-se que o maior aliado do obscurantismo era a falta de ilustração, a falta de cultura, a falta de instrução associado à falta de liberdade. Já foi assim – embora continue a ser – mas temos de lhe acrescentar um outro “ingrediente”: a alienação que a sociedade virada para o consumo provoca em quem se deixa dominar por ela… E poucos, muito poucos, lhe escapam, porque os mecanismos psicológicos do marketing, publicidade e propaganda são hoje poderosíssimos; um homem instruído é “apanhado” nas malhas daqueles “maquinismos” condicionantes da vontade com a mesma facilidade que o antigo ignaro e analfabeto aldeão era captado pelo pároco da freguesia do seu sítio. Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler, foi o grande mestre no uso desses limitadores da inteligência humana.
O obscurantismo tornou-se subtil nos dias de hoje e é ele quem permite que as manobras dos sistemas políticos ditatoriais passem, aparentemente, por democráticas. Já se pode viver uma ditadura na pluralidade partidária… basta que os eleitores estejam alienados, ou seja, estejam dominados por forças obscurantistas. A Psicologia trata e cura os distúrbios da mente, mas, também, a condiciona e, ao fazê-lo, torna-se no “ópio dos desprevenidos”.
Só a livre discussão das ideias, em ambiente de liberdade, o que supõe um ambiente de segurança, por isso, secreto e resguardado da crítica limitativa, oferece as condições ideais para se lutar contra o obscurantismo da actualidade.