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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

29.09.07

O País está Doido


Luís Alves de Fraga
 
Ouvindo melhor a entrevista de Pedro Santana Lopes e com a ajuda do vídeo que passo em baixo, concluo que o entrevistado disse algo muito importante: o País está doido.
Doido, porque, alienado pelos órgãos de comunicação social, prefere um treinador à opinião de um político — mau ou bom, não interessa.
 
Ricardo Costa traduz, com as suas palavras, somente aquilo que nos órgãos de comunicação social se pensa sobre a formação de opinião em Portugal: é mais importante a chegada do José Mourinho do que ouvir uma entrevista sobre o segundo partido político mais votado pelo eleitorado português.
 
Ricardo Costa até — em meu entender abusivamente — interpreta o pedido de Santana Lopes como sendo uma consequência da importância do futebol!
E terá sido? Santana Lopes só disse que estava ali com sacrifício pessoal, nada mais!
 
Não nos venha o Primeiro-Ministro “adormecer” com as célebres afirmações de que Portugal está a progredir economicamente… Seja capaz de fazer qualquer coisa pela mentalidade dos Portugueses. Mude a escola, eduque os pais e corrija os órgãos de comunicação social.
 
Fiquem em paz com as imagens (que não são muito boas, mas são as que consegui arranjar)
 
 
"
27.09.07

Um treinador, um país e uma atitude


Luís Alves de Fraga
 
Até nem gosto da pessoa do Dr. Pedro Santana Lopes; nunca gostei, contudo, não posso ficar indiferente à atitude que tomou perante as câmaras de televisão da SIC.
Para o bem e para o mal, Pedro Santana Lopes foi primeiro-ministro de Portugal e, como tal, é merecedor de maior cautela perante a opinião pública do que um qualquer — mesmo qualquer, por muito importante que seja, por muitos campeonatos ganhos e por muito dinheiro embolsado — treinador de futebol. Mourinho tem o seu lugar nos relvados onde se dão chutos numa bola, Pedro Santana Lopes, com incompetências governativas a vários níveis, foi primeiro-ministro e não pode ser ultrapassado na importância televisiva por aquele que vem de Inglaterra e, pelos vistos, faz parar um esclarecimento político importante.
 
José Mourinho não é uma “pessoa mais importante do que todos nós”, como disse Pedro Santana Lopes… Pelo menos, não é mais importante do que eu. Não lhe reconheço valor de espécie nenhuma, porque nem faz parte do universo das minhas preocupações pessoais, enquanto que, para o mal e para o bem, reconheço importância (pouca é certo mas reconheço) ao Dr. Pedro Santana Lopes.
 
Até nem gosto do PPD/PSD, mas gostei e louvei a atitude de Santana Lopes.
Fiquem com as imagens e com os esclarecimentos atabalhoados de uma locutora apanhada de surpresa pela atitude de alguém que sabe que não pode ser como foi.
 
03.09.07

Dignifiquem-se os capitães e os coronéis


Luís Alves de Fraga

Fonte: Revista da Armada

 
Foi ontem que o jornal Diário de Notícias publicou a entrevista que fez ao tenente-general Tomé Pinto, antigo comandante da GNR.
Não concordo com algumas das afirmações daquele oficial, acho que teve hesitações e precauções excessivas para quem, liberto das peias do serviço activo, pode expressar a sua linha de pensamento com ampla liberdade. Contudo, no meio das afirmações, faz uma que não posso deixar de louvar vivamente. Diz ele: devia-se (um se indefinido) dignificar os capitães e os coronéis; di-lo, em oposição à vontade que existe de se percorrer rapidamente as carreiras para atingir os postos superiores para ganhar mais dinheiro.
 
Há, de facto, hoje a inflação dos postos e dos cargos. Dou exemplos.
Há 50 anos, os directores do Colégio Militar e do Instituto dos Pupilos do Exército eram coronéis, hoje são majores-generais; há 40 anos, sem computadores e usando máquinas de calcular manuais, escriturando a contabilidade à mão, os conselhos administrativos das unidades militares tinham, como chefes de contabilidade, às vezes um alferes ou um tenente, agora, com o apoio de toda a tecnologia, têm vários oficiais de Administração; há 35 anos, havia sargentos pilotos na Força Aérea, actualmente só há oficiais do quadro permanente; há 40 anos entregava-se o comando de uma Companhia — um pouco mais de 120 homens — a um capitão que se lançava, em operações, no mato, por vezes, distantes da sede do comando do Batalhão muitas centenas de quilómetros e quase sem ligações rádio; agora, mandam-se 130 militares para uma missão fora do país e é comandada por um tenente-coronel. Eu próprio era alferes, com 26 anos de idade, e estive dezoito meses numa situação em que o meu chefe directo se encontrava a 1 200 Km de distância! E tinha chefia sobre mais de 50 pessoas e responsabilidade perante mais de duas centenas!
Claro que se quisesse dar exemplos mais antigos, diria que, em 1914, foram nomeados três capitães do Estado-Maior para negociar com o Estado-Maior do Exército Britânico a forma como se devia processar a entrada e colaboração das tropas portuguesas na Grande Guerra.
 
Chamei inflação de postos e cargos, porque, de facto e como se comprova, cada vez mais se dá menos responsabilidade às várias graduações militares. Assim, deste modo, a tendência é para fazer crescer o topo da pirâmide hierárquica e acelerar as promoções.
 
Dêem-se mais responsabilidades aos capitães — porque estão no meio da escala de comando e organicamente podem ter um desempenho de grande importância — e aos coronéis — porque, realmente, são o topo da estrutura de comando de umas Forças Armadas, já que oficial general deveria ser uma situação de excepção — e, como disse o tenente-general Tomé Pinto, muita coisa, pela certa, vai mudar.
 
Mas — há sempre um mas — para que se dignifiquem os capitães e os coronéis tem de se lhes reconhecer e dignificar a condição militar e a condição de comandantes e chefes. Têm de ser pagos com a dignidade das responsabilidades que se lhes exigem. Era por isso que há duas dezenas de anos um coronel ganhava quase o mesmo que um juiz de círculo!
As distorções resultantes da inflação da responsabilidade tiveram como consequência, também, a redução dos vencimentos dos vários postos. Assim, quando um major-general desempenha o cargo antes ocupado por um coronel, este têm de sofrer uma redução no seu soldo; quando um tenente-coronel fica responsável por um número de homens que antes eram comandados por um capitão, este tem de ser pago a um nível bastante inferior.
 
A culpa não é das actuais chefias militares, mas são elas que têm resolver esta complicada situação: mais dignidade para capitães e coronéis com mais e melhor vencimento, com mais amplo reconhecimento público e político e, acima de tudo, como muito menos, mas muito menos mesmo, generais, porque é a raridade que traz o valor!