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Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

Fio de Prumo

Aqui fala-se de militares, de Pátria, de Serviço Nacional, de abnegação e sacrifício. Fala-se, também, de política, porque o Homem é um ser político por ser social e superior. Fala-se de dignidade, de correcção, de Força, de Beleza e Sabedoria

27.08.06

Política internacional militar


Luís Alves de Fraga

 

O Governo de Portugal, no prosseguimento de uma política que já vem sendo seguida há uma dezena de anos, quer envolver-se militarmente no conflito do Médio Oriente, fazendo avançar uma força integrada na UNIFIL .

À primeira vista parece lógico que assim proceda, dada a posição de alinhamento com uma falsa política externa comum prosseguida pela UE: se o país é parte integrante da União, se dela colhe os benefícios, porque não contribuir com um contingente militar no momento em que todos parecem estar de acordo? Esta é, se calhar, a pergunta mais acutilante que se coloca para definir a «lógica» da diplomacia europeia e nacional.

Gostaria de ser breve na análise desta temática.

Comecemos pelo que o jornal Público de hoje veicula do semanário Expresso de ontem: «Segundo o semanário, o Executivo de José Sócrates pretende escolher a “solução mais simpática, mais barata e com menos riscos”.

Isto é, no mínimo, escandaloso, por ser a exposição pública da máxima hipocrisia! Um jornal deveria ter vergonha de publicitar tal afirmação, mesmo sendo ela verdadeira, pois, em pouquíssimas palavras, deixa escrito, para que o mundo veja, como Portugal é um país paupérrimo de decisores e de políticos. Mas, afinal, é esta a forma de os nossos governantes governarem. É a política do parece mal se não formos, mas como vamos damos a prenda mais foleira que há na loja, por ser a mais barata e a que não se parte pelo caminho. Tenhamos vergonha! Uma tal posição é própria do esquecido Gervásio Lobato (Lisboa em Camisa) que tão bem soube caracterizar o ridículo dos Portugueses tidos como burgueses comparáveis aos seus congéneres europeus.

Seguindo o caminho que se esboça no horizonte, Portugal dá uma extraordinária prova de ter esquecido a História recente do colonialismo, do qual foi o último a afastar-se, quando, orgulhosamente, afirmou ter derrubado a ditadura imposta pelo autodenominado Estado Novo. Vejamos porquê.

A partir da segunda metade do século XX, quando a Revolução Industrial estava no auge, houve um movimento, por parte das grandes potências europeias e industrializadas, de expansão colonial que se dirigiu para o Oriente, em especial para a China, e para a África tropical. Neste último caso, a hipocrisia assumiu o seu máximo expoente ao procurar disfarça a ganância da conquista sob a capa do humanismo cristão. Dizia-se, na época, que era necessário arrancar os pobres negros ao estado de barbárie em que viviam. O mesmo argumento não podia ser empregue em relação à milenar cultura oriental. Em ambos os casos os interesses dos países industriais e expansionistas uniram-se para obterem o seu quinhão na partilha que se estava a efectuar.

Agora, nos dias que correm, como já não se pode colonizar à maneira do século XX, então, a comunidade internacional industrializada encontrou uma outra forma de esconder a hipócrita ganância das grandes companhias produtoras que recolhem o apoio dos Governos: inventou as operações de paz e as operações de controle da democracia para fazer chegar às zonas de atrito — muitas vezes incentivado do exterior e pelos interesses económicos envolvidos — forças militares que vão impor uma nova ordem que, afinal, beneficia os impérios capitalistas acoitados sob a pele de cordeiro.

O Governo português, incapaz de conduzir com êxito o desenvolvimento económico do país, vai envolver-se militarmente na farsa que satisfaz interesses alheios. A troco de quê? De uma hipotética solidariedade com os Estados integrantes da União Europeia ou da OTAN.

Falta aos nossos políticos profundidade e cultura histórica. Se a tivessem saberiam escolher um caminho internacional muito mais condizente com os interesses do Povo português. Descobrir-se-iam novos meios de revitalizar uma excelente e saudável cooperação internacional que animaria a parca e insegura indústria portuguesa. Do modo como procedemos até agora, só nos tornamos ridículos aos olhos dos políticos das grandes potências que defendem os seus interesses e os das grandes empresas que os apoiam.

Será este o papel que o Povo português quer para a sua Pátria?