Há algumas semanas insurgi-me, aqui, contra as palavras visionárias e claramente inadequadas do ministro da Defesa Nacional quanto ao papel que actualmente é pedido às Forças Armadas deslocadas em territórios estrangeiros. Insurgi-me, porque tudo aquilo poderia ser dito por quem, realmente, fosse ministro de um grande Estado com fronteiras para defender… As nossas todos os dias são assaltadas das mais estranhas formas e não há ninguém que cuide disso com verdadeira cautela! O senhor ministro sofre, provavelmente, de alucinações ou leu em qualquer lado a frase que disse e, sem se procurar em referir a fonte, resolveu repeti-la como um papagaio irresponsável o faria.
Com as Forças Armadas não se brinca… Ou não se devia brincar!
Mão amiga fez-me chegar, há instantes, os vídeos que aqui deixo em baixo.
Devem ser vistos com respeito, ainda que, pessoalmente, por ser laico e estarmos num Estado laico, entenda que neles há um excesso de religiosidade católica que, entre nós, poderia ser dispensada ou bastante atenuada.
Para todos os leitores que forem ou tenham sido militares sei que serão assaltados por aquele sentimento que só quem alguma vez jurou bandeira ou envergou uma farda das Forças Armadas sabe sentir. O coração pulsa-nos mais rápido e a juventude arremete-nos de novo; as vértebras já mais unidas, por terem suportado o peso dos anos, voltam a separar-se e ganhamos a postura de quem está disposto a oferecer o peito às balas. Isto, nenhum senhor ministro compreende, se não tiver passado pelas fileiras e cumprido com pundonor!
Se o senhor ministro, da pequenez da sua estatura e do alto da sua balofa jactância verbal, fosse capaz de determinar que os seus colegas de Governo estivessem presentes, nem que por uma só vez por ano, em cerimónias deste tipo, com a grandeza, a pompa e circunstância que aqui ao lado os nossos vizinhos nos mostram, talvez fossemos capazes — nós os militares — de lhe perdoar algumas das suas tropelias e dos seus desalinhos. Mas descansemos, porque não é, nunca o será e nunca haverá em Portugal quem o seja!
Os nossos políticos não gostam de militares