Economia
Não quero pensar que sou só eu a dar conta do que vos vou dizer. Julgo, basta alguém dizer e todos vão confirmar. Então, aí vai.
O custo da vida está a crescer sem quase darmos por isso, mas aumenta de dia para dia. A economia nacional pode estar muito boa e de saúde recomendável, mas a do cidadão comum, que vive de rendimentos fixos, está a ficar doente.
A explicação é fácil.
A carga fiscal indirecta está a aumentar. Os produtos essenciais para a vida comum estão mais caros, porque custam mais caro no produtor, mas, também, porque sobre eles há taxas fiscais para compensar a descida dos impostos directos.
Tudo isto é uma forma disfarçada de manter alguma austeridade, para conseguir reduzir o déficit e manter o orçamento equilibrado dentro das exigências de Bruxelas.
Em economia não há milagres!
O único milagre que poderia haver em Portugal de modo a darmos um salto em frente seria aumentar o investimento de uma maneira estrondosa, mas, ao mesmo tempo, fazendo crescer a capacidade de consumo do cidadão comum. E, também, ao mesmo tempo, crescer a capacidade de endividamento sustentável das famílias.
Isto era o milagre!
Quando entrámos para a CEE houve qualquer coisa de semelhante ao “milagre”, que se chamou “fundos perdidos”. O dinheiro escorria para o mercado interno de uma forma incrível, o consumo subiu disparatadamente, este passou a ser o melhor dos mundos, mas faltou quem dissesse bem alto:
⸺ Isto vai acabar! Não consumam, invistam em actividades produtivas.
A agricultura definhou porque a CEE pagou para definhar, as pescas decaíram, porque a CEE pagou para se deixar de pescar com uma frota que não nos envergonhava, certas indústrias foram pagas para deixar de fabricar, permitiu-se o compadrio para ganhar dinheiro fácil em actividades de duvidoso interesse imediato ou mesmo mediato.
Ainda por aí existem vivendas que foram mandadas fazer com dinheiro resultante de “formações” e “formadores” que não formavam nada! Embolsavam os subsídios e gastavam-no em seu proveito. Resta-me saber se os filhos desses “empresários” têm profissões com rendimentos capazes de pagar o IMI dessas vivendas e mantê-las bem conservadas!
Quem conhece a Avenida Gago Coutinho, em Lisboa, sabe do que falo, pois, essas vivendas luxuosas, feitas durante e no final da 2.ª Guerra Mundial, também resultaram das fortunas dos “novos-ricos” cujos descendentes não tiveram capacidade para manter o património!
Nós temos uma especial apetência para investir no que não rende nem se reproduz. Em vez de consolidar as fortunas, nós gastamo-las em algo que marque “estatuto” de momento sem pensarmos no futuro.
Precisamos de mudar. Essa mudança, também não se faz por milagre!
Há que educar as pessoas e mostrar-lhes o que é mais conveniente para elas.