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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

09.11.19

A libertação


Luís Alves de Fraga

 

Lula da Silva foi libertado.

Eu sei que muita gente me vai contestar, que me vão apelidar de coisas que não sou, nem professo, nem concordo. Mas, incontornável, é a libertação do antigo Presidente do Brasil.

 

Por favor, fez coisas boas e coisas más, não me digam que, mais uma vez, os tribunais, no Brasil, se enganaram e puseram em liberdade quem devia estar preso. Se ele é culpado ou não dos crimes de que foi acusado, eu não sei; mas, tudo indica, ele foi condenado e preso em função de uma tremenda trapaça do juiz e do sistema judicial brasileiro. Ou será que a trapaça está, agora, a ser feita?

 

Seja como for, algum valor e mérito deve ter Lula da Silva para que concite sobre si tanta admiração como tanto ódio. Só consegue isso quem fez coisas más ou tidas como tal, por alguns. Mas deve ter feito coisas de muito mérito para ter ainda tantos apoiantes. E, parece, foi no tempo de Lula da Silva que o Brasil deu alguns saltos em frente tanto na luta contra a pobreza como na luta contra o desemprego e, até, na economia nacional.

Corrupção?

Meus amigos, que venha o primeiro, na actualidade, e diga que no seu país isso não existe! Se Lula da Silva foi corrupto? Não sei. Mas o que é isso de corrupção na política? “Comprar” votos, como se fazia em certos países, no século passado, não é corrupção? E encomendar acções sub-reptícias nas redes sociais para impor votações nestes e noutros, não é corrupção? E, através de campanhas publicitárias bem organizadas, alienar até ao ponto de levar a votar neste ou naquele exactamente do mesmo modo como se compra um champô ou uns sapatos de certa marca, não é corrupção?

Então, meus caros, quando tudo e todos estivermos de mãos lavadas e limpas e purificadas, falemos de corrupção!

 

Não, não estou a fazer a defesa dos corruptos e da corrupção! Estou a dizer a velha frase popular portuguesa: «Ou há moral ou comem todos!».

Por tudo o que digo e por tudo o que calo, congratulo-me com a libertação de Lula da Silva.

06.11.19

Reprovações e milhões


Luís Alves de Fraga

 

Para se pouparem uns milhões de euros, bastantes, os alunos do primeiro ao nono ano de escolaridade deixam de reprovar por falta de conhecimentos.

 

Qual o reflexo de uma decisão desta natureza, na actualidade e no futuro? Será esta uma das tais medidas estruturais? Vejamos.

 

Na actualidade, vamos assistir ao mais completo laxismo por parte dos docentes, como é natural. Vamos começar a lançar, ano após ano, alfabetizados carregados de iliteracia para a vida. Claro que, no futuro, este panorama vai alterar a maneira como os nossos adultos se posicionam perante a sociedade e o trabalho. Vamos ter, entre toda a gente que frequentou o ensino básico, indivíduos sem conhecimentos, perfeitamente desinteressados de quase tudo que não seja os assuntos da ordem do dia na televisão e nas redes sociais.

Esta será a consequência, à distância de quinze a vinte anos, da medida agora adoptada.

 

Façamos uma comparação entre a sociedade portuguesa quando nela havia menos de 40% de alfabetizados e esta outra que se avizinha.

Os analfabetos estavam confinados a trabalhos menores e muito mal pagos, não fazendo parte dos portugueses conscientes do mundo à sua volta; a sua vida confinava-se a um universo minúsculo, no centro do qual estava o vinho, a família, o trabalho, a miséria financeira, a falta de saúde, a mortalidade infantil, o futebol e, na grande maioria das vezes, a Igreja e o senhor padre. Depois, de entre os alfabetizados, saiam todos os que iam ter um futuro mais risonho através da frequência da universidade ou um futuro mediano como empregados administrativos no comércio e nas indústrias. Restavam, dos alfabetizados, aqueles que, acabavam em modestos trabalhos no Estado ou em actividades mecânicas onde regrediam a um analfabetismo com diploma de aprovação na chamada quarta classe.

Neste sistema, sabia-se que o futuro ia estar balizado pelos condicionalismos acabados de expor.

Não era bom, não era justo, não convinha que continuasse. Mas, olhemos com frieza para o futuro, com base no que sabemos do presente nesse mundo fora.

 

Com a medida adoptada a situação vai piorar, porque sendo todos, em teoria, alfabetizados, só alguns ‒ e nem sempre aqueles que seria expectável ‒ chegarão a entrar na universidade, porque, a grande maioria ficará para trás chapinhando na sua ignorância encartada de “sabedoria”. Vamos caminhar para uma mediania cultural em tudo semelhante à dos cidadãos rurais dos EUA ‒ sim, porque é necessário ter a percepção de que naquele país impera a mais aflitiva incultura e ignorância imaginável ‒ tal como à dos cidadãos médios britânicos ‒ vá-se a Albufeira vê-los ou às claques de futebol ‒ e alemães ‒ só capazes de perceber o seu trabalho e convictos da sua superioridade na Europa, mas incapazes de saber explicá-la.

 

Pelo quadro que tracei, vê-se perfeitamente, ser esta uma medida “estrutural” através de tornar os nossos alfabetizados iguais aos do resto da Europa e de uma certa América, tida como “desenvolvida”.

Esta sociedade vai ser “óptima” para trabalhar a preços baixos, satisfazendo-se com o desenvolvimento que lhe derem, assente no uso da Internet, nas vulgaridades mais evidentes, na ausência de anseios culturais, na aceitação incontestada das notícias da comunicação social, deixando-se levar, sem sentido crítico, nem capacidade observadora independente, assumindo que “cultura” é viajar e ver museus dos quais nada se sabe nem se quer saber. Uma sociedade assente na fotografia, cada vez mais fácil de fazer para se mostrar aparências.

 

Finalmente, estamos a alinhar com a Europa e o mundo capitalista. Viva a democracia dos telecomandados.

05.11.19

A pulga


Luís Alves de Fraga

 

Ontem, consequência de uma conversa pública, que não vem ao caso relatar, fiquei com a pulga atrás da orelha. Uma pulga que, a verificarem-se as minhas suspeitas, me vai retirar grande parte da confiança, que ainda tenho, neste Governo, liderado por António Costa.

 

A questão é que, acreditando demasiado na meritocracia, tenho tendência a desvalorizar as nomeações para cargos com algum significado público a partir do simples facto de se ser familiar ou amigo de A, B ou C. Mas, a verdade, é que estou atento a esse “fenómeno” de achar que os membros da família ou os amigos chegados são sempre melhores do quaisquer outros.

 

Ao longo de uma vida já com muitos anos todos os cargos que tive resultaram do reconhecimento do meu mérito ‒ seja muito ou pouco ‒ e jamais beneficiei de conluios amistosos ou familiares. Sou avesso a esse modo de promoção e o Governo da legislatura anterior, em dado momento, deu oportunidade a que se descobrissem “arranjos” onde o favorecimento parece ter sido a mola real para nomeações nem sempre na base do mérito. Desvalorizei, por se estar em ano de eleições e ser o momento em que tudo vale para emporcalhar a imagem de quem governa. Mas, esse tempo já passou, eu estou de atalaia para o “caso” que ontem me pôs a pulga atrás da orelha.

Vamos a ver se terei de rever a minha posição política.

02.11.19

Prémios


Luís Alves de Fraga

 

Notícia dos jornais: haverá prémios para os funcionários públicos que não faltarem ao serviço.

Não preciso de ler mais para tirar, de imediato, uma conclusão: continua-se, em Portugal, a não perceber nada de organização de trabalho, nem de produtividade, nem de incentivos à laboração. Vai-se premiar a assiduidade, a presença, e não o que se faz!

 

Embora militar, oficial com capacidade de chefia e investido em cargos onde podia exercê-la, pautei a minha conduta ‒ quando possível, por as condições o permitirem ‒ pela importância dada à produtividade e jamais pelo cumprimento rigoroso do horário de saída do serviço.

Antes do mais, eu sabia as tarefas que tinha distribuído aos meus subordinados ‒ e eles também ‒ e quando deviam estar concluídas. A gestão do tempo de execução ficava a cargo deles. Saíam quando as tivessem executadas, dando-me conhecimento. Tinham dispensas quando queriam, desde que o seu serviço estivesse em completa boa ordem. E, se não estava e diziam que estava, sofriam ‒ consoante a gravidade ‒ pesadas punições ou reprimendas para não esquecer. Nunca me dei mal com este sistema, porque é adulto e para gente adulta e responsável.

 

O horário de trabalho e a presença no local onde se desenvolve a acção laboral são balizas que servem para disciplinar a produtividade dentro desses limites. A produtividade não se mede pelo número de horas que se está, mas PELO QUE SE FAZ QUANDO SE ESTÁ.

Um tal procedimento exige duas ou três coisas basilares: ter chefias responsáveis; definir muito bem as tarefas do funcionário, encadeando-as com as dos outros, por forma a estabelecer um contínuo de trabalho; existir, por parte da chefia um verdadeiro controlo para evitar duplicação de acções e, por conseguinte, trabalho inútil ‒ tudo o que se faz tem de servir para alguma coisas diferente de um arquivo morto onde nunca mais ninguém vai consultar seja o que for.

 

Como o trabalho é uma obrigação e um “castigo divino” ‒ ganharás o pão com o suor do teu rosto ‒ há que o tornar menos pesado, de modo a não gerarmos uma sociedade de sádicos em obediência a um sadismo “divino”; sadismo disfarçado de punição por causa de uma falta cometida: a de ter nascido. Assim, os prémios à produtividade devem ser dados em tempo disponível e liberto do “sádico” trabalho.

 

Tal como se faz em Portugal ‒ e noutros países onde a falta de organização laboral é notória ‒ o que se consolida e fomenta é a “lei do chicote”, o autoritarismo do chefe, a sabujice funcional e a possibilidade de práticas corruptas de chefia e trabalho.

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