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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

20.11.18

Tolerância é o pedido...


Luís Alves de Fraga

 

Claro que vi, ontem, o programa “Prós e Contras”! E foi mesmo o debate de uns a favor e outros contra! Fiquei mal impressionado. Vou explicar a razão.

 

Porque não tomo posição na discussão sobre o espectáculo tauromáquico, procurei assumir a postura de um alienígena acabado de chegar frente à televisão convencido de que se disputava algo importante onde cada uma das partes defendia o seu ponto de vista.

 

Depois dos minutos iniciais, verifiquei que o tal senhor professor de Sociologia, do ISCTE, se preparava para encaminhar o debate para termos científicos e com algum fundamento. Logo de seguida essa capa de boa educação caiu e o que ficou foi um senhor brigão, incapaz de ouvir argumentos discordantes apoiado nas intervenções provocatórias de um cavalheiro, de nome próprio Hélder, que tentava calar a “outra parte” com frases curtas, impondo “ruído”, e nada ou pouco esclarecedoras.

Foi evidente que um tal professor de medicina da Universidade de Coimbra evitou perder a calma e manter o diálogo num nível elevado, que o seu colega do ICSTE boicotou quase constantemente.

 

A um estranho, como tentei ser, pareceu-me que os defensores dos animais se comportaram com mais educação e nível cultural do que aqueles que afirmavam defender a civilização e a cultura com base no apoio da manutenção das touradas. Claro que isto não invalida nem desculpa em nada os deslizes de alguns dos intervenientes dos que se lhes opunham, nomeadamente, de quando em vez, o ar arrogante de um senhor pertencente a uma associação qualquer, salvo erro, designada “Basta”.

 

O que eu vi, na minha postura de alienígena, foi que os cidadãos comuns deixam muito a desejar se comparados com uns tipos que são declaradamente políticos e que sabem muito bem como “levar a água ao seu moinho”, “dando umas no cravo e outras na ferradura” de modo a, comprometendo-se com uma das partes, conseguirem ser aceites pela outra que se lhes opõe! Esses sim, esses sabem esgrimir com palavras e argumentos – resta saber se válidos – surgindo como os defensores da tolerância.

 

Em resumo, os políticos – presidentes de câmaras, presentes no debate – apresentam-se, aos olhos de um estranho, como os únicos interlocutores capazes de discutir, pelos vistos, seja o que for, com alguma elevação, frieza e cálculo.

Se assim é, não resta dúvida, se passarmos do caso simples à generalização, não temos que nos queixar da política e dos políticos, pois o cidadão normal comporta-se como um boçal e os “senhores do poder” como gente “civilizada”, educada e, acima de tudo, capaz de conviver pacificamente com a oposição.

 

Reparem bem o que se pode deduzir de um debate televisivo de baixo nível!

Merecemos tudo o que temos proveniente dos políticos, porque não somos capazes de, como cidadãos anónimos e isolados, fazer grande coisa em termos de discussão de ideias. Curiosamente, aqui, no Facebook – excelente laboratório para análise comportamental, – verifica-se quase o mesmo: boçalidade na discordância e nos argumentos utilizados.