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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

14.09.11

Voltar ao passado


Luís Alves de Fraga

 

Começa a ouvir-se, um pouco por todo o lado, apelos à necessidade de os Portugueses se unirem para vencer a crise. Quase ninguém diz que essa unidade nos vai conduzir à verdadeira dimensão económica que temos nos tempos actuais. Ou seja, à dimensão de um país altamente endividado, sem grandes recursos económicos e com um parque industrial quase reduzido a nada. Essa unidade salvará os ricos, porque são ricos e poderão ficar menos abastados, contudo, sempre capazes de enfrentar os desafios de um quotidiano mais apertado. Mas essa unidade não vai evitar o regresso a padrões de vida que já havíamos esquecido e que rondarão aqueles que tínhamos no final da década de 60 do século passado.

Desculpem-me os meus amigos socialistas que nos querem fazer crer que, depois de passada a crise, retomaremos a velocidade de cruzeiro que adquirimos há quinze ou vinte anos atrás. Não. Não mais voltaremos aos índices de consumo que experimentámos na época áurea da adesão à CEE ou União Europeia. Isso acabou. Teremos de viver de acordo com a capacidade económica que possuímos realmente e essa foi destruída aquando da adesão à Europa para dar oportunidade à entrada livre dos produtos vindos daquele mercado. Os dinheiros que nos foram dispensados, e que serviram para enriquecer muita gente e para lançar auto-estradas por todo o território, não foi aplicado de acordo com uma política de desenvolvimento onde poderíamos e deveríamos ter investido. Essa oportunidade passou e já nunca mais volta. Ficou-nos a pobreza estrutural. Seja qual for o governo que assuma o leme desta nau só nos pode fazer navegar na pobreza que nos caracteriza, nada mais.

Teremos meios para alterar alguns rumos. Poderemos voltarmo-nos, de novo, para o mar e fazer dele uma fonte de rendimento, através de uma marinha e dos portos que possuímos, mas teremos de ter capital para criar companhias de navegação e portos bem apetrechados para darem rápida resposta ao escoamento dos produtos. Poderemos montar parcerias com o Brasil, Angola e outros Estados africanos ricos, mas teremos de possuir capacidade de resposta concorrencial nas áreas e domínios que escolhermos para trabalhar. Ou seja, terá de haver reconversões na sociedade portuguesa e essas, porque são demoradas, terão de ser lançadas agora para dar frutos daqui a quinze ou vinte anos. Essas começam na escola e no ensino. Teremos de repensar o tipo de gente que desejamos ver formada daqui a vinte anos. Será que nos farão falta licenciados ou quadros técnicos intermédios para liderar uma mão-de-obra especializada? Será que o retorno à agricultura se compadece com a fuga para as cidades do litoral das famílias do interior? Qual o modelo de sociedade que melhor se apropria ao Portugal de amanhã?

A verdade é que não vejo no leque partidário com prática de governação nenhum grupo capaz de delinear uma política coerente para enfrentar o amanhã. Um amanhã que será, de certeza, muito diferente do presente e que estará mais próximo, em certos contornos, de um passado que foi conhecido pelas gerações nascidas na sequência da 2.ª Guerra Mundial. Desenganem-se as mulheres e os homens nascidos em Portugal nos anos 80 do século XX e, até, os da década anterior, porque vão sofrer muito com a mudança que se está a esboçar na sequência desta crise. O Portugal do crédito fácil vai desaparecer e com ele o consumo desregrado, o consumo das férias no estrangeiro, o consumo dos bens acessíveis, o consumo das marcas de moda. Já há quem esteja a pedir o lançamento de forte carga fiscal (IVA) sobre os produtos estrangeiros e supérfluos. Se avançarmos por aí, estamos a voltar ao passado e a disciplinar o que a adesão à Europa veio indisciplinar. E, digam o que disserem os meus amigos comunistas, esta seria a via que eles seguiriam se fossem Poder, ainda que acabando com o domínio da alta finança para imporem o domínio da finança colectiva.

A pobreza dos territórios, a falta de capitais e a ausência de engenho dos povos determina-lhes o modo de vida e, acima de tudo, o modo de morte.

09.09.11

A eficiência e produtividade dos Portugueses


Luís Alves de Fraga

 

Em Abril do corrente ano comprei um livro de ensaios históricos na livraria da FNAC do centro comercial Vasco da Gama. Comecei a lê-lo há dias e, em dado momento, verifiquei, com certo espanto, que o conteúdo de uma página não correspondia ao da anterior. Olhei para a numeração das folhas e constatei que havia um salto de cerca de sessenta páginas. Foi um erro de encadernação. Acontece.

Ontem fui à mesma loja da FNAC com o livro defeituoso e pedi a sua substituição. A funcionária que me atendeu, depois de quinze minutos de esforços vários — desde procurar no armazém até falar para outras lojas, passando por buscas no computador — perguntou-me se queria ir levantar o livro a outro estabelecimento da cadeia FNAC ao que respondi que negativamente. Queria o livro no centro comercial Vasco da Gama, o mais perto de minha casa. Informou-me, então, a eficiente funcionária, que, nesse caso, teria de esperar cerca de uma semana e meia pela entrega do exemplar que viria de uma das outras lojas!

A empregada não tem culpa. Fez o melhor que estava ao seu alcance, todavia, não posso deixar de me interrogar se esta é a eficiência e a produtividade que se deseja para Portugal. E trata-se de uma empresa francesa! Se a Europa trabalha assim, então a União está perdida! Será muito difícil criar um sistema de reposição de stocks entre lojas da mesma cidade com um tempo máximo de vinte e quatro horas? Desconhecer-se-á o que é um serviço de estafetas diário? Sendo assim com uma empresa francesa em Portugal (já estará contaminada pelos hábitos nacionais ou este funcionamento será igual em França?) espantamo-nos com a lentidão dos nossos tribunais, dos serviços do Estado, com a demora das intervenções cirúrgicas nos hospitais públicos e com tudo o mais que anda à velocidade do caracol neste bendito país?

Quer-me parecer que, antes de se falar em eficiência e produtividade, teremos de ensinar aos governantes e responsáveis políticos deste país o que isso é! E, se calhar, não só aos governantes e responsáveis políticos, mas, também, aos empresários e aos gestores privados.