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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

18.05.10

Da minha janela eu via o mundo


Luís Alves de Fraga

 

Coisas que às vezes acontecem!

Ao reler o texto que se segue, escrito há quase cinco anos — cinco anos pode ser muito ou pouco tempo… tudo depende da idade que temos — achei que ele, por um qualquer acaso que a roda da Vida impôs, está oportuno para os tempos que passam. Publiquei-o, a primeira vez, no meu outro blogue ao qual resolvi chamar «Desblogueando». Deixo-o, agora, para uma leitura mais política, no momento que atravessamos, aqui, no «Fio de Prumo», pois, embora sendo de cariz intimista, não foge ao padrão definido para este espaço.

 

 

Não sei qual o motivo, mas talvez por causa desta maldita constipação de nariz, na noite de hoje, dormi menos horas que nas anteriores.

Levantei-me um pouco antes das seis da manhã, depois de quatro de bom repouso.

Acordei sob o efeito de um sonho maravilhoso. Estava a passear na minha rua, a rua onde se situa o prédio onde nasci. Porque eu nasci em casa.

Recordo-a sempre como um rio que corre ao contrário, dos Anjos para a Graça, para o largo dos Sapadores, no começo da Penha de França. É a rua Angelina Vidal. Curioso que, entre nós, se cultiva o hábito, inculto, de não averiguar quem foi a personagem que dá nome à artéria onde vivemos. Coisa de gente sem prontidão para o trabalho de saber! Pois bem, Angelina Vidal foi poetisa, ficcionista, dramaturga e jornalista republicana nascida na segunda metade do século XIX e falecida, depois de anos de luta pelos direitos políticos e de cidadania da mulher, em 1917.

Hoje, a minha rua, é feia; encanada entre edifícios do começo do século XX, de um lado, e «modernos» apartamentos dos anos 50, do outro. Quando era pequenito, onde agora estão as casas «modernas», havia duas moradias térreas, uma oficina de trabalho metalomecânico e uma quinta de pinheiros altos que descia em rápido declive para a rua Damasceno Monteiro. Depois, por cima desta paisagem próxima, estendia-se o olhar até quase alcançar o rio, abarcando-se mais de um terço da velha Lisboa. Lá longe, na linha do horizonte, ainda se vislumbrava a cúpula da basílica da Estrela, mais perto, a meia distância, o edifício do Instituto de Medicina Legal e uma parte do Hospital de S. José; um pouco para a direita, o casario da antiga Escola de Guerra e o hipódromo onde os cadetes, montando cavalos, saltavam obstáculos (como essa visão terá sido, também, determinante para o meu futuro!); tendo já de me debruçar da janela, viam-se as árvores do Parque Eduardo VII; ali, à mão de semear, o Martin Moniz, a avenida Almirante Reis, o começo da «Baixa», fervilhando de gente. Essa era a cidade que me habituei a ver, mas a vida e o mundo estavam mesmo debaixo dos meus olhos, na minha rua.

Logo em frente da porta do prédio onde pela primeira vez chorei trabalhava-se do nascer do dia quase ao anoitecer, ligando barras de ferro (como é bonita a chuva de efémeras estrelas que saltam da soldadura eléctrica! Morrem antes de chegar ao chão, sem deixarem rasto...), martelando, torcendo metais; os sons cadenciados chegavam ao segundo andar ainda palpitantes... O trânsito era pouco; a rua, vivia os sons de dentro não se deixando encantar com os que velozmente por ela deslizavam. De manhã, por esta hora a que escrevo, ouvia-se a voz sonora da mulher da fava rica. Depois, mais tarde, era todo o desfilar de pregões das vendedeiras de fruta (de, no seu tempo, os «figos de capa rota»), de hortaliça (alface fresquinha), do peixe «do alto» (a pescada e o carapau). À tarde eram só frequentes as peixeiras com as canastras à cabeça, batendo o salto da chinela no empedrado da rua, quando bamboleavam os quadris em jeito de onda sensual; os longos peixes-espada cinzentos dependurados a enfeitar-lhes as canastras enquanto, ao meio, sobressaíam os cachuchos rosados de mistura com amêijoas, berbigões, sardinhas, chicharros e besugos já moles de muito mexidos. Às vezes, anunciando a chuva para o dia seguinte, lá vinha o amolador, soprando de modo especial uma gaita que soltava sons de paradoxal melodia e estridência. Sem dias nem horas certas, passava o ferro-velho, enquanto o limpa-chaminés, enfarruscado, vasculho na mão e cordas ao ombro, oferecia os seus serviços de manhã. O fim da tarde era o momento da camioneta que fazia a distribuição dos cântaros de água de Caneças tapados com uma rolha de cortiça embrulhada num papel verde-alface. De tempos a tempos, ronceiro na ascensão e veloz na descida, vinha o carro «eléctrico» que, ao subir, tinha paragem mesmo em frente da porta do prédio donde observava o mundo. Saía gente e raramente alguém entrava (não valia a pena pagar bilhete para chegar ao largo da Graça! Tempos difíceis!).

Um pouco mais a baixo e um pouco mais acima da oficina, as duas vivendas eram habitadas por oficiais do Exército e suas famílias (mais outro apelo a seguir a carreira castrense): o Sr. Engenheiro (coronel daquela Arma) e o Sr. Major. Lá no prédio já sobranceiro às escadinhas, na curva, vivia um outro... Chegou a general e malogradamente morreu em Angola num acidente de aviação que ceifou todos quantos o acompanhavam: chamava-se Silva Freire (dou comigo a pensar neste momento: - Com tantos oficiais na minha «frente», será que funcionaram como uma espécie de espelho para o meu futuro? Ter-me-ei deixado impressionar com o aparato das fardas ou prevaleceram a educação nos Pupilos do Exército e a influência familiar?).

Ao ver todos quantos calcorreavam a minha rua, sem infantário para onde ir, foi, olhando-os, com a testa encostada à vidraça, que aprendi, pela mera observação, a crueldade das diferenças sociais, a brutalidade dos sistemas repressivos. Na maior parte das vezes, a aprendizagem era lenta e inconsciente, mas, momentos houve, em que a marca se fez como quem, pelo ferro em brasa, garante a posse do animal.

Hoje, a grande janela dos meninos para o mundo tem um nome novo! Chama-se televisão. Deixa-os ver o que outros programam. O sonho e a fantasia, a realidade, a alegria e a tristeza são fornecidos a conta-gotas como quem dá remédios ou venenos. Mas a vidraça é tão grossa que o real ganha tons de brincadeira, por isso a violência pode ser disponibilizada sob todas as formas e em todos os momentos. Comigo foi doutro modo. Eu conto.

Comecei por me aperceber do trabalho, fosse mecânico, braçal, intelectual, comercial ou de qualquer outro tipo. Na minha televisão os actores eram reais. Se para eles fazia sol e calor, para mim também; o frio chegava ao mesmo tempo à rua e à minha janela, tal como a chuva e o vento. Estávamos todos de pé; eles, porque na rua, eu, porque no banquito que me dava tamanho para alcançar o parapeito.

A primeira experiência com a mão pesada da repressão foi vivida à minha janela. Caso curioso, sobre quem queria ganhar a vida fugindo aos impostos!

Realmente, mais ao fim da tarde que de manhã, lá vinham, quase todos os dias, do lado de Sapadores os polícias cívicos perseguir as vendedeiras as quais, não olhando a prejuízos, fugiam rua abaixo, deixando cair o que das cestas ou canastras estava mal seguro; por vezes, até um chinelo ficava para trás. De todos os «cívicos» um, à paisana, aterrorizava-as mais do que qualquer outro: o «nove dedos»! Era expressão que soava com a rapidez do relâmpago: - Vem aí o «nove dedos». Antes perder parte da mercadoria do que ir para a esquadra do «nove dedos»! Era uma repressão que me incomodava. Não compreendia como tão poucos podiam assustar tantos!

O mais brutal encontro com a repressão, com a violência gratuita, injustificada foi no fim de tarde de 8 de Maio de 1945 (a data soube-a mais tarde, como é evidente!).

Espontaneamente, vinda não sei de onde, começaram a descer a minha rua duas ou três dezenas de pessoas, talvez mais. À frente, um homem com uma bandeira de Portugal presa num pau. Pareceu-me grande a bandeira, muito grande. Lá em cima, na curva, junto às escadinhas, estava parada uma camioneta da PSP. Daquelas que não tinham portas, de bancos corridos como certos carros «eléctricos». De lá saltaram os «cívicos» de cassetete em punho e vá de dispersar, à pancada, todos quantos davam largas à satisfação de a Alemanha se ter rendido. Quem mais apanhou foi o homem da bandeira. Eu já sabia (fora o meu Avô quem me ensinara) que aquele pano verde e vermelho com umas coisas no meio era a bandeira de Portugal (os homens paravam, punham-se direitos, tiravam o chapéu quando a tropa passava com a bandeira à frente ou, quando ao pôr-do-sol, à porta dos quartéis, ela descia do mastro grande ao som de cornetas). A bandeira era Portugal; a República Portuguesa.

Nessa tarde de Maio, na insegurança dos meus quatro anos ainda há pouco completados, rebentava-me no peito a fúria da injustiça a que assistia da janela da casa que me viu nascer. Segurava-me a minha Mãe, não fosse baldar do banquito de onde via o mundo.

Como poderia a polícia bater em quem levantava tão alto a bandeira tão grande de Portugal? Ele, esse herói desconhecido da minha meninice, quanto mais era sovado mais erguia a mão onde segurava o símbolo que muitos respeitavam. Caiu no empedrado do passeio, junto à porta da oficina de metalomecânica, mesmo em frente da minha janela, quando, cercado de «cívicos», lhe batiam na cabeça, no tronco e lhe davam pontapés. Inconsciente, arrastaram-no para a camioneta sinistramente parada lá em cima na curva, junto às escadinhas. A bandeira, essa ficou no chão, espezinhada e rasgada.

Ainda hoje sinto a revolta daquele momento, a onda que me sufoca, a raiva que me dói. Afinal, a bandeira, a grande bandeira que um herói desconhecido levantava bem alto em sinal de alegria por se terem rendido os tiranos, continua rasgada, mais espezinhada, quase esfarrapada, caída no passeio em frente da minha janela, onde já não há oficina de metalomecânica, mas uma loja de ocasião num prédio «moderno», dos anos 50 do século passado. Uma só vez, depois do fim de tarde desse longínquo Maio, ela se ergueu, restaurada, remoçada, drapejando alegremente ao sol de uma nova aurora. Uma só vez! Faltava pouco para fazer vinte e nove anos que ali estava, aos olhos de todos sem que ninguém a visse... Foi na madrugada de 25 de Abril de 1974. Eu já era oficial. Fardava como os outros da minha infância, mas sonhava um Portugal onde jamais alguém batesse no Homem da bandeira! Um Portugal justo, alegre, feliz, sem miséria e com trabalho para todos.

Quem foi que de novo derrubou, no empedrado do passeio, em frente da minha janela, a bandeira, a grande bandeira de Portugal? Quem matou, nos matou a esperança daquela madrugada? De que curva das ruas da vida e do mundo saíram estes cívicos que destroçaram os nossos sonhos? Que nos estão arrastando exangues, quase inconscientes, para um qualquer calabouço?

Desliguem as televisões, silenciem os rádios, tirem as letras aos jornais, mas deixem-nos sonhar com a Liberdade. Deixem as crianças do meu país crescer na esperança desintoxicada de terem uma janela para verem o mundo ser feliz. Deixem...

Portela de Sacavém, 14 de Outubro de 2005

04.05.10

Já bateu no fundo?


Luís Alves de Fraga

 

O meu silêncio no «Fio de Prumo» deve-se, especialmente, ao espanto com que estou a olhar para a decadência geral da economia e, em especial, para a situação portuguesa.

Tenho-me perguntado:

— Quantos palmos faltam para batermos no fundo? Um? Dois? Será que ainda três?

De uma coisa estou certo: a unidade de medida é o palmo, e dos pequenos!

 

Ontem vi e ouvi o Dr. Medina Carreira no Jornal das 9, convidado pelo Mário Crespo. Mostrou três pequenos gráficos. Não podiam ser mais explícitos.

Em um deles via-se que a década em que tinha havido maior crescimento económico no país foi a de 1960/70 e a de menor a de 2000/10. O espaço entre elas decrescia sempre.

Num outro gráfico mostrou que na década de 1960/70 o número de pessoas dependentes de rendimentos do Estado era francamente menor do que os da década de 2000/10; talvez cerca de metade.

No último gráfico, mostrou que 70% do orçamento do Estado é absorvido pelo pagamento a funcionários dele dependentes.

Quer dizer, em cerca de 40 anos, a economia sofreu seríssimas reduções, tornando-se quase improdutiva e o Estado tornou-se no grande agente de empregos em Portugal. Isto corresponde a uma imagem que me assaltou o espírito. Ela aí vai: Portugal “socializou-se” enquanto se desnacionalizavam as empresas nacionalizadas na sequência de 11 de Março de 1975. Ora, com uma economia anémica, o “socialismo” só pode ser de miséria, de mais nada, porque, para haver socialização justa tem de haver um bom nível de produção económica. Venha Deus ou o Diabo explicarem-me o contrário, que eu não acredito! Nem eu nem ninguém que saiba um pouco de economia. Quando há miséria só se pode distribuir miséria.

 

Ah, e os rendimentos milionários da banca?! E os salários opíparos dos gestores?! E as pensões milionárias?!

Meus amigos, sejamos realistas. Os grandes cortes nos rendimentos milionários da banca, nos salários dos gestores muitíssimo bem pagos e nas pensões milionárias só servem para uma coisa: moralizar a administração financeira de Portugal!!! O que se vai buscar de excesso a cada um destes grupos, distribuído por todos os portugueses, não dá para cada um de nós comprar dez “cafés” no final do mês!!! É isso que resolve o problema? Desculpem, mas não é! Podem e devem tomar-se medidas moralizadoras, mas elas não resolvem o problema de fundo. E o problema de fundo é que Portugal tem gente a mais a “comer à conta do orçamento do Estado”!!! Esse é o problema!!!

 

Como é que “emagrece” o Estado? Acabando com serviços desnecessários, reduzindo o número de funcionários da Administração Central e Municipal, eliminando despesas desnecessárias, acabando com gastos supérfluos, reduzindo salários elevados. Numa palavra: fazendo o que se fez às Forças Armadas nestes últimos trinta e seis anos! É simples! Olhe-se para a receita e aplique-se… mas não mais a elas!!! Já chega!!! Para elas já chega!!! Agora chegou a vez de todos os outros, começando nos professores de todos os níveis de ensino, passando pelos médicos, pelos juízes, pelos bombeiros, pelos polícias, pelos militares da GNR, pelos assessores de todos os parasitas da Administração Central, Regional e Municipal, incluindo deputados, ministros, subsecretários de Estado, secretários de Estado, directores-gerais, administradores de empresas públicas, consultores e assessores, chefes de serviço, chefes de repartição, chefes de secção e tudo o que por aí fora vai de gente que se banqueteia com os dinheiros públicos. Chegou a vez deles, para se emagrecerem os orçamentos!

E é bom que os Portugueses, todos os Portugueses, da direita à esquerda, aceitem e tomem a iniciativa de denunciar esta bagunça para que sejam, ainda — note-se que digo, ainda — os Portugueses a remediá-la, porque pode vir um tempo — que está muito próximo, um palmo, dois ou três — em que nos seja imposta pelos poderes estrangeiros a obrigação de o fazermos sem contemplações, assim como quem manda carneiros para o matadouro…

 

Neste momento o “milagre” — coisa na qual eu não acredito — económico só se pode dar quando se emagrecer o orçamento e para o emagrecer têm de se tirar as tetas das bocas de muitos milhares de comilões ou racionar-lhes, muito bem, as quantidades de “leite” para mamar, porque o investimento que podia salvar a economia nacional foge de nós como o Diabo da cruz. E sem grande, mas muito grande, investimento não pode haver impostos que salvem este tipo de orçamento, porque o que vai acontecer é que os funcionários com baixos salários — que são os que existem em maior número — vão passar a pagar impostos para que o Estado possa pagar bastante menos aos funcionários que, tendo categorias mais elevadas — e que são em menor número — passem a auferir vencimentos menos chorudos. E isto torna-se numa espécie de “toma lá, dá cá” semelhante a uma “pescadinha de rabo na boca” ou, então, o que é pior, numa “Dona Branca” que vai à falência em três tempos.

 

Eu gostaria de poder escrever coisas diferentes destas, mas estaria a mentir e ficaria de mal com a minha consciência. Aliás, há alguns meses atrás, eu deixei aqui um apontamento intitulado «Capitalistas, precisa-se». Hoje penso que, para além de se precisar de capitalistas, precisa-se de muita coragem política para acabar com o actual estado de coisas ou, como dizia o saudoso Salgueiro Maia, acabar com o «estado a que isto chegou».

Claro que não serão de desprezar as medidas que tendam a estabelecer obras públicas — não megalómanas, tais como o TGV — mas isso só, não resolve, tal como não resolve a abertura de uma, duas, três, quatro fábricas de não sei o quê em Alguidares de Baixo. O que resolve é avançar decididamente para um orçamento base-zero, isto é, verificar-se uma por uma, a necessidade de todas as despesas do Estado e da Administração em todas as suas vertentes e, depois, anular as que não fazem falta.

Vamos ter desemprego, claro que vamos, mas iremos tê-lo, mais tarde ou mais cedo, mesmo que se não queira. Porquê? Porque se deu emprego em excesso e se pagou em excesso e principescamente quando, no tempo da negociação da adesão à CEE não se soube acautelar o futuro e se estimulou o consumo das famílias, levando-as até à máxima exaustão, o mesmo é dizer, ao máximo endividamento à custa da ideia de que o dinheiro era barato. O dinheiro é muito caro, porque a banca nacional o vai comprar no estrangeiro para o facilitar internamente. E não se julgue que estaríamos melhores se estivéssemos fora da União Europeia ou fora da zona euro!

Temos de nos convencer de que somos um país pobre ou um país à procura da sua vocação económica.

 

Temos a corda na garganta e a pena é que paguem muitos “justos” por alguns — poucos “pecadores”.