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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

10.07.08

A semelhança


Luís Alves de Fraga

 

 
A História não se repete sempre igual. É impossível! Contudo, a História tem semelhanças, porque determinadas causas parecem tenderem para efeitos parecidos.
A grande questão que hoje coloco aos meus leitores é a de saber se não estaremos a atravessar um «ciclo de semelhanças» para desembocar em algo de nós já conhecido. Vejamos tão sinteticamente quanto me for possível.
 
Depois da Grande Guerra (1914-1918) os dois blocos em que o mundo político se dividia romperam-se: a Europa perdeu a supremacia e os EUA começaram a abandonar lentamente o seu tradicional isolamento; a URSS fazia o seu aparecimento muito frágil ainda na cena internacional. A derrocada económica europeia dividiu o Velho Continente em três conjuntos de posturas políticas e económicas consequência directa do liberalismo do século XIX: por um lado, as velhas democracias já consagradas, à frente das quais vinham a Grã-Bretanha e a França; por outro, as ditaduras que apelavam ao nacionalismo e invocavam o bem colectivo para calar as reivindicações dos trabalhadores e os excessos do capital — estavam neste caso a Itália, a Alemanha, Portugal e um pouco mais tarde, a Espanha; por fim, vinham os Estados que adoptaram a social-democracia, buscando uma forma equilibrada de distribuir a riqueza, sendo a Suécia o exemplo mais flagrante. A URSS, tendo sido uma resposta ao liberalismo selvagem do século XIX, ainda não pesava suficientemente no contexto das nações.
Importante a reter é que o quadro traçado resultou da intenção de ser uma resposta directa ao liberalismo do século XIX o qual havia mostrado a sua total incapacidade para gerar justiça social e tinha levado o mundo à guerra mais horrível vista até então; os totalitarismos políticos surgiram como uma necessidade de contenção do liberalismo… Todos eles, na essência e na teoria, buscavam encontrar o equilíbrio na luta entre o capital e o trabalho. Os mais teorizados foram o italiano e o soviético os quais, cada um à sua maneira, anunciavam uma revolução redentora.
A crise nos EUA, no final da década de 20 do século passado, trouxe, também, uma nova forma de enfrentar os desequilíbrios cíclicos do capitalismo: o Estado-providência, atribuindo à super-estrutura um papel regulador do mercado, limitando os efeitos da livre concorrência.
Em suma, o liberalismo económico e as crises por si geradas originaram uma guerra e, como resposta, várias soluções políticas que passaram, algumas delas, pela recusa dos direitos de cidadania em nome do superior direito do colectivo sobre o individual.
 
Se atentarmos no quadro de soluções verificamos que as mais radicais se deram nos Estados que ou eram estruturalmente pobres ou estavam debilitados por um descalabro momentâneo.
É neste ponto que podemos encontrar agora várias semelhanças com o passado: a crise está instalada nos EUA e mostra já as suas garras na Europa; os lucros individuais sobem a ritmos nunca vistos; o individualismo está a impor-se como modelo comportamental entre as nações; os Estados economicamente débeis começam a não ter capacidade de resposta adequada para a situação; por causa do abastecimento de matérias-primas essenciais está a abrir-se um fosso entre os detentores do poder militar; os focos de confronto bélico proliferam, gerando um clima de tensão entre Estados que procuram alinhar-se segundo os interesses económicos, colando-lhes rótulos de diferentes matizes: afrontamentos religiosos, terrorismo, etc.
 
As medidas para superar a crise, dentro dos pequenos e fracos Estados têm de ser impostas contra a vontade dos povos, perdendo, cada vez mais, a sua matriz democrática e aproximando-se perigosamente da autocrática.
 
Portugal é um Estado dependente; a anunciada recuperação com fracos resultados saiu de uma postura de manifesta arrogância do Poder, conseguida pela existência de uma maioria parlamentar.
Deixo aos meus leitores uma pergunta com conclusão: — O nosso destino será voltarmos a uma ditadura, porque o descalabro político da Europa surgirá quando a crise se impuser em pleno?
Cada um pondere sobre o futuro que se adivinha, através da análise das semelhanças antes esboçadas a traços bem largos…

 

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