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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

21.01.08

Ingresso na carreira docente


Luís Alves de Fraga

 
Foi aprovado hoje, dia 21 de Janeiro, o diploma que impõe a avaliação, num exame, dos candidatos a docentes do ensino nacional.
Naturalmente, a posição que vou defender pode não estar politicamente correcta, contudo, com a liberdade que sempre advoguei para os outros e para mim mesmo, defenderei a ideia que, julgo, terá presidido à elaboração do decreto.
A notícia pode ser lida on-line no Educare.pt jornal electrónico que recebo todos os dias no meu computador, ao fim da tarde.
 
Concordo com o princípio que presidiu à elaboração do diploma, porque, sendo professor do ensino universitário, há muitos anos me apercebi da fraca qualidade dos alunos que chegavam e chegam ao fim dos cursos secundários e dão entrada nas universidades. Muitos, mal sabem escrever e a maioria não sabe fazer as mais elementares contas sem recurso a uma máquina de calcular. Isto é inadmissível!
 
É mais do que evidente — para quem já leu um ou dois textos aqui deixados por mim — que, desde a mais tenra idade, não simpatizei com o Estado Novo, nem com o regime que ele impôs. Por isso, o que possa parecer uma apologia desse sistema ditatorial é meramente ilusório; não posso é deixar de reconhecer que o salazarismo se fundamentou na existência de excelentes técnicos que fizeram o seu melhor em prol do regime que defendiam e serviam. Uma das áreas onde isso mesmo ficou mais claramente vincado foi no ensino. Ali, os professores eram, na perspectiva fascizante do Poder político, de elevada craveira e competência. Uma competência que a Democracia, em trinta e três anos de existência, ainda não conseguiu adquirir e, muito menos, pôr em prática.
Hoje o cidadão com o 12.º ano de escolaridade sabe menos, em muitas áreas do conhecimento, do que sabia uma criança alfabetizada com o 4.º ano de frequência escolar há 40 ou 50 anos atrás. Já não falo na comparação entre um aluno com o 11.º ano de escolaridade daquele tempo e um de igual nível da actualidade. Paradoxalmente, em 30 anos a taxa de analfabetismo baixou, mas subiu a taxa de ignorância ou, como agora se diz, de competências adquiridas.
 
Se olharmos para trás verificamos que aos professores do ensino pré-escolar e do ensino elementar ou primário não lhes era pedido mais do que o 9.º ano de escolaridade e a frequência de um curso que, com estágio incluído, não ia além de três anos. Todavia, ao professor do ensino secundário era-lhe exigido um curso superior universitário — com a duração mínima de cinco anos — e mais as chamadas, em linguagem vulgar, pedagógicas, ou seja a aprovação num curso de Ciências Pedagógicas com a duração de um ano lectivo e mais outro de estágio.
Apoiado neste escol de docentes, o Estado, através de um Governo de mão pesada, definiu, com grande clareza e muita objectividade, os programas do ensino. E aí não havia margens para flexibilidades: ou se ensinava e se sabia ou se falhava por completo, tanto mais que os exames do ensino secundário liceal eram de âmbito nacional — ainda que os do ensino técnico estivessem sujeitos a uma maleabilidade maior e ficassem pela competência das respectivas escolas. E deve ter-se em conta que este rigor só era possível por estar apoiado no sistema de livro único; livro que, em algumas matérias, chegou a durar décadas sem a mínima alteração!
Este sistema tinha vícios. Claro que os tinha e nem outra coisa era de esperar de uma ditadura! Mas possuía virtudes
 
Quando a Democracia foi dada pelos militares aos Portugueses havia que destruir o «edifício educativo» — mantê-lo era corroer o novo regime pelo lado de dentro, para além de ser absurda a sua conservação — mas devia ter-se tido o cuidado de desmantelá-lo pedra a pedra, tijolo a tijolo e não, como se fez, através de uma muito grande implosão. Dever-se-ia ter tido a cautela de manter as virtudes deitando fora os vícios.
O mal está feito e nada pior do que chorar sobre o leite derramado… Poupem-se as lágrimas, mas haja o cuidado de saber tirar lições do estrago que se fez! Ora, quer-me parecer que, com algumas décadas de atraso, se está, agora, a começar a remediar alguns dos erros cometidos.
Os docentes que vão educar e instruir as gerações do futuro têm de se mostrar competentes e capazes da missão elevada e nobre que lhes cabe; os docentes que já estão, há anos, no desempenho das suas funções têm de provar que merecem continuar na sua actividade cívica. No entanto, cabe ao Governo ir mais longe. Tem de definir programas apropriados e exigentes e não pode, em nome de nenhuma estatística, sacrificar níveis de conhecimento. Os alunos têm de saber, porque ensinados por professores competentes e têm de ser educados, também, para o exercício da cidadania, sem esquecer que esta passa pela disciplina, ordem e cumprimento das obrigações que cabem a cada um.
 
Por algum lado tem o Governo de começar… Pois que comece, mas não pare!

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