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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

07.01.07

Poupar na farinha...


Luís Alves de Fraga

 

O almirante Chefe do Estado-Maior da Armada já veio assumir publicamente, segundo o jornal Correio da Manhã, as suas responsabilidades no infeliz acontecimento que enlutou, muito recentemente, famílias de seis pescadores portugueses. Passo a transcrever o texto saído naquele jornal:
 
«O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) assumiu ontem responsabilidades pelas tentativas falhadas de salvar do mar seis pescadores do barco que naufragou na praia da Légua, a Norte da Nazaré. O almirante Melo Gomes apresenta-se “solidário com os marinheiros que tentaram o salvamento”, sem êxito.
“Assumo todas as responsabilidades – as nossas – como é meu dever, certo de que todos saberão também assumir as suas, retirando lições”, afirmou o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Melo Gomes, num documento distribuído em todas as unidades da Marinha e a que a agência Lusa teve acesso.
O almirante Melo Gomes reconhece no documento que, apesar de “tudo” ter sido feito para salvar os pescadores do pesqueiro ‘Luz do Sameiro’, a Marinha de Guerra “nunca conseguirá explicar ao público” o facto de não ter conseguido salvar todos os sete tripulantes “a tão curta distância da praia”. O almirante Melo Gomes afirma-se seguro “da eficácia” com que os marinheiros utilizaram os meios ao seu dispor.»
 
É importante frisar que o almirante Melo Gomes diz ter esperança em que todos saibam, também, assumir as respectivas responsabilidades. Naturalmente, não se está a referir ao pessoal dele dependente, mas a quem se encobre por trás de véus pouco diáfanos. Acima de tudo, está a referir-se, por certo, a quem tem responsabilidades muito graves e delas se quer eximir. Explico.
 
Lendo o mesmo jornal, antes e depois do excerto transcrito, topamos com uma série de justificações e uma série de conclusões que, independentemente de haver ou não contradição com outros órgãos da imprensa portuguesa, deixam bem claro, para quem conhece os meandros da administração pública e os entraves financeiros impostos pelo cumprimento rigoroso dos orçamentos, que a delonga na expedição da ordem para a saída do helicóptero da Força Aérea — aquele que efectivamente tem pessoal preparado para fazer este tipo de resgates — advém das restrições cada vez maiores impostas aos ramos das Forças Armadas.
 
Com efeito, a saída de uma embarcação ou a descolagem de uma aeronave representa muito dinheiro que não pode ser desperdiçado com falsos alarmes, porque, quando não for falso não haverá verba para suportar o cumprimento das missões que salvam vidas. É por se cortar nos orçamentos que, cada vez mais, a burocracia tem de aumentar para garantir que não se desperdiça em vão o pouco que se tem. Esta responsabilidade não cabe ao almirante CEMA nem ao general CEMFA, mas tão-somente ao ministro da Defesa Nacional que deve ter conhecimento — porque os comandantes dos ramos das Forças Armadas, de certeza, o informaram — das consequências das restrições orçamentais.
 
As Forças Armadas têm de poupar no que é importante, contudo, os senhores ministros continuam a ter batalhões de assessores, o país continua a ter muitas dezenas de directores-gerais, a máquina governamental não pára de crescer e todos vão comendo à tripa-forra do magro orçamento que alimentamos com os impostos e as coimas que, por dá cá aquela palha, nos caem em cima. No entanto, aos altos cargos do Estado não faltam bons automóveis para se deslocarem e os senhores ministros não ficam parados no trânsito citadino, porque se fazem anteceder por patrulhas de motociclistas que lhes abrem caminho para girarem mais rápido para onde Deus não sabe.
 
Diz o Povo: poupa-se na farinha para se gastar no farelo. E o farelo são todos os inúteis governantes e respectivas cortes que de nada se privam. Mas para isto não se fazem inquéritos nem se movem processos disciplinares, nem se dão explicações aos cidadãos que lhes pagam as mordomias, os chorudos vencimentos e mais todas as ajudas de custo a que, na mínima deslocação, têm direito. Disso não se fala!!!

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