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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

18.02.10

Pormenores importantes


Luís Alves de Fraga

 

 
No espaço de menos de vinte e quatro horas recebi duas mensagens electrónicas que chamaram a minha particular atenção. Eu conto.
 
A primeira foi me dirigida pelo Presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS) que, muito amavelmente, me dava conta do comunicado nº. 2 do corrente ano, para, ao mesmo tempo, me mostrar o nível de preocupações daquela associação. Trata-se de um documento notável pela sua clareza, simplicidade e objectividade. Nele realçam-se as sucessivas injustiças do Governo, levadas a cabo através do Orçamento do Estado, contra os militares, praticadas em nome da crise económica em que vivemos. Realça-se que, mais uma vez, é a corporação castrense, já muito castigada, quem vai suportar, também, o custo de uma crise para a qual não contribuiu e com a qual nada beneficiou. É um documento que apela à união, à disponibilidade, à firmeza e à atenção «até que a Lei se cumpra». Os militares, e especialmente os sargentos, percebem o que se quer ali dizer! E percebem, porque já há mais de quatro anos os militares vêm sentindo na pele a dor das vergastadas com que o Governo do Partido Socialista os têm mimoseado. O comunicado n.º 2 da ANS é um grito de revolta magoada e uma chamada de atenção para quem de direito. Eu não podia ficar insensível.
 
A segunda mensagem foi-me endereçada por um Amigo e era uma daquelas que circulam na Internet para tomada de consciência da grande maioria dos privilegiados com acesso a um computador. Em síntese mostrava as disparidades entre as condições de vida dos deputados da Câmara dos Comuns, em Inglaterra, e as mordomias dos representantes populares portugueses. A ser verdade o que se diz, a diferença é abismal. Um deputado britânico recebe o vencimento de um qualquer chefe de secção da função pública, não tem gabinete próprio, não tem assessores, não tem subsídio de habitação, não lhe são pagas viagens que não resultem de actividades ligadas aos trabalhos da Câmara, enfim, é um servidor público!
 
Não pude deixar de estabelecer a comparação entre os dois documentos, pois ambos são brados de revolta, de justa revolta, porque mostram a injustiça de um Poder político que se defende, que se mantém alcandorado nas cadeiras para onde o voto popular os encaminhou e onde, agora, espezinham a torto e a direito sem olhar à mínima equidade. Desde que os senhores do Poder estejam bem, nada mais interessa!
 
Estamos, outra vez, no domínio da Ética, da Moral do Estado, da Deontologia que devia ser apanágio de quem diz representar e defender os interesses de todos e se limita a calcar aos pés as urnas com os votos de quem os elegeu e lhe proporcionou legitimidade para ocuparem os lugares onde se encontram. Só por isto, já estão a trilhar a senda da ilegitimidade!

 

06.02.10

As Forças Armadas e a Ética


Luís Alves de Fraga

 

 
Li ontem, atentamente, várias páginas do semanário Sol sobre as escutas telefónicas que envolvem figuras conhecidas dos meios políticos e de empresas que movimentam grandes somas de capitais. Cheguei ao final com uma verdadeira sensação de nojo. O nojo que se tem perante algo repugnante, porque, de facto, são repugnantes todas as jogadas que se fizeram para conseguir calar opiniões que pouco abonavam a favor do Governo.
 
Os velhos e eternos valores da verdade, da dignidade, da frontalidade, do serviço público, do sacrifício pessoal, do desinteresse, da coragem não fazem parte das mentes dos intervenientes daquele jogo sujo que o semanário em questão deixa exposto para todos lerem. Tudo neles é mesquinho, reles e insignificante. Fica posta a nu a incompetência e a imoralidade dessa gente. E trata-se de gente que já passou por cadeiras da grande sala do Poder. É gente que quis governar este país numa maior ou menor quota-parte, usando o seu quinhão de influência para, afinal, se governarem. A sua ideia de serviço não corresponde àquela que aos militares é incutida, é ensinada e é treinada no dia-a-dia da vida da unidade. E note o leitor o sentido ético que se atribui ao aquartelamento onde os militares vivem e se aprontam para o cumprimento das suas obrigações: unidade! Unidade, porque é isso que ali se inculca nos homens e mulheres: união que vai para além de todos os interesses pessoais, que vai para além dos egoísmos, união que se plasma no uniforme — outro indício que gera e explica a unidade, pois obriga a uma única forma, a uma única maneira de aparecer perante a sociedade civil.
Note o leitor o contraste entre o comportamento dos militares e o dos civis que se querem arvorar em gestores da sociedade nacional, que desejam ser uma classe política. Os primeiros optam por livremente seguir uma carreira de riscos, mal remunerada — porque, como dizia Mouzinho de Albuquerque, não há remuneração que pague a disposição para o sacrifício da própria vida — socialmente bastante incompreendida em tempo de paz, com uma progressão difícil e sujeita a avaliações constantes e, acima de tudo, exigente em treinos que garantam a eficiência máxima se e quando for necessário; os segundos, jogando com compadrios vários, à revelia de competência efectiva, sem terem de dar maiores provas do que as que passam pela obediência às vontades e jogos de uma clique partidária, propõem-se governar a Nação, ou seja, governar o que é o património material, moral, histórico e cultural de todos nós. Qual é a escola que estes frequentam? Quais os princípios éticos que devem cumprir? Perante que código deontológico respondem quando falham?
 
Caros leitores, a distância que separa os militares da canalhada política é imensa, abismal, infindável. Por isso, e cada vez mais, se deve, dentro dos quartéis, cultivar os parâmetros do comportamento castrense, ensinando-os tanto às praças como aos oficiais, exigindo de todos um rigoroso cumprimento das normas deontológicas que pautam a actividade dos militares, porque — e é importante que isto não seja esquecido — as Forças Armadas são o reservatório moral da Nação, pois, quando tudo estiver em ruína na sociedade civil, terá de restar intacto o valor ético das Forças Armadas e delas renascerá, sempre mais forte e mais digno, o vigor desta Pátria velha de séculos, desta Pátria que se não encolhe envergonhada perante o juízo da História que tem condenado e vai condenar os políticos que não souberam preservar e transmitir um património que as Forças Armadas lhes entregaram há mais de trinta anos para gerirem, servindo todos e, em especial, os mais desfavorecidos. Neste momento, as Forças Armadas têm de estar moralmente sãs e preparadas, e isso é incumbência indeclinável dos Chefes militares.
01.02.10

Pede inquérito e não só...


Luís Alves de Fraga

 

 
Recebi por mensagem electrónica o texto que em seguida transcrevo, da autoria do Coronel Piloto-Aviador José Morais da Silva.
O texto fala por si mesmo e diz o que é necessário dizer, resta que, quem de direito, sempre tão lesto em ler o «Fio de Prumo», seja também, desta vez, suficientemente célere para mandar inquirir e mandar proceder em conformidade com a gravidade dos factos. Gravidade que não se remedeia facilmente nem pode ser passada em branco assobiando para o lado.
 
Segue-se o texto justamente indignado de Morais da Silva:
«Estive hoje presente ao Funeral do Coronel Piloto-Aviador Carvalho Pires e notei que não houve nenhuma cerimónia de Honras Militares!
Estranhei e perguntei aos Oficiais presentes se teria havido alguma alteração às normas vigentes sobre Honras Militares desde que eu passei à situação de Reforma.
Perguntei também se não continuava a ser costume o CEMFA estar presente ou fazer-se representar.
Todos me confirmaram que não tinham conhecimento de qualquer alteração.
Algum Serviço do EMFA estaria ao corrente do funeral pois observei que uma funcionária da Agência Funerária cobriu a urna com a Bandeira Nacional e, concluída a cerimónia, a entregou aos familiares do falecido.
Soube também que os familiares tinham sido informados por alguém do EMFA que haveria honras Militares!
Nada disto aconteceu, os familiares ficaram muito magoados com a falta de consideração por parte da FAP e os Militares presentes ficaram bastante irritados com esta situação caricata e vergonhosa!
 
É tarde para corrigir este erro tão grave, mas sugere-se que o Chefe do Estado-Maior da Força Aérea abra um inquérito ao sucedido e, enquanto aguarda as investigações, escreva uma carta com pedido de desculpas aos familiares.
 
Para quem não saiba ou já não se lembra, o Coronel Piloto-Aviador Carvalho Pires foi um Oficial que muito honrou a Força Aérea pelo seu heroísmo nas suas comissões no Ultramar, pela sua honestidade e foi um exemplo para todos!
 
José A. Morais da Silva
Cor. Pil. Av. na Reforma»
 

À família enlutada, e por não ter tido conhecimento há mais tempo, apresento as minhas mais sentidas condolências.