O discurso de Cavaco
Elogiado por vários quadrantes da opinião política nacional, o discurso de hoje do Presidente da República foi um verdadeiro bluff demagógico, ainda mais por ter saído da boca de um Professor de Economia e Finanças. E vejamos porquê.
Cavaco Silva pede, por um lado, austeridade por parte das famílias, redução dos consumos desnecessários, mais trabalho, menos gastos supérfluos, nomeadamente em viagens ao estrangeiro e, por outro deseja que haja um crescimento da economia nacional, mais emprego e mais poupança.
Qualquer estudante de Economia sabe que, praticando-se uma política financeira de estrangulamento dos rendimentos através da brutal redução dos consumos públicos e do aumento desmesurado dos impostos, se caminha a passos largos para uma recessão económica – o contrário de crescimento económico – e para o aumento do desemprego.
Cavaco Silva, como qualquer ilusionista de segunda categoria, meteu dois ou três coelhos na cartola, antes do espectáculo começar, e, depois de alguns passes de hipotética magia, tirou-os de dentro dela e exibi-os como se fosse verdadeiro o efeito mágico.
Cavaco Silva, o Primeiro-Ministro incapaz de ter negociado e traçado uma estratégia aquando da adesão de Portugal à CEE, vem, agora, como Presidente da República, aureolado de uma autoridade académica que não tem, dar lições de boa governação ao carrasco que se limita a apertar o garrote em volta do pescoço dos Portugueses à ordem da já tristemente célebre troika que nos asfixia em nome de uma falsa medicina financeira.
Cavaco Silva não tem perdão!