Em Itália
Li há pouco, no Le Figaro, que a Itália fez um ultimato à UE sobre os emigrantes ilegais que estão algures num navio da Guarda Costeira, recolhidos no mar Mediterrâneo. Impõe que esses emigrantes sejam recebidos por países da UE ou, caso contrário, haverá retaliações, tais como a suspensão italiana para o orçamento da União.
Este é o quadro que se começa a esboçar na União: ameaças capazes de levar à falência esse projecto político de prosperidade e de paz na Europa.
Para mim, a posição italiana só me demonstra que não há, não houve e não haverá possibilidades de criar a proclamada União Europeia, porque o que prevalece são sempre os interesses nacionais, falando mais alto do que a unidade. A Europa nasceu das independências, de culturas distintas, de projectos políticos com fins diversos e querer esquecer as lutas, que duraram séculos, para cada povo se acomodar no seu território da maneira que mais lhe convém é, simplesmente, uma linda utopia e nada mais.
Não se trata de uma explosão da extrema-direita italiana!
Ela fala, porque dá voz ao que cada cidadão anónimo pensa sobre a UE. Ela arrisca afirmar desejos, porque sabe que está a expressar o sentimento mais íntimo dos Italianos (haverá, naturalmente, excepções, mas essas também defendem interesses próprios).
Continuo a dizer: a solução para a Europa era, é, a de se ficar por um mercado comum com livre trânsito de bens e pessoas. A história do euro transformou-se numa grilheta das vontades nacionais e vai conduzir à destruição de todas as outras soluções possíveis. A Itália está a dar o exemplo.