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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

11.01.20

Os príncipes obstinados


Luís Alves de Fraga

 

Por norma, não sou tipo de perder tempo com questões do âmbito da vida social dos colunáveis da imprensa cor-de-rosa, mas, a recente decisão de um dos netos da rainha Isabel II de Inglaterra, ir “ganhar a vida”, virando as costas à fortuna real britânica, fez-me lembrar uma amigável discussão que tive com um velho camarada de armas cerca de um ano antes do dia 25 de Abril de 1974. Vale a pena recordá-la para que se perceba o que sinto perante o anúncio do príncipe inglês.

 

Estávamos em Moçambique, no início de mais uma comissão ‒ a segunda ‒ em tempo de guerra e discutíamos sobre ser esta a última vez que voltaríamos a África com missão de soberania. Ele, casado com uma jovem oriunda de família com fortíssimas ligações ao Estado Novo, afirmava-se decidido a tomar o partido da revolta contra o Governo ditatorial. Comungávamos da mesma intenção, mas recordei-lhe aquilo que era, para mim, uma verdade absoluta: se ambos conspirássemos e ambos fossemos presos eu ficaria a apodrecer nos calabouços da PIDE/DGS e ele seria solto em poucos dias. Indignou-se e quis saber o fundamento. Respondi de imediato: «Porque tu tens família que te solta da situação, porque, para os teus familiares, a tua atitude teria sido uma “tentação” do demónio e a minha um atentado à segurança do Estado».

 

O nosso Povo dizia, nos meus tempos de rapaz, “quem não tem padrinhos morre mouro”. Realmente, o peso do berço, das relações familiares, dos conhecimentos e das amizades antigas desiguala situações iguais; aqui e em qualquer lugar, em qualquer tempo e em qualquer circunstância. Tivemos prova disso na URSS, como nos EUA, para evidenciar dois tipos de democracias diferentes.

Essa a razão pela qual não acredito que o filho mais novo de Diana, a “Princesa do Povo”, venha a ganhar a vida na América de forma igual à do meu filho, se decidir emigrar para lá.

 

Acho tão ridículo estas notícias prenderem a atenção de leitores, que gastam os seus euros, adquirindo revistas e jornais, deleitando-se na doce ilusão de ser verdade as mentiras que se dizem. Por causa disso, fico-me por aqui.

10.01.20

Centeno e os 2800 milhões


Luís Alves de Fraga

 

Notícia de hoje diz que o ministro das Finanças retém sob a sua tutela dois mil e oitocentos milhões de euros, só disponíveis após a sua autorização. É ele quem manda; é ele quem garante a boa administração dos dinheiros públicos.

 

Isto faz-me lembrar alguém e acontecimentos distantes. Isto recorda-me Oliveira Salazar e os primeiros anos de governação das Finanças nacionais depois de os militares do 28 de Maio de 1926 ‒ os que estabeleceram a ditadura e acabaram com a 1.ª República ‒ lhe entregarem a gestão orçamental, por terem sido incompetentes para evitar os sucessivos défices que já vinham da República e da Monarquia.

Salazar foi, na altura, muito claro: só poderia pôr ordem nas finanças se os militares garantissem a “ordem na rua”, ou seja, se impedissem a contestação resultante das medidas que ia adoptar, se se acabassem com as despesas extraordinárias, se todos os gastos que fossem além do orçamento passassem primeiro por si, para os autorizar, se se aceitasse a contenção dos salários e o aumento dos impostos; assim ele poderia “governar como qualquer boa dona de casa, que só gasta o dinheiro que tem”.

 

Tudo isto, ontem como hoje, porquê?

Porque Portugal é pobre! Portugal está cada vez mais dependente do exterior em quase tudo!

Mas Salazar, ao contrário de Passos Coelho, fez, de acordo com a doutrina política por si adoptada ‒ o fascismo corporativo ‒, intervir o Estado em toda a vida económica da Nação. Ele não vendeu património estratégico; pelo contrário, nacionalizou o mais que pôde para garantir que, em última análise, estavam na mão do Estado as “alavancas” estratégicas da sobrevivência portuguesa, ainda que com sérias dificuldades como consequência das fragilidades estruturais do país.

Esta política custou muito caro à Nação, mas ele conseguiu alcançar a tão almejada meta do orçamento sem défice e, se possível, com superavit.

 

Como se vê, em linhas muito largas, a luta contra o défice só tem alcance estratégico se for servida por uma acção económica que vise manter nas mãos do capital nacional ‒ se possível, estatal ‒ os sectores determinantes da riqueza nacional, porque, de contrário, é “apertar o cinto” para “abrir a porta” à saída do rendimento do trabalho português. Assim, pode perguntar-se: o que fica para nós? E a resposta é uma só: o pior de tudo!

 

Não, não defendo, nem de perto nem de longe, um “novo Salazar”; defendo uma política nacional, em relação a Bruxelas, que proteja e imponha a natural idiossincrasia económica portuguesa, exigindo tratamento diferenciado de acordo com o que é diferente.

Portugal não pode nem deve estar na União Europeia para satisfazer os interesses do capital europeu, desprezando os interesses da Nação portuguesa.

Enquanto a União Europeia não for, efectivamente, uma unidade política ela é e será uma associação de nações com interesses próprios e, às vezes, até divergentes.

É isto que compete ao Governo de Portugal ‒ seja ele qual for ‒ defender em Bruxelas, pois a cooperação só se torna possível quando há respeito pelas diferenças.

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