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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

22.11.06

Vão passear... malandros!


Luís Alves de Fraga

 

Não concordo com manifestações de militares do tipo reivindicação sindical. Fez-se uma, no ano passado, que foi do Largo do Camões à Assembleia, integrando essencialmente famílias e muitos reservistas e reformados. Chegou. Mais manifestações é, ao contrário de mostrar força, exibir fraqueza.

 

Só há uma forma de os militares se manifestarem: usando as armas de que são gestores para provar que, na violência, quem manda são eles. Mas esta manifestação só deve ocorrer quando a Pátria estiver em perigo, quando o Poder político for completamente ilegítimo, quando houver a clara noção de não existirem mais soluções para dar ao Povo o que ao Povo pertence: a Liberdade.

 

Evidentemente que eu posso passear onde e com quem eu quiser no dia e hora que melhor entender. Disso só o conselho médico me pode levar a considerar a minha decisão. Não vai ser nenhum dos senhores generais Chefe de nenhum Estado-Maior quem me proibirá de ir onde eu quiser — estou reformado e liberto de cadeias lineares de obediência cega e indiscutível! Nem vai ser o senhor governador civil de qualquer distrito deste país quem me proíbe de passear na via pública quando e onde me der na real gana — a não ser, claro, que a dita via esteja encerrada ao trânsito. Se algum deles me proibir o passeio, só me resta dizer-lhes: Vão passear... malandros! E vão passear, porque estão com o cérebro, provavelmente, mal arejado; porque estão a precisar de vento nas faces para os ajudar a lembrarem-se de que a 25 de Abril de 1974, uma semana antes do dia do Trabalhador, deixaram, em Portugal, de ser proibidos ajuntamentos de mais de três pessoas e de cada um andar na via pública à hora, dia e local que lhe apetecer e achar conveniente.

 

Já se esqueceram que, exactamente, em cada 1 de Maio, no tempo do Estado Novo, saíam para rua os carros com canhão de água existentes na PSP, carregados de tinta azul (azul, porque vermelha podia identificar-se com a cor da revolta!) para «dar banho» a todos quantos passeavam nas ruas da Baixa lisboeta. Passeavam, porque eram proibidas manifestações — mas nesse tempo justificava-se a proibição, já que se vivia em ditadura — e, para o Poder político da altura, o simples acto de passear, mais ou menos em grupo, era considerado manifestação.

 

Lastimo dizê-lo, mas os Chefes dos Estados-Maiores, uma vez mais fizeram o frete ao Governo, foram levados (e bem levados) pelo senhor ministro da Defesa Nacional, com quem despacham ou deviam despachar, dando a cara por uma atitude gratuita que os deslustra. Inteligentes eram eles e os governantes se, pura e simplesmente, deixassem passear quem quer passear, fazendo ouvidos de mercador. Assim, com a proibição de hoje, até me deram vontade de ir, também, passear para o Rossio. A mim que estava disposto a não sair de casa.

 

Veremos como amanhã nasce o dia, se com sol ou chuvoso. Talvez vá ou talvez não... Na altura decidirei.

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