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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

07.08.06

Outra vez a Guerra Fria?


Luís Alves de Fraga
Se me perguntassem como vai a Terra em matéria de conflitos militares diria, sem grandes hesitações, que não está de todo mal. A esmagadora maioria dos desentendimentos com significativa relevância colocam-se à volta do Médio Oriente e da cultura islâmica.
Respondido assim, tudo parece simples e facilmente solúvel, mas o certo é que, neste caso, as aparências iludem. Iludem, porque ao confronto entre culturas — a islâmica, a cristã e a judaica — se vieram juntar concepções de viver a vida quase antagónicas. Estamos, de novo, dentro de uma área geográfica que ali polariza todos os desentendimentos. Algo semelhante à Europa Central quando existia bloco de Leste; era naquela zona que, a repetir-se um confronto global, ele iria começar.
Na similitude que procuro estabelecer, devo deixar claro que a Alemanha Democrática do Médio Oriente é, sem sombra de dúvida, a faixa onde se aglomeram os Palestinianos expulsos de Israel pelos Judeus. São eles que lutam pelo direito à existência apoiados por quase todo o bloco islâmico mais ou menos envolvente. Eles são os diferentes: religiosa, cultural e economicamente; eles querem que o seu sistema subsista num mundo globalizado por princípios que a sua cultura recusa. Não são nem pobres nem ricos; são diferentes. O internacionalismo da sua causa vem-lhes não de uma doutrina política como no passado foi, para a Europa, o marxismo, mas da simpatia religiosa dos povos detentores de potencialidades económicas que lhes falham.
Os Judeus constituem, no seu conjunto, um grupo de pressão que sustenta um Estado onde se trabalha pouco, se produz quase nada, se têm índices económicos catastróficos; um Estado que vive das remessas financeiras dos Judeus de todo o mundo e ao qual se associaram, por razões diversas, outros Estados que desejam defender interesses económicos e, por isso, estratégicos.
O Hezbollah é tão radical quanto o são os Judeus. Estes perderam a popularidade dos anos 60 e 70 do século passado porque resvalaram para o tipo de conflito armado que os islâmicos pobres podem e sabem fazer: o terrorismo. Atacar povoações indefesas com uma aviação poderosa, com carros de combate ultra modernos e com artilharia sofisticada, não é guerra; é terrorismo igual ao dos homens e mulheres que se sacrificaram para espalhar a insegurança na sociedade civil israelita ou à incerteza no alvo que cada míssil lançado do Líbano transporta consigo. Mas os Judeus praticam-no assim, sem qualquer tipo de pudor, porque os Americanos fizeram-no quando invadiram o Iraque e haviam-no feito durante a Guerra do Golfo e, acima de tudo, porque os Estados Unidos apoiam Jerusalém.
Este conflito tem uma única virtude: vem mostrar a imoralidade dos mais fortes no mundo que eles querem globalizado (entenda-se, dominado pelos grandes impérios financeiros).
E os Portugueses e o Governo português que posição tomam neste confronto de poucas vergonhas?
Curiosamente, e por infelicidade pessoal, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, única voz que, em tempo oportuno, se manifestou contra os Judeus e norte-americanos, afastou-se da cena política. Freitas do Amaral tinha atrás de si o extraordinário poder de ter sido presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, lugar privilegiado para se observar, com isenção, a justiça e injustiça das desavenças no mundo. Não foi de ânimo leve que teceu comentários à actuação de Jerusalém. Sabia o que dizia e disse-o com plena consciência e conhecimento de causa. Mas, por cá, não se pode ser diferente do padrão de subserviência aos Estados Unidos. Uma tristeza!
Do ministro que substituiu Freitas do Amaral no palácio das Necessidades, não me vou ocupar. Já o fiz várias vezes ao longo de um ano quando «mandava» nas Forças Armadas. Não perderei mais tempo com ele. Deixarei um reparo sobre o que entendo poderia ser o papel dos nossos dirigentes.
O Governo português — todos os Governos que passaram até agora pelas cadeiras do Poder — deveriam ter traçado uma verdadeira política de autonomia externa para o país condizente com os superiores interesses nacionais. Todavia, uma tal postura impõe valores que não estão nos hábitos de quem se pavoneia nos salões das diferentes sedes do Poder.
Se não nos movimentássemos nos pântanos infectos do servilismo, até poderíamos e deveríamos ter um papel de mediadores entre as partes desavindas, porque, embora sem força militar, gozamos do privilégio de sermos necessários aos Americanos nas suas deslocações bélicas sobre o Atlântico, pelo facto de o arquipélago dos Açores ser território nacional. Isso dar-nos-ia uma força negocial acrescida se os nossos políticos em vez de saltitarem assustados como pardais de telhado tivessem a coragem das águias isoladas e altaneiras para quem a linha do horizonte está mais além, porque o seu limite de voo é soberano. Não têm!
D. João II deve, lá onde paira, estar envergonhado destes Portugueses...

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