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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

21.10.12

O escudo e o euro


Luís Alves de Fraga

 

Estamos a viver uma tremenda crise financeira e fiscal porque temos como moeda o euro e porque Portugal contraiu grandes empréstimos junto da banca estrangeira para sustentar os constantes défices do orçamento nacional. E se a nossa moeda fosse o escudo? Isto é, se não pertencêssemos à zona euro, como seria? Vamos ver.

 

Se não pertencêssemos à zona euro não estaríamos obrigados a cumprir a regra dos 3% do PIB, ou seja, o défice estaria condicionado à nossa capacidade de pagamento e à disponibilidade da banca estrangeira nos emprestar a uma taxa de juros nacionalmente aceitável. Mas se estivéssemos numa situação de quase bancarrota, como seria? Teríamos de pedir a intervenção do FMI e dos seus empréstimos, sujeitando-nos às imposições que nos fizessem. E como combateríamos o problema? Teríamos de reduzir o consumo interno de modo a importar menos e exportarmos o máximo possível. Para conseguir uma tal política desvalorizaríamos o escudo de maneira a serem mais competitivos os nossos produtos no mercado externo e mais difícil, por via do aumento da inflação, a aquisição de bens no mercado interno. As taxas de juro subiriam de modo a ser mais difícil obter empréstimos – o dinheiro tornava-se caro – mas o juro de depósitos acompanharia essa subida de forma a, aparentemente, os depositantes terem mais rendimento com a aplicação do seu dinheiro a prazo. Do ponto de vista fiscal, pouco ou nada se teria de mexer, porque a inflação, por causa da desvalorização do escudo, se encarregaria e baixar os salários. A par desta política monetária teria de ser desenvolvida uma contenção de gastos estatais de maneira a reduzir o saldo negativo do orçamento para se depender menos dos empréstimos estrangeiros. Haveria essencialmente despedimentos na área da administração pública ou redução de empreendimentos nesse domínio. Os salários seriam “curtos” em relação ao aparente “crescimento” do mês, mas haveria um claro convite à produção para a exportação. Do ponto de vista social, os trabalhadores iriam reclamar aumentos de salários e estabelecer-se-ia um braço de ferro entre empregadores e empregados. Este seria o cenário que se teria de viver durante um, dois ou três anos até que o Estado pudesse reequilibrar os seus gastos com as suas receitas. Eventualmente, poderia ser praticada, também uma política de agravamento fiscal para atingir só os grupos sociais de grandes rendimentos e para quem a inflação representasse pouco decréscimo de capacidade de consumo.

 

Pertencendo Portugal à zona euro não pode inflacionar o valor da moeda comum e, assim, tem de conseguir os mesmos efeitos internos através da política fiscal, aumentando os impostos de modo a que o défice se reduza por duas vias conjugadas: a diminuição das importações e a sustentação do aparelho do Estado existente; em acréscimo, a prática de uma política de encurtamento das despesas do Estado e, também, a venda das empresas públicas para conseguir um maior encaixe financeiro de modo a reduzir o défice, aproximando-o da famosa percentagem dos 3% do PIB. Trata-se de uma solução que nos é duplamente imposta: pelas entidades que nos financiam a baixos juros e pela Comissão Europeia que nos obriga a executar um orçamento pouco despesista. As consequências estão à vista: incapacidade de compra de bens, falências, desemprego, perda de património público, o mesmo ou maior “emagrecimento” do aparelho do Estado e, acima de tudo, clara redução da soberania nacional.

 

Nunca os governantes deste país nos perguntaram, enquanto Povo com novecentos anos de História, se queríamos pertencer à, então CEE – decidiram por nós e com medo de nós, pois limitaram-nos a capacidade de revolta – e menos ainda nos perguntaram se queríamos aderir à moeda única, perdendo instrumentos de governação autónoma.

Conclusão: para os políticos do arco governativo nós, os Portugueses, somos BOSTA a quem, periodicamente, pedem os votos necessários para fingir que estão legitimados de modo a tomarem as decisões que ELES entendem e que nós, depois, quais jumentos de carga, aceitamos sem refilar, sem alçar as patas e escoicear.