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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

31.12.21

A República de São Tomé e Príncipe


Luís Alves de Fraga

 

Por muito que alguns astrólogos tentem, o futuro continua a ser imprevisível, insondável e secreto. Assim, ninguém, em 1974 ou 1975, durante o chamado PREC, se atreveria, em Portugal, a tentar esclarecer os naturais do pequeno arquipélago de São Tomé e Príncipe, inicialmente despovoado e, depois, povoado por alguns europeus, um largo punhado de judeus e muitos, muitos escravos africanos idos do continente ‒ e não me venham dizer que foram os portugueses e Portugal quem descobriu a escravatura ou a praticou em primeiro lugar na História! ‒ de que o mais conveniente para eles era continuarem dependentes de Lisboa, embora gozando de uma ampla autonomia administrativa e, até, financeira. Quem o fizesse, no mínimo, arriscava-se a ser acusado de colonialista e fascista, a ser preso e, talvez, erradicado de Portugal. Estava-se no tempo das independências, das amplas liberdades; não se estava no tempo do bom-senso, da ponderação e da análise fria das consequências futuras.

São Tomé e Príncipe tornou-se um Estado independente e soberano em tudo igual aos existentes no mundo, mas só diferente numa coisa: é que a independência e a soberania eram uma brincadeira de mau gosto! A soberania e a independência têm custos tão elevados, que muitos Estados bem maiores do que aquelas ilhas, bem mais ricos, bem mais preparados, não possuem capacidade formal e efectiva para se proclamarem soberanos e independentes.

Tudo isto são águas passadas e, chorar sobre leite derramado, pouco adianta.

 

Em São Tomé, ilha e cidade por onde passei há cinquenta e cinco anos, houve, há dias, uma imensa chuvada que, para além de levar à perda de uma vida, resultou na destruição de infraestruturas que, para serem refeitas, custam mais empréstimos ou mais dádivas internacionais. Se São Tomé fosse uma região autónoma de Portugal, a União Europeia daria uma boa ajuda, agora, tal como teria dado outras ao longo de todos estes anos e o arquipélago, por força da sua localização, do clima e das belezas naturais, poderia estar, no Equador, em pé de igualdade ou muito próximo daquilo que são as ilhas do Porto Santo e da Madeira.

 

A grande questão é saber como é que se sai de uma situação de pobreza endémica, quando a população é incapaz de fazer grandes investimentos que atinjam um valor capaz de representarem uma boa receita para o Estado se sustentar, redistribuindo socialmente aquilo que faz evoluir o conjunto. Resumindo: como é que um pobre se pode tornar remediado ou, até, rico?

Há duas soluções: uma inviável e improvável e outra possível.

A inviável é proveniente do mundo teológico: o milagre; a possível vem da vontade de haver quem queira fazer largos investimentos no Estado de São Tomé e Príncipe.

Esta solução exige várias contrapartidas: em primeiro lugar, elevar o nível cultural e educacional das populações ‒ ninguém aposta num investimento onde o índice de alfabetização seja rudimentar, onde para dar trabalho se tenha de ensinar a falar e a escrever, a estar e a comportar-se ‒; depois, que existam boas condições de assistência sanitária para os naturais ou para os estrangeiros ‒ não se pode estar dependente de evacuações urgentes para salvar vidas; em seguida, que os naturais estejam dispostos a trabalhar, cumprindo padrões de rentabilidade internacionais.

Tendo sido São Tomé o primeiro produtor de cacau do mundo, parece, a aposta deveria começar por ser feita na reconquista de uma boa posição nesse domínio, mas quem é que quer voltar às roças de cacau?

O turismo poderá ser uma saída para a economia local, mas, para deixar rendimento no país, não pode passar por se fazer dentro de um hotel, numa praia e nada mais… Têm de se promover as belezas naturais onde, com conforto e bom serviço, o turista possa usufruir de condições óptimas de lazer.

A pesca é um caminho, desde que não passe pela prática artesanal, mas implica a existência de infraestruturas em terra, que garantam a qualidade e o imediato escoamento do produto em boas condições de consumo em qualquer parte do mundo.

Programas não faltarão, todavia eles têm de passar primeiro por certas apostas que os governos da República de São Tomé e Príncipe terão de fazer. É uma questão de saber semear para, depois e só depois, colher os rendimentos.

30.12.21

De Portugal à China, passando pelos EUA


Luís Alves de Fraga

 

Pois é, quem sabe, ao certo, qual a nossa capacidade de defesa no âmbito de uma guerra chamada ou dita “clássica”? De que meios dispomos e quantos homens e mulheres podemos mobilizar de imediato? E quantos são os reservistas prontos para uma mobilização em curto período de tempo? E qual o material de guerra, entre sistemas de armas e munições, que temos para substituir aquele que for destruído nos primeiros embates?

Os meus amigos não sabem e eu também não, embora consiga obter algumas respostas mais rapidamente do que a maior parte de vós.

 

Somos um país com uma grande costa marítima, virada para a área por onde se faz a maior parte do trânsito entre a Europa, África e América do Centro e Sul; temos dois arquipélagos atlânticos profundamente estratégicos e sabemos que possuímos dois submarinos modernos e umas fragatas (novas, velhas, mas restauradas, ou somente velhas?).

E quantas esquadras de aeronaves de combate possuímos em condições de defender o espaço aéreo nacional e por quanto tempo?

Tudo isto são questões que nos deviam preocupar, agora mais do que nunca, pois estamos integrados num bloco económico e político ao qual, ao longo da História, sempre virámos as costas: a Europa.

 

Na verdade, poucas vezes estivemos envolvidos nas problemáticas europeias e nas suas quezílias ‒ que duraram séculos, se as contarmos desde as mais pequenas às maiores ‒, pois a nossa preocupação sempre se centrou na defesa do comércio marítimo, na manutenção dos postos comerciais de além-mar e na luta contra a constante ameaça espanhola.

‒ Temos, agora, inimigos potenciais ou declarados?

‒ Nunca tivemos tantos como agora!

Proporcionalmente, em face da quantidade de inimigos potenciais ou declarados por causa de interesses cruzados ou conflito de interesses, nunca estivemos tão mal equipados e preparados para enfrentar uma guerra, mesmo que de muito curta duração.

 

Tal situação de risco resulta de um falso conceito de defesa cujo assento principal tem lugar na “certeza indiscutível e indiscutida” de que fazemos parte de duas alianças, em cuja confiança devemos depositar todos os “nossos ovos”, o mesmo é dizer, as nossas esperanças de sobrevivência: a NATO e a União Europeia (UE).

Ora, é aí que “bate o ponto”!

A NATO tem como espinha dorsal as Forças Armadas dos EUA; a UE confia na NATO e nas capacidades da Alemanha e da França, porque, tudo o mais, é “missanga”.

Quando chegar, se chegar ‒ e vai chegar ‒ a altura de deitar mãos às armas, há um fenómeno que surgirá de imediato: os grandes blocos desfazem-se num instante, porque, sobre os interesses colectivos, vão impor-se os interesses de cada Estado. Assim, e não estamos longe disso, os EUA vão desprezar a NATO para se concentrarem no Pacífico, porque a sua “fronteira frágil” está a definir-se no sul da Ásia (o “inimigo” deslocou-se da Rússia para a China). Por outro lado, não devemos esquecer que a distância mais curta entre Moscovo e Washington é a que passa pelo pólo Norte. Ora, se a Rússia quiser “incomodar” os EUA, sai reforçada a tese da defesa do Pacífico, pois, deste modo, a marinha americana pode colocar no mar a sua força, ameaçando Moscovo pela retaguarda geográfica.

 

A UE poderá ser vítima de uma forte ameaça da Rússia e a “linha de contenção” far-se-á pela junção das forças militares alemãs e francesas com um vaguíssimo apoio belga, holandês e italiano, pois o resto não tem expressão militar decisiva.

Já para a Europa do Sul a ameaça pode estar centrada no Norte de África e a “linha de contenção” ‒ embora o tipo de guerra possa ser claramente diferente da chamada “clássica” ‒ terá de passar por Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia.

 

É por causa destes cenários que se me levanta a questão da nossa defesa e do pouco interesse que a ela se dedica.

Já deveríamos ter alterado o sistema de recrutamento militar, voltando ao velho serviço militar obrigatório (SMO), já deveríamos ter renovado o material de combate terrestre, bem como se deveria ter forças especiais em número muito elevado para actuar num tipo de guerra assimétrica; impõe-se uma Força Aérea capaz de ir além da defesa do espaço aéreo nacional, bem como uma marinha passível de projectar poder muito para além das nossas águas nacionais e internacionais atlânticas.

 

São estas as preocupações governamentais ou, ao menos, do Ministério da Defesa e do EMGFA? Não me parece. A falta de todos os meios, em especial humanos, é notória e, creia-se, não vai ser a GNR quem colmatará a falha das Forças Armadas. Ou contamos connosco ou, se depositamos esperanças nas alianças e nos aliados, bem podemos prepararmo-nos para o pior cenário.

21.12.21

Livros de acaso e momentos inesquecíveis


Luís Alves de Fraga

Livros de acaso e momentos inesquecíveis

 

Há já mais de duas semanas fui até à não muito grande livraria do El Corte Inglês, em Lisboa, e, para não me cansar, tendo onde sentar-me, levei a minha “bengala-banco”, permitindo-me, sem incomodar ninguém, ficar a ler livros pelo tempo que me apetecer.

Logo numa das mesas de entrada, vi o livro de que já aqui falei sobre uma entrevista feita ao Papa Francisco. Por razões também referidas, senti-me atraído para a pequena obra e vá de folheá-la, aqui e ali, lendo umas frases soltas, como faço com todos os livros antes de os comprar. E este comprei-o, porque me pareceu que seria uma leitura repousante e, ao mesmo tempo, antagonicamente incómoda, na medida em que me iria fazer pensar sobre bastantes dos problemas levantados pelo entrevistador, ao longo das páginas, ao ler as respostas de Mário Jorge Bergoglio.

Não me enganei.

 

É que Mário (na versão portuguesa, que prefiro à argentina, sem acento no a) Jorge, independentemente de ser um sacerdote católico, um bispo, um cardeal e um Papa, é um homem com várias condições que, ao ouvir falar dele, me atraíram: foi uma vocação tardia, assim teve oportunidade de escolher entre a vida comum de um argentino comum e a de um sacerdote católico ‒ convence-me muito mais do que os meninos entrados nos seminários e, onze anos depois, desembocam frente a um altar a celebrar missa ou a sentarem-se no confessionário para ouvir quase tudo o que nunca experienciaram.

Mário Jorge teve namorada e, por muito contido que tenha sido (tê-lo-á sido?) nesse namoro, quase de certeza teve a oportunidade de sentir o veludo dos lábios da sua amada quando a beijou na boca, as formas físicas dessa menina, as mamas, as coxas, as pernas, a cintura e, naturalmente, excitou-se, masturbou-se, teve noites de insónia para conter as hormonas em movimentos tentadores (bolas! Eu sei do que falo… Ele é só mais velho do que eu cinco anos e a Argentina não é assim tão distante culturalmente de Portugal!).

Tinha vinte e dois anos quando escolheu seguir a vida eclesiástica. Mário Jorge foi um jovem igual a tantos outros do seu tempo. E, por certo, não optou pela Companhia de Jesus, por mero acaso; também Santo Inácio da Loyola, depois de um começo de vida passado entre a devassidão dos hábitos dos soldados espanhóis do século XVI, entregou-se à vida espiritual, vivendo uma pobreza de bens materiais semelhante à de S. Francisco de Assis.

Julgo que têm de ser lidas com imparcialidade as vidas de Loyola e de Francisco de Assis para se perceber o traço que explica as duas escolhas de Mário Jorge: ser jesuíta e, depois do consistório cardinalício que o escolheu, ser Francisco, Papa.

 

Este livro está cheio, desde a primeira página até às últimas, de uma visão fraterna para a humanidade ‒ não se trata aqui dos velhos e estafados discursos dos padres que têm muita pena dos pobrezinhos e aconselham como solução a caridade. Não, Mário Jorge, sem assumir o papel de um político, nem o discurso farisaico dos bispos, cardiais e sacerdotes da minha e da juventude dele, sem se tornar num falso comunista ‒ que não é nem nunca foi ‒ advoga a necessidade de se deixar de consumir milhões em armamentos para fazer guerras, encaminhando-os para a solução das desigualdades provenientes dos erros e crimes ambientais, para que haja um futuro para a humanidade. Curiosamente, sem nunca condenar directamente a riqueza, condena os excessos de consumo e os de pobreza.

 

Este é um livro que não vai converter ao catolicismo quem não queira ser católico, nem vai afastar da opção religiosa quem tiver outra ou nenhuma, mas que vai deixar cada leitor mais consciente das diferenças, das injustiças e das necessidades existentes entre nós. Podem chamar-lhe utópico, mas é uma voz que fazia falta, que faz falta e que vai ser recordada, quando um dia deixar de ser ouvida.

Este livro acorda-nos por dentro para aquilo que calamos por comodismo, convencionalismo e, até, por medo ou irrealismo.

Se eu encontrar na rua o Mário Jorge Bergoglio, nestes tempos de pandemia, se os seguranças me deixarem aproximar, dou-lhe um encosto de braço, porque ele tem só um pulmão e temos de preservar a vida de homens como ele.

Papa Francisco e o Futuro.jpg

12.12.21

Um Homem e o mundo em descalabro


Luís Alves de Fraga

 

Bastava a pandemia que vivemos para o mundo já estar em descalabro, mas não é disso que venho hoje falar-vos, nem talvez de política, embora tudo o que disser possa ser considerado política.

Os meus Amigos e leitores já repararam ‒ e não podem negar ‒ que o modo de sentirmos o mundo de hoje é totalmente diferente daquela percepção que tínhamos nos anos de 1970, e, talvez, no começo da década seguinte?

A disparidade de hoje nada tem a ver com a idade nem com o passar dos anos! Acreditem que não. Essa coisa de se dizer naquele tempo, não faz parte do meu raciocínio que, admito, está solto de tal preconceito. Olhando objectivamente para esse passado e para os dias de hoje, de comum, parece-me, só temos a importância global da força militar dos EUA a impor-se como se daquele país brotassem os melhores exemplos da democracia. No resto, ainda existia a URSS e a pressão entre blocos antagónicos, uma China à procura de encontrar um caminho que a pudesse colocar onde hoje se encontra, uma África em convulsão por razões próprias ou instiladas de fora, um Médio Oriente a querer afirmar-se como dono do futuro, porque este assentava no petróleo, um Chile, que em 11 de Setembro de 1973, virou na mais bárbara e assassina ditadura depois da 2.ª Guerra Mundial, um Brasil dominado pelos generais do Exército, uma Europa onde persistiam as duas últimas ditaduras com mais de três dezenas de anos, uma cidade de Berlim que continuava dividida por um muro.

 

Olhando mais profundamente para esses anos, temos, através do economista americano John Kenneth Galbraith, a obra que melhor condena o capitalismo liberal herdado do século XIX: o livro ‒ O Novo Estado Industrial ‒ que põe a nu a forma mais impiedosa de exploração da mão-de-obra até essa data: as empresas multinacionais que, ao longo dos anos seguintes à 2.ª Guerra Mundial, tornaram o capital mais apátrida, através da procura da maior exploração da miséria.

 

Esses anos, que nos pareceram, na época, horríveis, mas onde ainda havia réstias de esperança na democracia e na economia, são pálidas amostras dos horrores de hoje.

Um hoje que assenta no capitalismo global e na exploração global. Um globalismo sem rosto, sem imagem, para além da necessidade de consumir até à exaustão e de produzir a preços altamente competitivos longe, geograficamente muito longe, dos locais de consumo. Um globalismo que, não tendo inventado os paraísos fiscais, goza das vantagens da acumulação de dinheiro como se de um bem físico se tratasse. O dinheiro é só um pedaço de papel, que arde ou se rasga ou se destrói com imensa facilidade; o dinheiro não se compara aos diamantes, ao ouro, às obras de arte, aos edifícios, às mansões de antigamente; o dinheiro é só um meio de aquisição, mas, no presente é ele que se esconde, atrás de várias faces e nacionalidades, nas empresas offshore.

E é este o mundo que nasceu da queda do bloco de Leste, o qual, por muita ameaça militar que contivesse, limitava a liberdade e a libertinagem do capital e dos capitalistas.

 

Em Roma, dentro de um minúsculo Estado, que existe na cidade dos Césares, há um homem vestido de branco, um velho, com um ar bonacheirão, e um sorriso cativante, que manqueja, e rejeita usar sapatos de excelente marca, bastando-lhe os pretos, de cabedal e já um pouco cambados, o qual, independentemente das funções que aceitou exercer perante o mundo e uma numerosa comunidade humana, diz coisas como estas: «É tempo de reconstruir uma nova comunidade fraterna, apoiando-a numa base possante que consiga suportar a todos, crentes e não crentes».

Jorge Mário Bergoglio optou, para a sua função episcopal, em Roma ‒ daí ser Papa ‒, o nome do fundador da mais pobre comunidade cristã de todos os tempos: Francisco, que foi de Assis. Ao fazê-lo, terá admitido que bastantes dos seus pares compreenderiam a razão profunda da escolha: é que o santo, que chamava irmãos aos animais ‒ um ecologista no seu tempo ‒, não aceitava que a sua ordem religiosa, a dos franciscanos, construísse um templo, uma igreja simples, de pedra sobre pedra, porque continuavam a existir pobres que não tinham onde se abrigar para além da abóbada celeste nas noites frias e nos dias de escaldante calor.

E Bergoglio ‒ o Papa Francisco ‒ não podendo radicalizar-se como o seu patrono quanto aos bens materiais da Igreja Católica (ainda lhe acontecia alguma coisa grave, que lhe inutilizava o esforço) fá-lo ao nível do entendimento teológico dos juízos da Cúria Romana e das dioceses que compõem a Igreja no mundo. E fá-lo de uma maneira simples através de uma linguagem compreensível para todos quantos saibam ler nas linhas e nas entrelinhas: «Podemos recomeçar a partir da descoberta da fragilidade comum, que a dureza da pandemia nos atirou à cara. Devido à miséria e à exploração dos seres humanos, em algumas zonas do planeta a precariedade da existência era já há muito o «pão nosso de cada dia». Em contrapartida, noutras regiões do mundo, a certeza de que os poderes humanos, técnicos e científicos eram imbatíveis revelou-se incontornável. Agora é ainda mais evidente que, tanto no bem como no mal, as consequências das nossas ações recaem sempre e também sobre o próximo. Por isso a solidariedade de facto entre todos nós, se se tornar uma escolha global e definitiva, é o caminho para a salvação, para transcender esta época ameaçadora: a vida é sempre com os outros, e a fraternidade é imprescindível, porque sozinhos, mais cedo ou mais tarde, desabamos. Se tomarmos conta uns dos outros, todos poderemos viver melhor.» (do livro Deus e o mundo futuro p. 16 e 21-22).

 

Estas palavras, ditas por um jesuíta, que se tornou franciscano, com suavidade, mas firmeza, chamam a atenção para as diferenças materiais entre a humanidade e a necessidade que temos de reformular esta democracia global, este liberalismo cruel e, começando tudo de novo, tudo do zero, encontrarmos a democracia justa. A democracia dos Homens que Bergoglio não despreza e, até enaltece.

Será que Francisco, o Papa, é comunista, socialista ou simplesmente um Homem justo?

11.12.21

Eleitos em sufrágio nacional


Luís Alves de Fraga

 

Se olharmos para os cargos que resultam de eleições nacionais ainda somos capazes de chegar a um milhar, se é que não mais.

Começamos no Presidente da República e acabamos no vogal da junta de freguesia, passando por deputados nacionais, regionais e municipais.

Esta gente não foi obrigada a ocupar os cargos que ocupa; candidataram-se e lá estão. Voluntários o mais que é possível!

 

E candidataram-se a quê?

Pois, candidataram-se a cargos onde vão governar o que é NOSSO, desde as NOSSAS finanças à NOSSA agricultura, passando pela NOSSA saúde, o NOSSO património artístico e literário, a NOSSA defesa pessoal e nacional, as NOSSAS pescas, a NOSSA economia, a NOSSA indústria, enfim, TUDO o que é NOSSO. Notem bem, NOSSO, mas não deles, pois TUDO é tanto deles como NOSSO.

 

Assim, em face disto, o Zé Povinho dá-lhes a primazia nas entradas em cerimónias, trata-os com deferências, dirige-se a eles por excelência, e considera-os o sumo, a nata de tudo o que há ou pode haver de melhor.

 

Eles usam os magníficos automóveis que NÓS pagamos e auferem os salários que bem entendem estipular para o seu trabalho e tratam-nos, a NÓS, que somos, afinal, os seus PATRÕES, como se NÓS FOSSEMOS OS SEUS EMPREGADOS.

 

Meus amigos, quando será que deixamos de ser lorpas e ganhamos um bocadinho de inteligência para dizer na focinheira de TODOS estes senhoritos que quem lhes paga aquilo que eles ganham para tratar do que é NOSSO, somos NÓS? Porque, na VERDADE, eles são NOSSOS EMPREGADOS. Foram eles que se candidataram ao emprego e somos NÓS que os admitimos. Depois de admitidos por NÓS, tratam-nos como gentalha.

 

Não está na altura de deixarmos de ser estúpidos? É que a NOSSA atitude para com ELES ainda tem implícita uma fortíssima carga de monarquismo, de dependência senhorial herdada das hierarquias sanguíneas em que a nobreza se estribava para esmagar os “malnascidos” daqueles que não eram filhos d’algo, mas, para eles, filhos da puta.

07.12.21

D. Afonso Henriques


Luís Alves de Fraga

Pode parecer estranho, mas, à volta do nosso primeiro rei ainda há mistérios que merecem ser contados, mesmo que em poucas palavras.

Fica aqui um vídeo, que, também, está no YouTube.

 

03.12.21

Viriato


Luís Alves de Fraga

Hoje deixo-vos um vídeo onde, com brevidade, trago a explicação de se tentar ligar a figura de Viriato à origem dos Portugueses.

Espero que gostem. Está também no YouTube.