Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

28.03.17

Os Dois Pelotões


Luís Alves de Fraga

 

Fala-se na União Europeia a "duas velocidades". Pois, que venha ela, na minha opinião! E que nos deixemos de "caganças" e fiquemos no segundo pelotão, naquele que anda mais lento, e, se possível, fora do euro, regressando à moeda nacional. Precisamos encontrar soluções para o problema da dívida pública. Soluções que nos reduzam os encargos com juros e nos libertem massa financeira para investimentos estatais.

Acredito que o PCP e o BE possam ser o "sal" necessário para dar o equilíbrio indispensável à governação do PS.

Temos de olhar objectivamente para as condições económicas de Portugal e perceber o que produzimos e o que não produzimos, o que nos é favorável e o que nos é desfavorável e, depois, escolher rumos económicos sem complexos de grandeza ou de inferioridade.

27.03.17

O Papel do Estado


Luís Alves de Fraga

O Estado teve, ao longo de séculos, e tem ainda no presente e, prevejo, continuará a ter, no futuro, um papel: impor-se na ordem interna e externa de modo a garantir e alcançar maior grandeza e respeitabilidade.
No passado, o Estado confundiu-se com a figura do Príncipe e, no presente, confunde-se com a do Povo, por isso, acrescentou ao seu tradicional papel um outro: a defesa do bem-estar social.
Foi em nome da grandeza do Estado que se travaram guerras e se sacrificaram amigos e inimigos. É em nome do bem-estar do Povo que se continua a fazer toda a casta de atropelos, na ordem externa, e, também, na ordem interna.
Quem não compreender isto nunca compreenderá a Política dos Estados.

26.03.17

A "União" Europeia


Luís Alves de Fraga

 

Tenho-me cansado a dizer que sou um eurocéptico e explico que os meus fundamentos para adoptar tal posição advém do âmbito cultural e não só político (porque a política está condicionada pela cultura – e aqui a palavra cultura assume o seu mais amplo sentido: tudo o que o Homem acrescenta à Natureza ou toda a herança social.

Factos recentes vieram dar-me razão e justificar plenamente a minha razão. Vamos, pois, analisá-los.

 

O ministro holandês, presidente do Eurogrupo, disse que os países do sul da Europa gastaram todo o dinheiro recebido em “bebidas e mulheres” ou algo semelhante! Foi, não foi?

Pois bem, a reacção não se fez esperar. E a reacção portuguesa foi bastante intensa: mande-se o tipo para o “olho da rua”! Que vá chamar nomes aos da sua laia! Que eles, holandeses, são uma cambada de bêbados! Que ele é sexista! Que é xenófobo! Que é, que é!...

 

O que é isto, para além de uma reacção de repulsa cultural? O que é que o Sousa Tavares lhes chamou numa crónica em que analisa a história da Holanda? Mas ele diz-se europeísta! Sê-lo-á? Não se percebe que à menor crispação o que salta de imediato é o sentimento nacional? Não se percebe que aquilo que sempre esteve “desligado” jamais se pode unir? Não se percebe que não há uma cultura europeia, mas culturas nacionais? Não se percebe que, por mais programas Erasmus que se inventem, nunca se conseguirá, no tempo presente, anular ou esbater as diferenças culturais (muitas vezes, depois de uma experiência Erasmus, ainda se regressa mais xenófobo do que quando se partiu)? Não se percebe que a “raiva” contra a senhora Merkle e contra os Alemães é um fenómeno cultural, um fenómeno resultante do sentimento anti-agregador?

 

O que será preciso fazer mais para se provar que a “União” Europeia o mais que pode ser é um mercado comum europeu? A “União” está a ruir por motivos culturais traduzidos por reacções nacionalistas e o nacionalismo vem do mais profundo da cultura de cada povo, de cada Estado-nação. Salve-se, ao menos, o que ainda pode ser salvo!

23.03.17

Terrorismo


Luís Alves de Fraga

 

Mais um acto classificado de terrorismo (será que já foi reivindicado e, se foi, será verdade?) praticado, agora, em Londres.

Vamos admitir que se trata de um terrorista e não de um tresloucado, que pode ser ou não islâmico. Vamos admitir que está actuar às ordens de um comando terrorista.

Se tudo isto se verificar, se todos os atentados atribuídos ao Estado Islâmico tiverem tido a sua origem, de facto, no estado-maior desses radicais, então, a Europa e o mundo ocidental estão tramados!

 

Estão tramados por causa de um só motivo: a guerra assimétrica desenvolvida sob a forma de guerrilha com prática de terrorismo nunca foi ganha pelas forças regulares... só, ao que eu saiba e salvo erro qualquer omissão, que me não ocorre de momento, na longínqua antiguidade, os "regulares" ganharam aos "guerrilheiros" (temos o exemplo de Viriato e os Romanos em que estes venceram).

 

É a assimetria do tipo de "guerra" que é feita pela guerrilha que lhe dá toda a vantagem a qual é tanto maior quanto maior for o patamar a que conseguir subir. Ora, quando se entra no terrorismo - urbano ou rural - já se está a usar um patamar onde a "arma" a utilizar tem de ser outra que não a de fogo! Mas também a de fogo!

Tem de se procurar "negociar", sendo que a forma de o fazer terá de se adequar aos objectivos do inimigo. E a "negociação" passa por aquilo que Mao Tsé-Tung chamou "tirar a água ao peixe"!

Isso, no caso presente, é extremamente difícil, porque o terrorista actua dentro de uma "água" da qual não carece para sobreviver. O radical islâmico pode estar "adormecido" no seio da sociedade sem se deixar identificar. A única via segura para lhe tirar a pouca "água" de que carece é a da denúncia feita por parte daqueles com quem convive e que desconfiam do seu radicalismo.

 

Parece, segundo as notícias que nos chegam, que o autor dos actos de ontem em Londres "já estava referenciado", na polícia, pela sua violência. E o que se fez? Aguardou-se que se manifestasse como aquilo que era: um terrorista (se é que o é).

Sem extremismos xenófobos nem radicalismos religiosos ou culturais, a pergunta que cabe fazer é:

- Será esta a forma mais correcta de lidar com situações assim?

 

A nossa civilização está a atravessar um momento muito confuso e a receber o retorno daquilo que semeou há quase cem anos: por um lado, a exploração do custo do petróleo e dos povos islâmicos que o tinham, com a criação de desigualdades sócio-económicas abismais e, por outro, a construção de uma modernidade tecnológica assente no petróleo e seus derivados (vivemos rodeados de petróleo, porque quase todos os materiais sintéticos tem como origem essa matéria-prima). Semeámos ventos e estamos a colher tempestades.

 

A solução não vai ser fácil e prevejo-a apontada para uma mudança de paradigma social, religioso, económico, técnico e financeiro que tornará este "mundo" irreconhecível para aqueles que habitarem a Terra daqui a cem anos.

21.03.17

O BCE e as reformas estruturais


Luís Alves de Fraga

 

Chega-nos a notícia das críticas do Banco Central Europeu (BCE) sobre as nossas "falta de reformas estruturais".

Entre as que deviam ser feitas e não foram, lá estão a elevada quantidade de funcionários públicos e as pensões a aposentados.

 

Para além do quanto tudo isto me irrita, pelo peso da ingerência na nossa política interna, há aqui uma incapacidade de percepção por parte do BCE, que se rege simplesmente por números, equações, gráficos e rácios em vez de olhar para realidades históricas.

 

Estou farto de dizer o que toda a gente sabe: em Portugal, durante mais de cem anos, o grande e "melhor" empregador foi o Estado! Toda a gente queria ser funcionário do Estado, porque este podia pagar pouco, mas pagava, e porque, razão mais pesada, não havia emprego para absorver a mão-de-obra que fugia do trabalho agrícola (sobrelotado e incapaz de garantir o sustento mínimo). Era o jovem soldado que, depois do serviço militar obrigatório, concorria à polícia de segurança pública, que se deixava ficar pela Armada ou conseguia o lugar de contínuo em qualquer repartição do Estado, mas era também o jovem licenciado em Direito que almejava entrada nas Finanças ou na carreira diplomática ou no ensino; o médico que concorria à carreira hospitalar e assim por diante.

 

Este país é assimétrico no que respeita à dependência do Estado, porque é assimétrico do ponto de vista das riquezas naturais! Portugal é pobre! É pobre e não tem saída numa Europa que, durante cinco séculos de História, se foi desenvolvendo de acordo com as suas capacidades económicas.

 

Portugal tinha uma capacidade, mais ou menos rentável e que dava emprego a um largo sector da população, de maneira directa ou indirecta: o mar, as pescas e o comércio marítimo, mas alguém, com a ânsia de "entrar" na Europa, rebentou com essa capacidade! Rebentou, porque não soube negociar, porque não soube olhar para a História, porque vivia de complexos coloniais!

 

Agora temos a Europa a "rejeitar" este "corpo estranho" e mais as suas idiossincrasias. A responsabilidade não é de quem vive de uma pensão ou de quem trabalha para o Estado! A responsabilidade é de todos os que teimaram e teimam em olhar para a Europa com ar subserviente e obediente e não sabem impor vontades e realidades.

16.03.17

Bom-senso, Meritíssima Procuradora-Geral da República


Luís Alves de Fraga

 

Por natureza, sou teimoso! Sou teimoso nas discussões, tal como na minha vida pessoal e profissional. Teimoso e persistente. Poucas coisas me fazem desistir seja do que for. É um defeito? É uma virtude? Não sei. Ao longo dos tempos, tem sido um defeito e uma virtude. Tudo depende das circunstâncias, do momento e do assunto.

 

Quando sinto que a minha teimosia está a rondar a estupidez, o bom-senso fala mais alto e recuo. Deixo de teimar e, embora tenha dificuldade em reconhecer a impossibilidade de impor a minha vontade, abato a teimosia e conformo-me perante as evidências.

 

Raramente adio uma discussão e, se a adio, é para ganhar argumentos e poder voltar a ela e sair vencedor. Vencedor ou, pelo menos, melhor colocado.

 

E a que propósito vem tudo isto?

Tudo isto vem à liça, por causa da "Operação Marquês".

Sócrates foi preso sob suspeita, com indícios fortes, de fraude. Investigou-se, ouviu-se, enxovalhou-se-lhe a imagem pública, deixou-se que fosse condenado no tribunal da opinião pública, arrastou-se tudo e todos para dentro do processo na esperança de encontrar uma linha à qual se pudesse agarrar Justiça para o levar a tribunal e, passado todo este tempo, ainda é preciso mais um adiamento!

Gaita, o que é que querem descobrir!? Se têm fortes indícios e não têm meios para provar, tivessem mobilizado mais gente para investigar; se têm fortes indícios e têm falta de tempo tivessem trabalhado 25 ou 30 horas por dia, mas acusavam!

 

O que tudo isto demonstra é que há uma terrível teimosia em vê-lo sentado na cadeira dos réus, mas não há como fazê-lo.

O bom-senso aconselha a que se pare para evitar meter mais a ridículo a Justiça. Eu rio-me dessa ficção!

Tenho vontade de rir quando penso no processo de aquisição dos submarinos, que na Alemanha levou à condenação de, salvo erro, um indivíduo e por cá nem novas nem achadas!

Tenho vontade de rir quando me recordo da vivenda do ex-Presidente da República no Algarve e das acções que lhe deram um lucro fantástico e da negociata na Parque das Nações e, e, e,...

 

Só Sócrates é que foi corrupto? Se é que foi?

Julgo que é tempo da Senhora Procuradora-Geral da República evitar que o ridículo, provocado pela teimosia de uns, lhe caia em cima e a arraste para uma situação em que lhe retira toda a dignidade de Alta Figura da República.

Não se "caça" um corrupto ou vários? Não, não se caça! Mas restitui-se dignidade ao Ministério Público, ensina-se que se tem de ser célere e mais seguro nas suspeitas. Não se caça um corrupto, mas deixa-se manchada para todo o sempre a imagem pública de uma série de gente.

Bom-senso, julgo eu, é isto! Bom-senso é colocar na mesma situação pública um juiz que colocou um político nas bocas do mundo! Bom-senso é ser capaz de, sem o dizer, chamar incompetente a todos os agentes do Ministério Público que não foram capazes de, em tempo dilatado, cumprir a sua obrigação: acusar ou arquivar.

14.03.17

A Conferência na Faculdade


Luís Alves de Fraga

 

Afinal, ontem, recebi na minha caixa de correio electrónico um comunicado do Director da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa onde se explica a razão da interdição da conferência de Jaime Nogueira Pinto.

 

Um grupo de extrema-direita (Nova Portugalidade), sem significativas ligações à universidade, diligenciou conseguir uma sala na Faculdade para nela ouvir o conferencista - conhecido pelas suas ideias fascistas/nacionalistas - em clara acção provocatória. O caso foi dado a conhecer à Associação Académica e os alunos, reunidos em assembleia geral, tomaram a decisão de impedir a conferência em consequência da carga provocatória que ela tinha. A Direcção da Faculdade, conhecedora da decisão, reformulou-a, transformando-a em adiamento para momento mais oportuno.

 

Explicada assim a tomada de posição da Direcção da Faculdade, tudo muda de figura, pois percebe-se que a iniciativa da conferência lhe foi estranha, que não foi ouvida para a resolução da cedência da sala e que se viu embrulhada numa situação já de si provocatória.

 

Tem de se perceber que as extremas - direita ou esquerda - são peritas em usar dos instrumentos democráticos para destruir a democracia. Assim, há que estar alerta e evitar o abuso, porque não se trata de uso e, politicamente, abusados somos todos nós todos os dias em Portugal.

11.03.17

Foi em 1975...


Luís Alves de Fraga

Felizmente houve um golpe nesse 11 de Março. Felizmente, porque assim foi possível nacionalizar a banca e evitar que, pela via económica, se fizesse o contra-golpe.
A nacionalização da banca era necessária em 1975, tal como foi necessário em 1383-1385 confiscar os bens da nobreza que se bandeou com Castela, em 1834 nacionalizar os bens imóveis da Igreja Católica, acabar com os morgadios, expulsar as ordens religiosas e em 1910 voltar a nacionalizar os bens da Igreja. É que só matando a força da reacção se consegue alterar um rumo político... e a revolução liberal de 1820 não vingou por falta de aplicação do remédio.


A liberdade e a democracia existem hoje em Portugal, porque o, então, general Spínola deu uma ajuda, proporcionando o motivo para o abate dos outros conspiradores dos quais o velho militar era, afinal, tão-só o testa-de-ferro. As gerações de hoje devem-lhe esse empurrão.

10.03.17

Foguetes


Luís Alves de Fraga

 

Muita gente deixa-se enganar pela atitude do Presidente da República, que parece dar quase total protecção ao actual Governo enquanto ataca, com maior ou menor contundência, a oposição, nomeadamente o PSD. Abrem-se os jornais e são só foguetes a estalar, porque o entendimento entra S. Bento e Belém tem sido estupendo!

 

Desengane-se quem anda assim tão alegre! Desengane-se, porque, se amanhã houvesse uma reviravolta política em Portugal e a oposição fosse governar, o Presidente da República não alterava em nada o seu estilo. Continuaria a apoiar o Governo!

Porque seria um vira-casacas? Nem se pense em tal!

Porque entende que a sua obrigação é manter a estabilidade governativa. Ele, ao contrário do anterior Presidente, tanto quanto penso, não usa o cargo para desequilibrar a acção do Governo, mas, ao invés, para lhe dar estabilidade.

 

E tudo isto é assim, porque é desta forma que Marcelo Rebelo de Sousa entende o papel do Presidente da República: um fiel da balança equidistante dos partidos e próximo das massas populares. Julgo que ele, no presente momento, só se sente obrigado perante Portugal. Os que hoje lhe dão palmadinhas nas costas não se sintam atraiçoados amanhã se tiverem de deixar as cadeiras do Poder.

09.03.17

Por onde anda a nossa soberania?


Luís Alves de Fraga

 

Há coisas que devemos desconhecer, porque ou não foram devidamente publicitadas ou não foram devidamente plebiscitadas. Uma delas é, sem dúvida nenhuma, os cortes na nossa soberania nacional quando aceitámos entrar no “clube europeu”, sem impor condições, sujeitando-nos a aceitar as imposições de todas as condições.

 

De manhã, leio a crónica “Expresso Curto”, que subscrevi e recebo no meu e-mail. Ontem topei com o pedaço de prosa que transcrevo:

«Venda do Novo Banco à Lone Star ainda não está fechada, mas as negociações estão praticamente concluídas e desconhece-se o valor alcançado. Falta depois a luz verde da UE, mais propriamente da Autoridade da Concorrência. Como se trata de uma mudança da lei bancária que prevê a venda da totalidade do Novo Banco para deixar de ser banco de transição o BCE é a primeira entidade a ter de autorizar, só depois vem a DG Comp.»

 

Ora será que, a frio, os meus Amigos estariam dispostos a aceitar este tipo de dependência de órgãos da União Europeia, que “mandam” naquilo que é nosso e que fomos nós quem pagou?

 

Sempre fui contra a dependência da CEE e da sua “herdeira”, a União Europeia. Nós, tal como os outros povos do mundo, temos o nosso “destino”, ditado pela nossa História e pelas condições específicas da nossa geografia. As problemáticas europeias sempre nos passaram “ao lado”, porque soubemos, enquanto Povo, escolher o nosso caminho e o nosso destino. Este “casamento” — de interesse — foi mal negociado e continua a ser negociado de modo subserviente. Portugal, enquanto entidade nacional, tem direito a impor condições para ter de aceitar outras. E o bom negócio é aquele que satisfaz ambas as partes contratantes.

 

É tempo de, em nome de nós mesmos e não de qualquer ideologia política, impormos à União Europeia as nossas condições, aproveitando a “embalagem” do Brexit. Mas, para o fazer, temos de começar por impor a nossa vontade aos políticos que nos governam. Tenhamos capacidade para o fazer.

Pág. 1/2