31.08.05
A desistência de Manuel Alegre
Luís Alves de Fraga
Mário Soares candidata-se à Presidência da República e Manuel Alegra desiste «para não dividir a esquerda». Esta última atitude é significativamente louvável, embora não seja condenável a de Mário Soares; a idade já avançada nunca foi problema para quem goza de boa saúde poder continuar a trabalhar. O problema não está aí. Onde ele reside, na minha opinião, é no risco político que Soares corre.
Repare-se que, até pouco antes de anunciar a sua candidatura, o antigo Presidente era tido como uma referência política para muitos Portugueses concordantes ou discordantes das suas análises, mas era uma referência. No presente momento, começou já a desgastar essa imagem e se, concorrendo, não for eleito perde completamente o crédito que tinha junto dos Portugueses; deixa de ser uma referência da República para passar a ser o candidato recusado pelos eleitores.
Este panorama será bom para Portugal? Não seria mais conveniente ter Mário Soares como a voz crítica? Mas, por outro lado, o candidato eleito no caso de não ser Soares vai fazer como todos fizeram até agora: um primeiro mandato de gestão cautelosa para não desgastar a imagem e um segundo mandato mais interveniente. Será isso que o país necessita na situação de crise em que se encontra? É que, bem vistas as coisas, e sabendo todos nós que Soares é realista nos seus juízos, ele, na verdade, vai candidatar-se a um mandato, porque a idade pode não lhe permitir concluir o segundo. Então, visto o panorama desta forma, Soares pode ser muito mais interventor no sentido de corrigir o «rumo de navegação» do Governo do que um qualquer outro candidato e, assim, ganhavam os Portugueses e Portugal.
Mas será isto o que pensa Mário Soares? O pronto apoio de Sócrates deixa-me desconfiado!
Repare-se que, até pouco antes de anunciar a sua candidatura, o antigo Presidente era tido como uma referência política para muitos Portugueses concordantes ou discordantes das suas análises, mas era uma referência. No presente momento, começou já a desgastar essa imagem e se, concorrendo, não for eleito perde completamente o crédito que tinha junto dos Portugueses; deixa de ser uma referência da República para passar a ser o candidato recusado pelos eleitores.
Este panorama será bom para Portugal? Não seria mais conveniente ter Mário Soares como a voz crítica? Mas, por outro lado, o candidato eleito no caso de não ser Soares vai fazer como todos fizeram até agora: um primeiro mandato de gestão cautelosa para não desgastar a imagem e um segundo mandato mais interveniente. Será isso que o país necessita na situação de crise em que se encontra? É que, bem vistas as coisas, e sabendo todos nós que Soares é realista nos seus juízos, ele, na verdade, vai candidatar-se a um mandato, porque a idade pode não lhe permitir concluir o segundo. Então, visto o panorama desta forma, Soares pode ser muito mais interventor no sentido de corrigir o «rumo de navegação» do Governo do que um qualquer outro candidato e, assim, ganhavam os Portugueses e Portugal.
Mas será isto o que pensa Mário Soares? O pronto apoio de Sócrates deixa-me desconfiado!