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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

22.05.08

O despacho do processo disciplinar


Luís Alves de Fraga

Fotografia retirada do Diário de Notícias

 
Foi sem surpresa que tomei conhecimento do despacho do general CEMFA dado sobre o processo disciplinar que ele próprio me tinha mandado instaurar. São longas as considerações que desenvolve para chegar à única conclusão viável e possível: o arquivamento.
Foi sem surpresa que tomei conhecimento do despacho, por vários motivos: antes do mais, porque, tal como eu digo, quase com sentido premonitório, logo no início do artigo que deu origem ao processo disciplinar (pode ver-se aqui) «Nada há de pior do que perder a cabeça quando se está a ter uma discussão. A emotividade é sempre má conselheira. Em contra-partida, a calma é a grande companheira da sensatez.»; depois, porque a inconstitucionalidade do processo era mais do que evidente e eu recusava-me a acreditar que as assessorias jurídicas do general CEMFA fossem ao ponto de o empurrar para uma situação mais crítica do que a existente ao determinar a abertura do mesmo processo; finalmente, a dimensão pública que o assunto assumiu foi de tal ordem que a insistência na punição disciplinar ia colocar, ainda mais, a Força Aérea nas «bocas do mundo»… e tudo por causa de um simples artigo que teria passado despercebido dos Portugueses se não fosse a vontade de punir o seu autor por ter ousado tornar público o que, para muita gente, seria conveniente fosse tratado no segredo dos gabinetes enquanto à chuva, ao frio, ao vento e ao calor doentes militares esperavam em fila, frente à porta de armas da Base do Lumiar, pela oportunidade de conseguirem marcar uma consulta (de certas especialidades) sob o olhar irónico dos civis que, a horas muito matutinas, por ali transitavam!
Não foi surpresa para mim, porque, desde o início, percebi que as «infracções» invocadas como tendo sido levadas a cabo no artigo eram vazias de sentido pois o que, efectivamente, «doeu», o que «magoou» foi a essência do mesmo e não a forma frontal como está escrito. Essa é ainda conhecida de muita gente na Força Aérea, também por ter sido louvada por dois antigos CEMFA’s e não provém dos muitos anos dedicados ao ensino militar, do culto da liberdade académica, nem de privilégios que a minha idade me possam conceder, nem da dúzia de anos em que me encontro na situação de reserva e reforma, mas do amor à verticalidade que caracteriza quem fez da vida castrense a sua primeira vocação e a aprendeu e exerceu perante militares desde a mais tenra idade no Instituto dos Pupilos do Exército e, mais tarde, durante trinta e seis anos, nas fileiras.
 
Arquivado o processo disciplinar, poderia dar público conhecimento dos termos do despacho do CEMFA; contudo, reservo-me o direito de o fazer quando e se achar oportuno para evitar expor, mais ainda, os pressupostos sobre os quais se pretendia fazer assentar uma inconstitucional punição.
Cabe agora — isso sim — no exercício do mais elementar sentido de justiça e gratidão mostrar o meu profundo agradecimento a todos quantos individual, particular ou publicamente me apoiaram e se solidarizaram comigo, não podendo deixar de dar especial destaque à Associação Nacional de Sargentos que promoveu, desassombradamente e sem reticências de qualquer espécie, uma sessão pública para deixar bem vincada a sua solidariedade.
Para todos vai o meu bem-haja.

 

2 comentários

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    James009

    23.05.08

    Meu caro Coronel,

    Antes de mais, os meus parabéns pelo espaço que dirige, é um ponto de referência para todos os que têm uma vida castrense. Com este espaço sempre temos um pouco de história da vida militar e outra visão da mesma.

    Com os meus tenros 10 anos de vida militar, não posso deixar de ficar indignado com o titulo de "mexilhão". Não nos vamos esquecer que foi um "mexilhão" que levantou a polémica com toda a dignidade. Porque como diz a sabedoria popular, "Quem se lixa é o mexilhão", e no caso concreto do HFA, grande parte dos utentes são mexilhões.

    Com toda a certeza que não foi à procura de louros que a ANS mostrou a solidariedade, segundo o que conheço da instituição, sempre se debateu por expor as situações de maior injustiça.

    Para concluir a minha humilde e singela intervenção gostaria de agradecer e dirigir breves palavras ao Sargento-Chefe Silva Nuno.

    Caro camarada, notaram-se alguns ajustes após a sua carta, a mais saliente foi a responsabilização de falta a um consulta. Não foi grande o passo, mas já é um inicio.

    Com isto me despeço na certeza de estar sempre atento a este Blog.
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