Reformados ou reféns?
A crise em Portugal está a fazer vítimas inocentes, especialmente junto das classes trabalhadoras que em pouco ou nada contribuíram para a dívida e a estão a pagá-la, como o Povo diz, com língua de palmo. A miséria já roça alguns largos milhares de famílias. Quando digo miséria, é mesmo miséria, isto é, viver de esmolas!
A situação não resulta exclusivamente, como tem sido explicado até à exaustão, das imposições da troika, mas, também, das medidas de carácter neoliberal adoptadas, por opção, pelo Governo. Medidas que se não justificavam no momento presente, como por exemplo, a modificação da legislação sobre arrendamento urbano.
Mas, se todos os Portugueses estão a sofrer as consequências da crise e das medidas individamente aprovadas, há um grupo que se pode considerar refém do Governo. É um grupo sobre o qual as medidas caem como sevícias sobre as costas de um pobre infeliz que não tem como nem para onde fugir. Refiro-me aos reformados e pensionistas. Realmente, quem trabalhou uma vida inteira e já nada, ou pouco, pode fazer para suprir ao seu sustento é refém da vontade despótica do Governo que julga todos pela mesma medida. Os rendimentos dos reformados deveriam ser intocáveis. Não respeitar isto é dar provas de total desprezo pelos mais elementares princípios da ética cívica e política, colocando-se ao nível das culturas mais primitivas que desrespeitavam a vida e os direitos dos velhos.
Uma sociedade que não toma em devida conta os direitos dos seus anciãos é uma sociedade que não merece existir livre e soberana. Um Governo que atenta contra os direitos dos seus reformados, que os relega para uma antecâmara da morte, é iníquo e desprezível. Está nessas circunstâncias o Governo de Passos Coelho.