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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

29.11.12

Os cortes


Luís Alves de Fraga

 

Através da entrevista dada pelo Primeiro-ministro a uma estação de televisão, ficámos a saber, desde ontem à noite, 28 de Novembro de 2012, que os quatro mil milhões de euros que têm de ser cortados nas despesas do Estado vão ser conseguidos, maioritariamente, à custa dos pensionistas, da educação e da saúde. Ou seja, à custa dos sectores que menor capacidade de retaliação têm para se oporem à política de cortes.

Na verdade, os pensionistas já não podem fazer greve; os estudantes e os professores se fizerem greve a ninguém afectam a não ser a eles próprios; e os doentes, enfermeiros e médicos só podem reivindicar à custa do agravamento dos pacientes até os levar à morte sem assistência. Em suma, o “HERÓICO” Governo Passos Coelho ataca quem não se pode defender ou, dito por outras palavras, BATE NOS VELHOS, NOS JOVENS E NOS DOENTES. Isto é constitucional? Isto não atenta contra os direitos da humanidade?

Onde está a revisão dos contratos leoninos feitos com as PPP? Esses milhões continuam a ir para os bolsos de quem? Onde estão os cortes nas fundações e institutos públicos? Onde estão os cortes na máquina burocrática do Estado? Onde estão os cortes nos organismos parasitas da Administração Pública? Onde estão os cortes nas consultorias feitas a entidades privadas com verdadeiro menosprezo pelos técnicos estatais?

Estamos entregues a jovens governantes que de coragem só têm a garganta! Administram da maneira politicamente mais fácil e “pegam” de cernelha o boi chamado Economia, sem a coragem de o agarrar de frente e com os cornos desembolados.

Estou farto deles!

24.11.12

Uma questão de cultura


Luís Alves de Fraga

 

«O silêncio é ouro, a palavra é prata», diz o velho provérbio chinês, que se tornou metáfora entre nós.

O Senhor Presidente da República, talvez por deformação profissional, num discurso público passado na televisão, materializou o silêncio e, como é dado a saber o valor do nobre metal, afirmou que “o silêncio é de ouro”.

De ouro são algumas das peças de ourivesaria, nunca o silêncio, pois esse só pode ser equivalente ao ouro na mente de quem sabe gerá-lo em condições apropriadas.

O Prof. Doutor Cavaco Silva – doutorado em Economia na Grã-Bretanha – deseja – quem sabe? – ganhar o prémio Nobel da Química transformando, qual medievo alquimista, o silêncio em aurífero minério capaz de ser guardado nos cofres do Banco de Portugal! Era bom que o fizesse sem ser à custa de discursos, mas, para tanto, falta-lhe o engenho e a arte que sobrou a Camões para escrever em dez cantos “Os Lusíadas”.

Haja paciência!

05.11.12

Poeira para os olhos


Luís Alves de Fraga

 

O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa é, sem dúvida, um homem inteligente servido de um brilhante à-vontade, um verbo fácil, uma argumentação de construção arguta, enfim, um comunicador e um Mestre que não receia audiências nem plateias, mesmo que estas tenham a dimensão nacional.

 

Ontem ouvi-o na TVI como faço habitualmente. Ouvi-o e tive pena dele! Pena, porque de comentador inteligente, ainda que comprometido politicamente, se assumiu, perante o país, como vendedor de “banha da cobra”. Então o homem vai dizer que a “Refundação do Estado”, proposta por Passos Coelho, é uma “oferta vazia de conteúdo”?!!! Que não é nada, porque nada explica!!!!

 

Meu Caro Professor, refundar um Estado é, em linguagem política, tudo. É MUDAR O ESTADO! É substitui-lo por outro modelo de Estado! E isto não é nada, nem diz nada?!!! É uma proposta de discussão vazia de conteúdo, diz o Senhor?!!!!

Valha-lhe Deus e Nossa Senhora acompanhada de todos os Anjos e Arcanjos da corte celestial! A quem quer o Professor enganar? A si ou aos Portugueses?

 

Ontem estava com um fato azul às riscas – corte tipo jaquetão – mas merecia, desta vez, o tecido cinzento de muitos comentadores! Ontem tentou atirar poeira para os olhos de todos nós que o ouvimos e vimos. Tentou cegar-nos com o seu jeito de orador brilhante.

E teve e distinta lata de dizer que ficaria mal ao Presidente da República tomar posição perante a proposta de “refundação do Estado”, uma vez que era uma proposta vazia!!!! Mas então, como Conselheiro de Estado, desconhece que ao mais alto magistrado da Nação cabe, também, a defesa da Constituição?!!!

O que o senhor fez foi branquear uma proposta de golpe palaciano feita pelo primeiro-ministro ao PS, para não referir já toda a oposição que se não deixou enganar.

A proposta de Passos Coelho, no plano do crime político, está ao nível das ameaças que Alberto João Jardim, de quando em vez, faz de independência da Região Autónoma da Madeira: são actos de traição. Traição à Pátria e à Constituição.

Passos Coelho, assumidamente, sem a legitimidade popular que já perdeu há muito, propôs ao PS uma revisão da Constituição Política, alterando-a nas costas do Povo.

Toda a gente percebeu isto só o brilhante Prof. Marcelo Rebelo de Sousa compreendeu uma coisa que mais ninguém entende!

 

Ontem, o comentador de política nacional, internacional e outras matérias desceu da sua cadeira magistral e subiu para o caixote do vendedor de “banha da cobra”. É pena, porque o homem é inteligente, mas endiabrado como um pequenino capeta!

03.11.12

Uma opção difícil


Luís Alves de Fraga

 

O Estado tem de emagrecer as suas despesas sem, contudo, afectar a educação, a assistência social e a assistência sanitária. Assim, tem de cortar em tudo menos nestes sectores que, para além de serem constitucionalmente intocáveis, são a espinha dorsal do Estado-social. Trata-se de uma opção difícil que não obrigava à vinda de técnicos do FMI para ajudar a tomá-la, bastando, para o efeito, ter a clara noção do que ao Estado compete para gerir os bens e a vida pública.

 

Se olharmos para trás, verificamos que nestes últimos trinta anos o Estado assumiu duas posições entre si antagónicas: cresceu, enquanto aparelho, admitindo funcionários em excesso com claras duplicações de funções, e descentralizou-se, através da criação de entidades aparentemente autónomas, mas sempre dependentes da comparticipação financeira dos cofres públicos. Ou seja, o Estado foi uma excelente fonte de emprego para muita gente.

 

Chegámos ao momento da verdade! O Estado tem de ter a dimensão racional das funções que lhe cabem. O Estado e as Câmaras Municipais que, também, alargaram até limites inaceitáveis as suas actividades administrativas e, consequentemente, as suas dívidas à banca; dívidas que os munícipes agora pagam por má gestão dos autarcas, pois, se o Estado fez auto-estradas, as Câmaras fizeram rotundas e outros disparates urbanísticos do género… e se fosse só isso!

Este crescimento anormal do Estado deve-se à falta de estratégia que marcou a actuação de todos os governos desde a adesão à CEE até ao Governo Sócrates. Todos são culpados!

 

Face a opções difíceis, o Governo Passos Coelho, já que não pode contar com o PCP e o BE, quer ver envolvido o PS nessa tomada de consciência que os números e a falta de dinheiro impõem. Pessoalmente, concordo que António José Seguro se demarque da armadilha que pode estar por trás desta “Refundação do Estado”, pois assim salvaguarda a possibilidade de não dar cobertura ao fim do Estado-social, já que, politicamente, para resolver a opção difícil em que o Governo se encontra, é mais fácil cortar nas áreas da saúde, da assistência social e na da educação do que ficar com o odioso do necessário encerramento de todas as instituições parasitas que se foram gerando à custa do erário público para satisfazer clientelas e desejos de momento.

 

Está claro que vai haver desemprego por despedimentos e reformas antecipadas, mas esta brutalidade social, que agora se comete para corrigir erros do passado, deveria ser acompanhada de uma “refundação da economia nacional” capaz de absorver os excedentes de mão-de-obra inútil que parasita em muitos organismos estatais. Essa “refundação” não se faz, porque estamos a atravessar uma tremenda crise financeira e económica que se irá agravar com as medidas que evitam o crescimento exponencial da massa de impostos se se não verificar o ajustamento da dimensão do aparelho do Estado às suas reais possibilidades.

É evidente que uma alteração da Constituição Política dava muito jeito neste momento para tornar constitucional o que agora não o é! Temos de evitar perder o pouco que nos resta da vontade de Abril.