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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

17.01.07

Ser combatente em França


Luís Alves de Fraga

 

É inegável que o jornal Le Figaro é uma das grandes referências da imprensa francesa e, até, europeia ou mesmo mundial. Pois, na edição on-line de hoje anunciava, com direito a fotografia, a morte de um dos quatro últimos soldados franceses que combateram na 1.ª Guerra Mundial.
 
O senhor René Riffaud foi, dos quatro sobreviventes, o único que, em cadeira de rodas, devido à sua avançada idade — 108 anos — assistiu, sob o Arco do Triunfo, em Paris, no dia 11 de Novembro do ano passado, às cerimónias nacionais comemorativas do armistício que pôs fim ao conflito, em 1918. Nessa ocasião foi cumprimentado pelo presidente da República de França que lhe agradeceu o sacrifício de estar presente, quando fazia tanto frio, contudo, ele, face ao pedido do senhor Chirac , como bom soldado que era, limitou-se a responder que só tinha de cumprir.
 
A França honra-se dos seus combatentes, honrando-os. As mais altas figuras do aparelho do Estado deslocam-se para lhes dispensar as homenagens de que são credores. Os jornais referem-nos com respeito. E tudo isto, porque a França se respeita a si mesma. E tudo isto, porque os Franceses exigem que se respeitem os seus militares, os seus combatentes, pois têm orgulho neles, revêem-se nos homens que estiveram dispostos a tudo sacrificar para que, em todos os tempos e em todos os lugares, o estandarte francês pudesse drapejar ao vento, bem alto e bem visível.
 
Os soldados de Portugal, em novecentos anos de História da Pátria, não fizeram nem mais nem menos do que os seus camaradas gauleses. Também deixaram pedaços de si mesmos pelos quatro cantos do mundo em obediência à vontade de quem mandava e, supostamente, representava a voz da Nação. E como são tratados? E como são referidos nos órgãos de comunicação social? E que respeito lhes manifestam os políticos do seu país?
 
Um Povo que não honra e não festeja os seus mártires não se honra nem se dignifica. É um Povo que tem de si mesmo uma péssima imagem.
E em Portugal, por acção de um treinador de futebol brasileiro, a bandeira nacional só se ergue altaneira quando se disputam jogos ou campeonatos internacionais. Fraco Povo que se revê exclusivamente nestes acontecimentos tão efémeros, tão pouco enaltecedores. Fraco Povo que recolhe esta lição vinda de um cidadão de um Estado que ascendeu à independência ainda não há dois séculos. Fraca gente e fracos governantes que não sabem dar o exemplo. Era do exemplo deles, como líderes eleitos, que todos esperavam a palavra de ordem. Palavra que nunca vem. Palavra que se lhes desfaz nas gargantas para dar lugar a murmúrios lastimosos contra a despesa que representa a manutenção das Força Armadas. Às vezes, sai-lhes um grito de raiva contra homens que são capazes de abdicar de quase tudo e da própria vida para continuarem a manter erguido o nome de Portugal. Capazes de fazer o que eles, os governantes, nunca fariam...

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