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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

27.11.21

Uma explicação necessária


Luís Alves de Fraga

 

Provavelmente, alguns dos meus leitores têm-se interrogado sobre o meu silêncio aqui neste canto com quase dezasseis anos de existência sem interrupções de grande monta. Podia não explicar nada e andar para a frente, mas essa forma de estar não faz parte do meu ser.

 

No final de Agosto, mesmo no começo de Setembro, estive inesperadamente enfermo com gravidade, sujeito a hospitalização e, garanto, durante dois dias, com toda a certeza, tive um pé no lado de lá da vida e o outro fortemente fincado neste de cá. Valeu-me a minha determinação e a competência dos clínicos militares, do corpo de enfermagem e o muito carinho dos auxiliares do Hospital das Forças Armadas (HFAR) para me agarrar com unhas e dentes (felizmente não me faltam assim tantos na boca!) para me aguentar. Ao cabo de vinte e dois dias de internamento, tive alta, mas muito fraco, muito debilitado e muito incapaz de escrever.

Oportunamente, falarei do meu padecimento nesta hospitalização.

 

Algumas semanas antes de ficar doente, criei um grupo restrito, no Facebook, dando-lhe o título (que, em rigor, nunca cumpri!) de 5 minutos de História… e outras histórias.

Preocupava-me estabelecer a relação entre as grandes linhas dos grandes factos políticos (que, na maioria das vezes, resultam de conflitos declarados e, noutras, de conflitos latentes) da vida nacional com aquilo que hoje se chama Estratégia Nacional ou Grande Estratégia e que sempre existiu (não se trata de um anacronismo) ainda que sem consciência da nomenclatura a adoptar.

Regressado do hospital, como tinha deixado alguns vídeos já gravados, ao cabo de meia dúzia de dias, já com algumas forças, mas ainda muito cansado, fui colocando a reserva na minha página e, depois, iniciei novo período de gravações.

O projecto está em marcha, todavia, tem um grave inconveniente: é somente visionável pelos elementos que convidei a fazerem parte do grupo.

Como achei que estava a ter algum mérito esta actividade, embora seja feita na base do mais total amadorismo cénico e gravado sem grande preparação, porque me baseio na memória, no improviso, dando somente importância à mensagem que pretendo fazer chegar aos que optam por ver os vídeos, meti ombros à empresa de criar um canal no YouTube, que reproduzisse as charlas, pondo-as, agora, à disposição de quem as quiser visionar, tal qual como faço aqui, no Fio de Prumo.

 

Não se trata de dar lições a ninguém, mas somente permitir arrancar para uma nova visão da nossa História e, em simultâneo, criar um espaço de reflexão sobre o nosso passado comum.

Não se esperem prelecções de nível universitário ‒ era até difícil condensar em alguns minutos tudo o que se podia dizer ‒ mas monólogos, charlas, que arriscariam ser motivo de conversa à volta de uma mesa de café, tal como se fazia nos meus anos mais jovens: um falava, os outros escutavam e, no fim, vinham as perguntas, possibilitando ampliar pormenores.

 

Assim, este blogue vai sofrer uma alteração redactorial: passará a ser uma pequena janela onde me limito a deixar alguns comentários de pequena dimensão sobre o que achar mais aliciante para os leitores; vou largar as longas dissertações sobre questões políticas, sociais e castrenses como fiz durante estes últimos anos.

Deixo aqui, para quem quiser dar-me o prazer de me ver e ouvir, a ligação para o canal do YouTube, que se chama Perspectivas Estratégicas da História de Portugal.

Pode ser encontrado através da busca pelo meu nome ou pelo nome que lhe dei.

Venham espreitar:

https://www.youtube.com/channel/UCelyZ_KCtM8R6ABQBIuD7Kw

15.11.21

Tão fácil aceitar hoje e tão difícil ontem


Luís Alves de Fraga

 

Há trinta anos estudei a fundo a razão de Portugal ter entrado na Grande Guerra e encontrei uma explicação que tem sido rebatida, especialmente, por um historiador com alguns créditos na nossa academia e por outros que, por ignorância ou simples comodismo, não se dão ao trabalho de estabelecer paralelismos entre a minha tese e a desse historiador - o António José Telo.

 

Hoje recebi da Direcção da A25A uma mensagem a transcrever a entrevista dada pelo major-general Carlos Branco ao "Diário de Notícias" e, logo na primeira pergunta, ele assenta a sua resposta no argumento por mim utilizado para justificar a nossa beligerância em 1916.

Não resisto a transcrever pergunta e resposta:

 

«Morreram dois soldados portugueses ao serviço da ISAF nestes 20 anos. Depois desta retirada súbita, no verão passado, das tropas internacionais do Afeganistão, é de concluir que o comando João Roma Pereira e o paraquedista Sérgio Pedrosa deram a vida por nada?

Tenho dificuldade em afirmar que tenham morrido em vão. Antes de estarem ao serviço da ISAF, encontravam-se ao serviço da política externa portuguesa. Eram instrumentos dessa política. Como membros das Forças Armadas nacionais naquele conflito, faziam parte do esforço de afirmação de Portugal no seio da Aliança Atlântica, resultante do dever de solidariedade a que Portugal se encontra obrigado como membro da NATO. A morte de soldados portugueses em operações internacionais no Afeganistão e noutros teatros de operações é o preço indesejado que por vezes se tem de pagar para que o país seja considerado e respeitado pelos seus pares.»

 

Ressalto a afirmação ENCONTRAVAM-SE AO SERVIÇO DA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA. ERAM INSTRUMENTOS DESSA POLÍTICA (...) FAZIAM PARTE DO ESFORÇO DE AFIRMAÇÃO DE PORTUGAL NO SEIO (...) e digo eu, a propósito dos nossos soldados em França, DA ALIANÇA LUSO-BRITÂNICA.

 

Porque será que hoje não se regateia esta política intervencionista de Portugal numa série de conflitos bélicos e se contesta ainda agora a de há cem anos na Grande Guerra?

03.11.21

A Grande Incógnita


Luís Alves de Fraga

 

Não sei se ou quando vão ter lugar eleições legislativas. O mais provável é que ocorram lá para Janeiro. É, no fundo, a vontade do Presidente da República anunciada com larga antecedência (não sei se de conluio com António Costa ou a passar-lhe uma valentíssima rasteira ou, simplesmente, porque, sem pensar, gerou para si mesmo uma decisão não ponderada).

 

Mas o que vem aí é que constitui uma incógnita tremenda. Vamos ver?

Repare-se que o Partido Socialista (PS) poderá contabilizar mais votos ou, pelo contrário, perdê-los. Não depende da sua propaganda política; depende da propaganda de todos (mas mesmo todos) os restantes partidos políticos; depende da percepção que os eleitores possam ter do que foi a governação de Costa ou do que foi a fraude de Costa nos seus compromissos à esquerda.

Do Partido Social Democrata (PSD) e do CDS nem vale a pena falar, pois estão esfrangalhados e neles votarão os adeptos dos respectivos líderes e todos os inconscientes políticos nacionais, que ainda são numerosos.

No Partido Comunista Português (PCP) votarão os de sempre, os indefectíveis, e mais alguns que não acusarem Jerónimo de Sousa e o Comité Central da crise criada pela não aceitação do Orçamento do Estado (OE). Vamos lá ver se um táxi dá para levar os deputados do PCP ao Parlamento.

Quanto ao Bloco de Esquerda (BE) vai ser castigado, porque, em boa verdade, é um agrupamento de tendências de extrema-esquerda, que cativa muita gente de duvidosa consciência política baseada num discurso simpático atractivo, em especial, porque satisfaz todos os insatisfeitos pouco identificados ideologicamente.

Mas, agora vem a novidade: o partido que dá pelo nome de Chega o qual, à sua maneira, mas no lado oposto ao BE, também cativa pela retórica contra o estabelecido, e esse discurso vai convencer muitos dos eleitores que no acto eleitoral só vêem vingança contra tudo e contra todos.

Depois, vêm o PAN e os Verdes cujo projecto político é coisa sem argamassa suficiente para convencer gente que espera da política e dos políticos mais do que leis avulsas para defender árvores, jardins, animaizinhos e a sobrevivência do planeta (seja lá isso o que for, porque, o nosso pagode quer é a gasolina mais barata e está-se nas tintas para a fumarada das fábricas, desde que possa comprar roupa feita de tecidos sintéticos e toda a gama de produtos cuja matéria-prima é o crude).

Do resto, nem vale a pena falar.

 

O que é que Marcelo Rebelo de Sousa vai ganhar com as eleições? E o país?

Quase de certeza (e quem pode ter certezas? Daí a grande incógnita), um parlamento ainda mais desfeito e fragmentado, sem grandes condições para fazer um novo OE capaz de ser aprovado. E depois? Sim, e depois?