A “democrática” ditadura do PSD na Madeira
Fiquei verdadeiramente espantado com a notícia que ouvi, há pouco, na rádio, enquanto conduzia o meu automóvel. A Assembleia Regional da Madeira aprovou o seu regimento e, pasme-se, desde agora qualquer deputado, de um qualquer grupo parlamentar, pode votar por todos, mesmo na ausência dos restantes! Ou seja, está um deputado do PSD presente e presente também todos os deputados da oposição; é posta à votação uma proposta de diploma e o único deputado do PSD presente vale por toda a maioria que está ausente!
Isto é a corrupção absoluta da democracia representativa, da disciplina de voto, do direito ao voto vencido, de tudo! Isto é a ditadura vestida com os farrapos de uma qualquer democracia!
Que legitimidade tem um deputado para representar o sentir de todos os restantes que integram o seu grupo parlamentar?
Esta aberração só pode acontecer num local onde se produzem bananas, mas que, ainda, não é uma república, pois, se o fosse, seria das bananas, com todo o direito e propriedade.
Meus Amigos, não me venham dizer que este sistema político está de boa saúde! Fisicamente é um aleijão democrático e psiquicamente é a representação da insanidade mental… E é assim que, de degrau em degrau, se vai descendo da Democracia para a ditadura.
Esta decisão regimental da Assembleia Regional da Madeira, num Estado com vergonha democrática, deveria de imediato ser considerada inconstitucional por ferir os princípios básicos da democracia, plasmados na Constituição da República Portuguesa. Em língua portuguesa vulgar, esta aberração equivale a um diálogo eleitoral do tipo:
- Oh Povo vota em mim! Dá-me a maioria, porque, depois, com ela, eu faço o que bem entender do teu voto, pois tu, de democracia, nada percebes! Quem percebe somos nós, os políticos, especialmente os da maioria.
Salazar era, pelo menos, mais honesto do que os actuais salazarinhos! Recusava a democracia parlamentar plena e absoluta, porque, dizia e mandava dizer, o Povo era ignorante e de posse da Liberdade não saberia como geri-la. Em face dos exemplos, quase dá vontade de perguntar:
- Será que tinha razão?
Não direi como Herculano – até dá vontade de morrer – porque estimo muito a vida e gosto de por cá andar, mas que dá vontade de emigrar para um país distante onde se viva desligado da coisa pública, lá isso dá!